Receção ao Caloiro '21
Entrevista.com, 09.06.2022 às 14:50
“… não temos dúvidas que a passagem de um universitário por um grupo cultural é única e transformadora a nível pessoal, mas também a nível profissional”
A Tun'ao Minho - Tuna Académica Feminina da Universidade do Minho nasceu da ideia de meia dúzia de amigas com gosto pela música que se lembraram de formar uma nova Tuna Feminina na Universidade do Minho. A “paixão” pela música falou bem alto e o grupo foi criado a 17 de novembro de 2012, sendo o seu ponto alto anual, a concretização do Tunão - Festival de Tunas Femininas, que acontece no mês do seu aniversário.

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre esta Tuna, sobre a sua origem, sobre o seu trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

A Tun'ao Minho é composta por elementos de diversos cursos e áreas de trabalho que se unem todas por uma só paixão: a música.

O nosso traje possui pormenores alusivos ao folclore minhoto, como o Lenço dos Namorados que algumas Lavradeiras transportam nos seus trajes, e a Capotilha, usada apenas pelas tunantes, e inspirada numa peça exclusiva dos trajes típicos da região de Braga com o mesmo nome.  

Fundado em 2012, comemoram este ano, a 17 de novembro, 10 anos de vida. Como descrevem o vosso trajeto?

Após 10 anos de existência é impossível não recordar e agradecer a quem nos ajudou a alcançar aquilo que hoje somos, nomeadamente a ARCUM - Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho, a casa que nos deu a mão quando este projeto nasceu e nos acolhe todos os dias, mas também aos nossos padrinhos da Tuna Universitária do Minho, que nos ajudaram a entrar no mundo tunae e nos têm acompanhado ao longo destes anos.

Geração após geração, percebemos que temos tido um crescimento exponencial, desde a construção da nossa imagem diretamente ligada à tradição minhota, mas também com a criação do nosso tão querido Tunão - Festival de Tunas Femininas, que este ano avança para a sua 6ª edição. Este é um festival que não fica indiferente a quem por ele passa, tanto participantes como espectadores, e é para nós o ponto alto do ano, sendo que passamos meses a preparar e a desenvolver algo que queremos que seja sempre mais do que um simples festival de tunas, um verdadeiro encontro de gerações.  

Em que se destaca e diferencia a Tun'ao Minho dos outros grupos culturais?

Todos os grupos culturais têm a sua particularidade, mas acreditamos que desde o nosso surgimento, o público reconhece a Tun’ao Minho pelo ambiente e espírito proporcionado por
onde quer que passamos. A nossa tuna torna-se uma casa para aquelas que escolhem nela entrar e sentimos que é esse o nosso maior fator de destaque.

Gostamos também de pensar que somos ousadas nos arranjos e melodias, não tendo medo de arriscar no reportório apresentado e na forma como interagimos com o nosso público. 

Como caracterizam a vossa música e o que trouxeram e trazem de novo ao panorama musical e cultural da Universidade?

Um dos principais objetivos da Tun’ao Minho na sua criação era redescobrir a música popular portuguesa e apresentá-la com sonoridades novas e ousadas à população mais jovem.

E é sobre esta premissa que trabalhamos diariamente, apostando no arranjo ou na recriação de canções que marcam o panorama musical português em toda a sua história. Do nosso repertório, destacamos nomes como Zeca Afonso com o nosso medley "Estrela D'Alva" e Simone de Oliveira com "Sol de Inverno" e "Desfolhada".

No entanto, gostamos também de nos virar para outros estilos como o folclore, o samba e até sonoridades mais internacionais. Consideramos, portanto, que temos um repertório bastante versátil e facilmente nos adaptamos aos desafios que nos apresentam. 

Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente, e quem pode fazer parte dele?

Neste momento a tuna conta com 35 elementos ativos, sendo que no total somos cerca de 80 elementos.
O primeiro requisito que temos para a entrada na nossa tuna está escrito no próprio nome "Tuna Feminina" e o segundo é ser estudante da Universidade do Minho, pelo que basta apenas entrar em contacto connosco ou aparecer a um dos nossos ensaios para conhecer de perto aquilo que é fazer parte deste grupo.  

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Qual o vosso ponto alto do ano?

O nosso percurso tem sido realmente bonito e já contamos com um grande número de momentos que nos marcaram e nos fazem crescer enquanto grupo.

No entanto, destacamos a participação no nosso primeiro festival, o X FATFUBI na bela cidade da Covilhã, do qual tivemos o prazer de trazer para casa 3 prémios: Melhor Tuna, Melhor Solista e Prémio Azul. Com apenas um ano de existência, esta foi a prova que a vontade de levar a Tuna a palco, era maior que qualquer obstáculo, validando o nosso esforço e trabalho.

O Tunão é, e será sempre, o nosso ponto alto. Acreditamos que o seu surgimento e ocorrência anual tornou o percurso da nossa tuna ainda mais notório, dentro das atividades culturais que, não só a Universidade do Minho, mas também a cidade de Braga, tem para oferecer.

