Rui Vieira de Castro foi reeleito reitor da Universidade do Minho (UMinho), para o período 2021-2025. O professor catedrático do Instituto de Educação foi escolhido, em outubro passado, com 65% dos votos dos membros do Conselho Geral e tomou posse a 29 de novembro. O UMdicas esteve à conversa com o Professor, que deixou como principais desejos para os próximos quatro anos, ter uma Universidade mais aberta, transformadora, em convergência e uma universidade que reconhece o trabalho de todos.
Completou o seu primeiro mandato como Reitor da Universidade do Minho (UMinho) e foi reconduzido no cargo para um novo mandato. Como viu esta reeleição e o que esperar de Rui Vieira de Castro e da sua reitoria para os próximos quatro anos?
O processo eleitoral que conduziu à minha recondução como Reitor exprime bem aquilo que é a natureza democrática da instituição. Uma instituição onde, evidentemente, coexistem projetos distintos, projetos que se materializaram nas duas candidaturas apresentadas.
Do meu ponto de vista pessoal, o que posso dizer é que fiquei, evidentemente, satisfeito pelo acolhimento que teve a candidatura e o Programa de Ação que apresentei, o qual exprime, na essência, aquilo que se quer que a Universidade venha a ser. Esse projeto foi conhecido como sendo um projeto de qualidade, um projeto ganhador, e, portanto, não tenho senão de fazer duas coisas: agradecer a confiança que em mim foi depositada e, depois, dizer que darei o meu melhor na condução dos destinos da Universidade durante este período próximo de quatro anos.
A Universidade vem atravessando um período difícil, mas, apesar dessas dificuldades, a Universidade tem sido capaz de se afirmar, de afirmar o seu projeto, de fazê-lo nas várias dimensões em que atua. A mim, o que me cabe é ser capaz de conduzir a Universidade nesse caminho de contínua afirmação do seu projeto e de contínua afirmação da sua relevância. É com isso que estou, claramente, comprometido.
A UMinho acaba de completar 48 anos. Como descreve, resumidamente, a história desta Academia e como perspetiva o futuro da mesma?
Fazendo uma leitura muito sintética, o projeto que vimos interpretando é, claramente, um projeto de grande sucesso. Quando olhamos para as pessoas que a Universidade conseguiu qualificar ao longo destas décadas, quando olhamos para os contributos que a UMinho deu para o desenvolvimento do conhecimento científico sobre aquilo que são as nossas circunstâncias e sobre nós próprios, quando olhamos para aquilo que foi o impacto da Universidade na transformação social e económica da região e do país, não podemos deixar de, olhando por essas diferentes perspetivas, considerar que este é, de facto, um projeto que está a corresponder, e talvez até além daquilo que os seus criadores tiveram em mente. Apesar disso, é um projeto que tem de ser continuamente reinventado, porque as próprias circunstâncias em que a Universidade atua, vão também mudando.
Diria que nesse exercício de balanço, e num balanço que terá uma expressão muito particular nos 50 anos da Universidade, certamente que essa revisitação que vamos fazer nos vai deixar muito satisfeitos com aquilo conseguimos até hoje e nos vai dar também energia e responsabilidade para o futuro. A Universidade não pode perder de vista aquilo que são os seus objetivos essenciais: qualificar as pessoas ao mais alto nível; promover o desenvolvimento do conhecimento humano; interagir com sociedade, e por essa via, promover alterações no plano cultural, económico e social.
Quais foram os maiores desejos que formulou neste 48.º aniversário desta Academia?
O que fiz no 48.º aniversário da Universidade, o que tive ocasião de deixar, foram expectativas, desejos, vontades, enquanto Reitor, relativamente à instituição. No essencial, olhando para o futuro da instituição, gostaria que a Universidade fosse, cada vez mais, uma Universidade aberta. Aberta àquilo que a rodeia, às realidades que são as suas realidades, procurando intervir sobre essas mesmas realidades, contribuindo para que as nossas circunstâncias de vida, o modo como nos posicionamos, sejam, porventura, cada vez mais adequados. Uma Universidade transformadora, que não se limita a qualificar pessoas, que não se limita a construir conhecimento sobre o mundo, mas que é capaz de aproveitar esses dois eixos de missão essenciais para ter uma prática transformadora sobre a realidade, sobre a realidade das pessoas, da região e do país. Quando formulo estes dois desejos, estou a olhar muito para o exterior da Universidade e para o que resulta da sua ação.
Naturalmente que há desejos que perspetivam a Universidade enquanto ela própria, enquanto organização, e aqui, diria, que o meu desejo maior é que, independentemente da muito saudável existência de modos diferentes de entender a Universidade, de entender os seus objetivos, de entender o modo como eles podem ser eles concretizados, que haja convergência em matérias que são essenciais para a instituição. Uma convergência de vontades em nome da relevância da Universidade para a região e para o país, é também, evidentemente, uma aspiração minha, um desejo para o nosso futuro.
Finalmente, e ainda na lógica de consideração da Universidade enquanto instituição, desejaria e esperaria que reconhecêssemos todo o trabalho que todos fazemos em prol da instituição. Esta é uma comunidade já muito vasta com certa de 23 000 pessoas, é uma comunidade constituída por vários corpos, que tem, evidentemente, os seus objetivos que lhe são característicos, que correspondem também a realidades com alguma diversidade, mas o que eu esperaria é que todos compreendêssemos que todos são importantes, que todos são essenciais para a concretização do projeto da Universidade do Minho.
Diria, portanto, uma Universidade aberta, transformadora, uma Universidade em convergência, uma universidade que reconhece o trabalho de todos, seriam os desejos que eu formularia para os próximos anos, a partir, evidentemente, da análise daquilo que resulta da Universidade nestes seus 48 anos de existência.
Do Plano de Ação para o Quadriénio que apresentou em sede de Conselho Geral, resultou o Plano de Atividades para o ano de 2022. Quais as atividades e investimentos que, neste âmbito, destacaria?
O Programa de Ação apresentado ao Conselho Geral e depois o Plano de Ação aprovado é, a partir de agora, um instrumento de ação fundamental da atividade da Universidade e que se estrutura em várias agendas. Do conjunto de iniciativas que propus, procurando a sua agregação em torno de dimensões fundamentais da atividade da Universidade e seguindo a lógica das agendas, era capaz de destacar, no que diz respeito à Educação, aquilo que é projetado como transformação mais significativa, que é a assunção da formação não conferente de grau como área que a Universidade deve procurar explorar de uma forma mais decisiva do que tem vindo a fazer.
A Universidade tem, na atribuição de graus, uma função essencial. De alguma forma quando atribui um grau, acredita numa determinada pessoa, na existência de um conjunto de saberes, competências que a tornam apta para o desempenho de um determinado tipo de papéis na sociedade ou na economia. Os nossos cursos que conferem grau, ao nível da licenciatura, mestrado ou doutoramento, representam uma componente absolutamente essencial e não questionável daquilo que é a atividade da Universidade. Mas, cada vez mais, a nossa vida, a forma como a sociedade evolui, o modo como a economia se transforma, requer uma atualização permanente daquilo que são os nossos saberes e daquilo que são as nossas competências.
Assim, do meu ponto de vista, a Universidade não pode deixar de procurar, cada vez mais, de exercer um papel neste domínio. Esta intenção de ampliação, muito significativa do portefólio de cursos não conferentes de grau, é uma iniciativa que no âmbito da educação, entendo ser particularmente necessária, relevante e condição também para a afirmação e reconhecimento da pertinência do projeto da Universidade.