A última edição voltou a dar-nos um vislumbre de como era Braga antes da pandemia: mais de 300 participantes estiveram presentes no V Tunão - Festival de Tunas Femininas. Promovemos quatro dias de muita música e convívio, transferindo a noite de espetáculo do Conservatório Gulbenkian para o Grande Auditório do Altice Forum Braga, algo que nos enche de enorme orgulho e faz perceber a dimensão que este festival já tem no mundo tunae.  

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

Neste momento, e com a comemoração dos nossos 10 anos, temos bastantes objetivos que queremos alcançar até ao final do ano. Destacamos o nosso VI Tunão, cujos preparativos já começaram, e a nossa 1ª Digressão Tunae, que está prestes a arrancar e que esteve na nossa "lista de afazeres" nos últimos anos.  

A dinamização do grupo, torna-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

A todas as interessadas em fazer parte da Tun'ao Minho temos a dizer que estamos aqui para vos receber! Os ensaios são às segundas e quintas às 21h30 por baixo do Bar Académico de Braga, na ARCUM - Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho.

Acreditamos que fazer parte de um grupo cultural é uma mais valia no percurso académico e também uma forma de desenvolvermos ferramentas para o futuro em diversos contextos, para além de todas as oportunidades que surgem com a integração num grupo cultural, desde festivais por todo o país a momentos de convívio e tradição dentro da academia minhota. 

Qual é o maior sonho da Tun'ao Minho?

O nosso sonho será sempre ver a tuna crescer e continuar o legado que nos é deixado pelas fundadoras e gerações mais velhas o mais longe possível, mantendo sempre o espírito de animação e tradição que nos é tão característico.

Acreditamos que com esforço e dedicação todos os nossos sonhos se transformarão facilmente em realidade.  

Estes dois anos transatos foram particularmente difíceis para a cultura, mas a pandemia parece agora querer dar tréguas. Como viveram este período atípico? 

Somos muito de calor humano e, neste período, sentimos muito a falta do contacto entre nós, com os estudantes, dos nossos ensaios presenciais e dos sorrisos e palmas calorosas do nosso público. Foram, sem dúvida, tempos difíceis e de adaptação constante na dinâmica da tuna. No entanto, conseguimos proporcionar momentos recreativos entre nós, interagir com o nosso público através das redes sociais e aproveitar para trabalhar em novos projetos.  

Que iniciativas têm sido levadas a cabo pela Tun'ao Minho, no sentido de, nestes tempos complicados, continuarem a estar próximos dos vossos públicos?

Acreditamos que após dois anos de afastamento torna-se ainda mais imprescindível a nossa presença no seio académico. Afinal, há uma enorme lacuna na maioria dos estudantes ao nível da cultura e das tradições dentro da academia minhota.

Por isso, temos tentado participar em todas as iniciativas que surjam e para as quais somos convidadas, seja pela Universidade, Associação Académica, mas também de outros Grupos Culturais.
Além disso, permanecemos sempre ativas nas redes sociais e continuamos a apostar na organização de atividades como o Tunão, o Arraial & Rally Tas'ca Piela e o Tun'ao Day - Um dia com a Tun'ao Minho, iniciativas que nos permitem estar em contacto direto com o nosso público, mas também encontrar futuros elementos para fazerem parte deste projeto.  

Como veem o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?

Portugal é um país com uma forte presença em termos de grupos culturais universitários e a tendência é de crescimento!

Para além da nossa participação em eventos de contexto mais académico, os convites para fazermos parte das agendas culturais das diversas regiões do país são cada vez maiores, o que demonstra a vontade dos estudantes em contribuírem para o desenvolvimento sócio- cultural do país. Além disso, são vários os grupos culturais que participam em várias iniciativas nos quatro cantos do mundo, levando o nome da Universidade, da cidade e do país além-fronteiras.  

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

Fazer parte de um grupo cultural é uma mais valia no percurso académico e um magnífico veículo para viver e usufruir da vida de estudante da mui nobre cidade de Braga, através da participação em festivais e atuações por todo o país, mas também de momentos de convívio e tradições dentro da cidade e academia minhota.
Durante um ano letivo são inúmeras as vezes que os grupos estão em contacto com a vida universitária, na sua parte mais boémia, mas também em representação da academia, em festivais e atuações por todo o país. São, por isso, o grande motor cultural da UMinho e da cidade ao divulgarem as tradições académicas e a região minhota no país e no estrangeiro.

Neste sentido, não temos dúvidas que a passagem de um universitário por um grupo cultural é única e transformadora a nível pessoal, mas também a nível profissional.

Aprende-se a viver em associativismo, a lidar com diferentes personalidades, a trabalhar em equipa, a organizar eventos e a superar barreiras e dificuldades, muitas vezes pessoais. Além disso, permite visitar novos sítios, conhecer novas culturas, criar novas amizades e ganhar uma família para a vida.  

Uma mensagem à comunidade académica?

Desejamos a maior das sortes aqueles que partem para a sua próxima aventura, e um grande ‘até já’ para aqueles que ficam para mais um ano recheado de momentos e histórias. A Tun'ao Minho tem orgulho em fazer parte desta casa e estará sempre aqui para receber quem quiser fazer parte do seu pequeno cantinho, assim como oferecer cada vez mais atividades para enriquecer o percurso académico de todos os presentes.

Fonte: SASUM

 

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