No domínio da Investigação, diria que temos aqui um objetivo essencial, que decorre também de um facto: o da transformação significativa que o corpo investigador da Universidade vem conhecendo. Tínhamos há cinco anos um investigador de carreira na Universidade, hoje temos cerca de 35 investigadores de carreira e cerca de 450 contratados, o que traduz uma alteração enormíssima no que diz respeito à configuração deste corpo. A consolidação deste corpo, a criação de relações contratuais mais estáveis é, evidentemente, uma preocupação essencial e deve constituir também um objetivo central para a própria Universidade, como o é, também, a garantia de que essa investigação se traduz em inovação. Isto envolve, naturalmente, as múltiplas parcerias com entidades públicas e privadas da economia, mas também do sistema social e cultural, e a consolidação deste sistema como garantia de que a Universidade tem verdadeiramente impacto em resultado da sua atividade, que é capaz de induzir inovação e de, por essa via, melhorar as condições de vida de todos.
Na interação com a sociedade, a atividade cultural que desenvolvemos e em articulação estreita com outras entidades, deve também conhecer um aprofundamento e uma intensidade ainda maior. Aqui, o objetivo principal é o de sermos capazes de consolidar a rede de relações que no plano cultural temos com muitos agentes que operam em toda a nossa região e no nosso país. A UMinho é um agente qualificado de promoção cultural, de preservação de bens culturais, entendemos que o podemos fazer melhor em interação com outros agentes. Essa é, de facto, uma aposta que queremos prosseguir. Sendo que esta aposta implica uma coisa que destaco, a articulação com as autarquias da nossa região, que têm sido e queremos que sejam cada vez mais, parceiros fundamentais neste caminho conjunto, orientado por objetivos comuns, o da promoção do desenvolvimento. O reforço desta relação pode ser feito a múltiplos níveis, traduzindo-se também na sediação da atividade da Universidade em diversos municípios, é algo que queremos prosseguir.
Mas a Universidade também deve olhar para si própria e, portanto, neste Plano de Ação há várias iniciativas que se prendem com a simplificação administrativa, com a qualidade de vida dentro da instituição, com a sustentabilidade financeira, e que são, evidentemente, objetivos que devem ser também prosseguidos.
Neste sentido, estamos a desenvolver um programa muito ambicioso relativamente a concursos de promoção dos nossos docentes, estamos envolvidos na preparação daquilo que queremos que seja uma prática regular de concursos de mobilidade intercarreiras e intercategorias para os nossos trabalhadores não docentes. Estamos, evidentemente, preocupados com as condições de trabalho dos nossos estudantes – e as iniciativas lançadas a propósito do alojamento estudantil exprimem essa grande preocupação -
,mas ela também é visível no conjunto de iniciativas que já estamos a lançar e que se prendem com o maior envolvimento dos estudantes nas tomadas de decisão relativamente a aspetos que são essenciais da vida da Universidade, nomeadamente no que diz respeito às questões da educação.
Outro dos objetivos está relacionado com a revisão dos estatutos da Universidade. A Universidade atingiu um grau de complexidade e as suas circunstâncias são tão desafiantes, que importa olhar de novo para aquilo que são os nossos estatutos e procurarmos formas mais adequadas de garantir uma concretização, também ela adequada aos objetivos e à missão da própria instituição.
A candidatura apresentada pela UMinho ao programa Impulsos, do Plano de Recuperarão e Resiliência (PRR), permitiu à Universidade obter um financiamento da ordem dos 13,5 M€ que vai servir, em parte, para a reconfiguração da oferta educativa. Em que áreas e para quando as formações de curta duração dirigidas a novos públicos?
Tivemos e estamos a ter uma oportunidade excelente para promover esta transformação da Universidade no plano da sua oferta educativa, com valorização dos cursos não conferentes de grau. Essa oportunidade é-nos dada pelo PRR e por dois programas lançados pelo Governo, designados impulso adultos e impulso jovens. Estes dois programas vieram, de facto, criar condições muito particulares para que a Universidade pudesse levar avante esta que era já a sua intenção anunciada. Conseguimos preparar uma candidatura que foi claramente vencedora e que envolveu 11 das nossas 12 unidades orgânicas. É um projeto que chamamos “UMinho Education Aliance”, uma aliança de pós-graduação da Universidade. Ao envolvermos 11 unidades orgânicas de ensino e investigação, naturalmente que estes programas de ensino vão ter configurações muito distintas, conforme a natureza das próprias unidades, devendo, no entanto, salientar que os oito programas, todos eles, são programas que envolvem, em algum momento, colaboração entre distintas unidades orgânicas. O que é importante, pois traduz, também, a compreensão de que os desafios que nos são colocados no plano de formação exigem respostas especializadas a partir de áreas de formação limitadas, mas podem também beneficiar de projetos de natureza interdisciplinar ou até transdisciplinar.
Este programa está organizado em oito grandes áreas, a que chamamos programas educacionais, e que têm a ver com gestão e inovação empresarial; arquitetura e ambiente construído; comunicação, cultura, sociedade e inclusão; engenharia e indústria transformadora; proteção social e integração; saúde e bem-estar; transição digital; sustentabilidade ambiental e gestão do território. Estes programas refletem várias áreas e vão criar mais de 110 cursos que serão oferecidos até 2026.
A nossa expectativa é que já em abril sejam lançados os primeiros cursos no âmbito da Aliança. Estes cursos visam responder a necessidades das pessoas, das organizações, das instituições e foram pensados conjuntamente com estas. Para o desenvolvimento da Aliança temos 74 entidades parceiras que vão desde autarquias a empresas, entidades do setor social, a agências do Estado. Assumimos que teríamos, necessariamente, de conhecer as expectativas destas entidades relativamente à oferta que iríamos desenvolver. Para melhor respondemos a esta vontade, aquilo que fizemos foi, de facto, envolver todas essas entidades, desde a própria conceção dos programas educacionais e dos cursos que os vão estruturar. Fizemo-lo aí e vamos fazê-lo no próprio desenvolvimento dos cursos. A ideia é termos profissionais destas várias entidades a colaborar connosco na concretização dos cursos. Se conseguimos fazer o que está proposto, penso que daremos um passo muito importante no sentido da transformação do perfil educacional da própria Universidade, procurando adequá-lo a transformações que são muito rápidas, e às vezes dificilmente previsíveis, e que requerem, portanto, um contínuo ajustamento da Universidade àquilo que é uma realidade que está em mutação muito acelerada.
O mundo e a UMinho viveram dois anos particularmente difíceis, mas a pandemia parece querer dar tréguas. Acredita que agora voltaremos, definitivamente, à normalidade?
Este foram dois anos extremamente difíceis que obrigaram a Universidade a reorganizar-se e a encontrar novas formas de concretização dos seus objetivos. Foram anos difíceis, mas também de aprendizagens. Aprendemos também como os modos tradicionais, mais comuns de organização da Universidade são relevantes. Aprendemos a importância da interação pessoal, tornámo-nos mais conscientes dessa importância. Estamos, por efeito do menor impacto que a pandemia vai tendo, a regressar a uma certa normalidade, mas é uma normalidade que nós, enquanto pessoas e enquanto instituição estamos mais ricos pela experiência difícil que tivemos. Uma experiência que nos permitiu confirmar coisas que já fazíamos, valorizar o já era feito, mas também consciencializarmo-nos de que há novas formas de agir, novas formas de atuar, que podem, com vantagem, ser incorporadas neste regresso à normalidade, que vai ser uma normalidade diferente. Há um facto que é indesmentível: a pandemia acelerou imenso os processos de transformação digital, com grande impacto no funcionamento da instituição universitária. Estou convencido de que desta transformação, vamos ser capazes de retirar o bom que ela nos pode trazer e também evitar os riscos que ela também pode trazer.
Apesar deste período complicado, a UMinho continuou a crescer em várias dimensões, e já ultrapassou os 20 000 estudantes inscritos em cursos conferentes de grau. A tendência é para continuar a crescer? Como, por onde e com que condições?
No Plano Estratégico da UMinho, que tinha no seu horizonte o ano de 2020, estabelecíamos como meta para a Universidade os 25 000 estudantes. A Universidade foi capaz de ao longo deste período anterior ir crescendo no número de estudantes. É verdade que pela primeira vez ultrapassamos os 20 000 estudantes em cursos conferentes de grau, o que é um resultado importante e exprime também a capacidade de resposta da Universidade àquilo que são as aspirações e desejos da nossa população. Estamos a ser capazes de responder à procura e até estimular a procura do ensino superior, e isso é muito bom.
Fazemo-lo através de uma oferta que é muito diversificada, temos hoje cerca de 230 cursos em funcionamento na Universidade, em praticamente todas as áreas do ensino superior. Procuramos criar as melhores condições de trabalho para os nossos estudantes, desenvolvendo um conjunto de iniciativas importantes de acompanhamento, monitorização dos percursos académicos e também transição para os mercados de trabalho, procuramos criar boas condições de trabalho ao nível das estruturas físicas, apoio a nível da ação social escolar e, portanto, vamos dando uma resposta que tem sido reconhecida como adequada, porque ela tem correspondido a um contínuo crescimento do nosso número de estudantes, evidentemente com uma ligeira inflexão, agora nestes anos recentes de pandemia.
Estamos apostados em continuar a responder, sobretudo ao nível da formação pós-graduada, mas também da formação graduada. É nossa expectativa, ainda em 2022, abrir duas novas licenciaturas, em Engenharia Aeroespacial e em Ciência de Dados, e queremos consolidar a nossa oferta ao nível dos cursos de mestrado.
Queremos, e esse é um dos dados mais relevantes, apostar decididamente na oferta de cursos não conferentes de grau. A nossa expectativa é que até 2025 ou 2026, conseguiremos atrair cerca de 3 000 novos estudantes para se juntarem à comunidade da UMinho, sendo que para muitos, será um regresso à Universidade. Esta ideia do regresso, para complementar formação, para aprofundar conhecimento, é um objetivo essencial para nós, e queremos, também por essa via, continuar a responder àquilo que são as aspirações.
A UMinho tinha, no final de 2021, cerca de 2 700 trabalhadores. Quando tanto se ouve falar na dificuldade de captar e reter talento e na perda de recursos humanos qualificados para o estrangeiro ou empresas privadas, como se pretende, na UMinho, contrariar esta tendência? De que mecanismos dispomos?
Sim, é verdade. Há hoje uma atração muito forte exercida sobre os nossos trabalhadores por entidades externas que lhes podem oferecer melhores condições financeiras. Há certos setores em que essa atração é especialmente visível e temos perdido trabalhadores muito qualificados, o que de alguma forma é uma descapacitação da própria instituição. É evidente que a Universidade não tem condições para, no plano estritamente salarial, em certas áreas, poder competir com aquilo que são ofertas externas, mas tem que encontrar formas de reter o talento que tem dentro de si. Evidentemente, face a esta impossibilidade de responder no plano estritamente salarial, temos que apostar, sobretudo, na qualidade de vida dentro da instituição. Temos que tornar a nossa Universidade amigável para as pessoas que nela trabalham, para as pessoas que nela investem o seu saber, a sua experiência, criando uma atmosfera que as leve a ponderar se os ganhos que podem retirar dessa sua reorientação profissional, não podem ser compensados pela qualidade de vida que podem encontrar dentro da instituição. Deste ponto de vista, vivemos tempos difíceis, momentos de alguma atribulação. O processo de integração dos trabalhadores com vínculos precários na Administração Públia foi um processo longo, turbulento, um processo que continua a ter ainda algumas dificuldades. Reconheço que esta turbulência não tem contribuído, em alguns lugares, para a manutenção de um ambiente de trabalho tão sereno e tão justo quanto gostaríamos que fosse, reconheço também que nem sempre tem sido possível corresponder a outro tipo de aspirações que as pessoas têm, mas a Universidade tem a situação que tem, tem os recursos financeiros que tem e tem que, evidentemente, ser gerida de modo a assegurar a sua sustentabilidade. Portanto, nem sempre é possível dar a resposta que as pessoas gostariam que fosse dada.
Outro elemento que tem que ser considerado é que não temos sido capazes de assegurar, em particular do corpo docente, a renovação geracional. Diria que há um conjunto de fatores que são perturbadores, olhando também para o caso dos investigadores: a instabilidade do seu vínculo contratual. Portanto, quando olhamos para estes nossos corpos, percebemos que há elementos de turbulência e tensão. Da minha parte há uma absoluta e total disponibilidade para procurar encontrar as melhores soluções em colaboração com os vários corpos da Universidade, evidentemente, com o reconhecimento daquilo que são as reais condições, também financeiras, da própria Universidade.
Diria que o modo como temos de lidar com essas tendências, é criar um ambiente de maior coesão, de maior solidariedade internas, de forma a que as pessoas reconheçam as mais-valias que podem ter, estando numa instituição como a UMinho.
A revisão dos Estatutos da UMinho é uma pretensão anunciada. Quais as razões / objetivos e quais serão os focos?
Esta revisão dos estatutos decorre, em primeira instância, da verificação de que as nossas unidades orgânicas são hoje, realidades muito complexas. Pelo largo número de projetos de ensino, investigação e interação com a sociedade que desenvolvem, pelos recursos humanos que têm associados, pelas responsabilidades que são inerentes à sua atividade, e, por outro lado, pela necessidade também de responderem de uma forma muito ágil àquilo que são transformações nos contextos em que desenvolvem a sua atividade. Esta complexidade de atuação da Universidade, nas suas múltiplas unidades orgânicas, requer mecanismos, do meu ponto de vista, que possibilitem maior autonomia de ação, maior autonomia de decisão. Esta circunstância não é facilmente respondida pelos atuais dos estatutos da Universidade e aquilo que eu tenho vindo a dizer, a este propósito, é que sendo esta uma intenção (revisão dos estatutos), o foco deve estar, sobretudo, na dimensão da autonomia das unidades orgânicas. A UMinho tem uma estrutura muito centralizada que a pode tornar menos ágil na resposta às transformações que vão tendo lugar nas suas circunstâncias e na consolidação interna das próprias unidades. Esta é uma ideia estruturante da revisão que vai ser proposta – reforço da autonomia das unidades orgânicas, sendo que este reforço, evidentemente, arrasta consigo também, um aumento da responsabilidade das próprias unidades orgânicas. Pretende-se que decidam sobre o seu próprio destino, nunca esquecendo que são unidades orgânicas da UMinho. É, portanto, um objetivo central e que vai ser estruturante de todo o processo de revisão estatutária. Naturalmente que, depois, muitas outras matérias poderão ser ponderadas.
Temos já mais de 10 anos de experiência dos atuais estatutos, que conheceram, entretanto, algumas modificações, não muito substantivas. Talvez seja tempo, é essa a minha convicção, para olhamos com alguma serenidade para esse documento, fundador da Universidade, que são os seus Estatutos. Será um momento para fazermos um balanço e introduzirmos as alterações que, consensualmente, entendermos necessárias.
Os Serviços de Ação Social atravessam um período delicado do ponto de vista financeiro resultante da perda de capacidade de captação de verbas próprias decorrente da crise sanitária em que vivemos desde o início do ano de 2020. Que cenários antevê para a recuperação da sustentabilidade financeira destes Serviços?
Os Serviços de Acção Social da Universidade do Minho (SASUM) têm cerca de 250 trabalhadores que são trabalhadores da Universidade. Estes Serviços sofreram um impacto fortíssimo da crise sanitária. Por razões que são compreensíveis, tivemos uma redução fortíssima da atividade, designadamente ao nível da alimentação, também da atividade desportiva, menos, apesar de tudo, do alojamento. A redução dessa atividade traduziu-se em prejuízos muito significativos para os SASUM que, convém recordá-lo, não são serviços deficitários. Historicamente, os SASUM tiveram desempenhos, do ponto de vista financeiro, positivos. Numa conjuntura que foi esta, muito precisa, os Serviços acumularam prejuízos que foram significativos. Agora, diria que o retomar da atividade da Universidade, em condições normais, fará também, naturalmente, os SASUM ultrapassarem esta situação em que se encontram. Temos já sinais dessa recuperação, portanto, estou otimista relativamente à possibilidade de, talvez ainda este ano, termos resultados positivos, porque isso decorre do que é nossa história anterior. Em condições normais, os SASUM prestam um serviço muito relevante à comunidade universitária e não são um encargo financeiro para a Universidade. Foram-no, de facto, nestes dois anos, julgo que o futuro nos vai demonstrar, uma vez mais, que os SASUM são uns Serviços sustentáveis.
Quero aqui destacar que esta foi uma situação difícil à qual os SASUM souberam responder de uma forma que eu quero, uma vez mais, sublinhar. Foi dado apoio aos estudantes que ficaram confinados nas residências, a resposta que fomos capazes de dar ao esforço feito por muitos dos nossos investigadores, que foram apoiados diretamente pelo SASUM com alimentação. Em relação ao desporto, foi possível encontrar novas formas de levar a prática desportiva às pessoas. Portanto, os SASUM foram muito capazes de fazer este ajustamento àquilo que eram condições novas e muito inesperadas.
Os Serviços continuaram a ser de uma enorme utilidade para a Comunidade Académica.
Tem-se ouvido falar, com mais insistência recentemente, da integração dos SASUM na UMinho. Essa é uma possibilidade?
Os nossos Estatutos são claros relativamente à autonomia administrativa e financeira dos SASUM. Essa integração de que, de vez em quando, oiço falar, não é compatível com estes enunciados que referi. Não significa isto, que não possa haver vantagens de uma maior articulação entre serviços da UMinho e serviços dos SASUM. Por exemplo, percebemos que há vantagens que podem decorrer de uma contratação comum, por exemplo, dos serviços de contratação de energia. Julgo que o desafio que se coloca é o de, preservando a autonomia dos SASUM, encontrar soluções que permitam que no conjunto, a UMinho possa, através de sinergias, encontrar soluções que sejam mais vantajosas do ponto de vista financeiro para a Universidade. Esse é o desafio principal.
A UMinho confirmou a sua vontade de continuar como fundação pública com regime de direito privado. Este é um quadro definitivo ou poderá a vir novamente a ser avaliado? Entende que a UMinho conseguiu a autonomia alargada que se pretendia com a passagem a Fundação?
A Universidade tomou essa decisão de confirmar a sua opção pelo modelo fundacional. É uma decisão que está tomada, mas que pode, no futuro, em algum momento, querer que este dossier seja revisitado, mas ao que não está obrigada.
Sempre defendi que a Universidade poderia ter vantagens nesta opção, claro que são vantagens limitadas, face àquilo que era a expectativa inicialmente criada em torno do modelo fundacional. Mas, o meu ponto de vista é muito claro em relação a esta matéria, tudo aquilo que possa contribuir para reforço da autonomia da Universidade, terá o meu apoio. Entendo que o reforço desta autonomia é essencial para que as universidades possam cumprir, plenamente, com a sua missão. Reconheço que muitas das vantagens que eram associadas ao modelo de fundacional não foram passíveis de concretização, mas, apesar de tudo, quando olhamos para questões como contratação de pessoas e a gestão de pessoas, a possibilidade de criação de carreiras próprias, quando consideramos as margens de maior autonomia que passamos a dispor para a gestão do nosso património, são vantagens. São escassas? Provavelmente são. Ambicionamos mais? Certamente que sim. A verdade é que se temos este instrumento ao nosso dispor, então, sejamos capazes de o aproveitar para, fundamentalmente, reforçar o projeto da Universidade.
A questão do Alojamento universitário continua, mais que nunca, na ordem do dia. A expectativa, recentemente confirmada, de podermos vir a ter os edifícios da escola Santa Luzia, em Guimarães e da Fábrica Confiança, em Braga, reabilitados para servirem os estudantes da UMinho, resolverá os problemas de alojamento destes estudantes?
Submetemos, no passado dia 25 de fevereiro, ao PRR, a candidatura do edifício da Escola Santa Luzia, em Guimarães, como residência universitária, com cerca de 150 camas. No dia 28 de fevereiro, a Câmara Municipal de Braga, promotora do projeto do edifício da Fábrica Confiança, submeteu também o projeto a ser apoiado no âmbito do PRR para alojamento estudantil. A Câmara Municipal fez isto com o apoio e o envolvimento fortíssimo da Universidade, que será depois a beneficiária final e a gestora daquele espaço. Estamos a falar, neste caso, de 750 camas. Se estes dois projetos forem de interesse, se estas manifestações forem reconhecidas como válidas e tivermos o financiamento necessário para avançarmos com a construção destes dois edifícios, em larga medida, os nossos problemas com alojamento ficarão resolvidos, não todos, evidentemente. Sobretudo, porque há outro tipo de necessidades, para investigadores, pessoal docente visitante, para os quais seria interessante que a Universidade pudesse dispor também de mecanismos de acolhimento próprios. Agora, significará isto passar das 1 400 camas atuais para as 2 300 camas.
Este ano temos cerca de 6 000 estudantes bolseiros e uma percentagem muito significativa são estudantes deslocados. O número de camas que passaremos a oferecer será ainda insuficiente, mas teremos dado um enorme salto na nossa capacidade de resposta àquilo que são necessidades dos estudantes. Estou otimista relativamente ao modo como foi possível levar até ao fim processos que tiveram no seu caminho muita turbulência, e espero que possamos também, dentro de prazos que são muito apertados, proceder à construção dos edifícios que vão, efetivamente, beneficiar a comunidade estudantil, a Universidade, mas também as cidades. Estamos a falar da recuperação de dois edifícios emblemáticos, localizados em zonas muito sensíveis das duas cidades. Também por aí, estes serão projetos importantes não só para a Universidade, mas para as cidades e para a região.
O arranque da construção da nova sede da Associação Académica (AAUM) será uma realidade em 2022? O que nos pode dizer neste âmbito?
Espero bem que sim, temos condições para o fazer. As decisões principais estão tomadas, quer por parte da Associação Académica, quer por parte da Universidade. Tem havido reuniões entre responsáveis da Universidade e responsáveis da Associação Académica, e, portanto, estou muito confiante que algures em 2022, teremos o lançamento da obra.
Foi recentemente, no final do ano transato, eleita a primeira Comissão de Trabalhadores (CT) da UMinho. O que espera desta nova realidade e qual a mais-valia que da sua existência lhe parece que advirá para a Academia?
As comissões de trabalhadores são reveladas por uma legislação própria, são uma forma de organização dos trabalhadores, aqui não diferenciados por corpos, mas por todas as pessoas com uma relação contratual com a Universidade. Sempre disse que apoiaria e apoiamos as iniciativas tendentes à constituição da CT que vai agora dar início às suas atividades. Será um parceiro, em que, também por lei, a Universidade tem que contar. Há um conjunto de matérias que vão carecer de parecer prévio da CT, questões relativas à regulamentação interna da própria instituição, horários de trabalho, mapas de férias, critérios relacionados com a classificação profissional, progressão e promoções dos trabalhadores. São matérias sobre as quais, naturalmente, os trabalhadores serão ouvidos através da sua Comissão. O meu ponto de vista, nestas matérias, é que quanto mais tivermos os nossos diferentes corpos organizados, estruturados, capazes de veicular a sua voz, tanto melhor. A minha expectativa é que o façam sempre em convergência com aquilo que são os objetivos maiores da Universidade, e no respeito por aquilo que é a sua missão e aquilo que são os seus objetivos. Espero, muito francamente, ter uma relação saudável e franca com a CT, e estou certo que vai acontecer.
As críticas aos bloqueios à execução e captação de verbas no ensino superior e à investigação têm-se feito ouvir em várias ocasiões na UMinho. O que tema dizer sobre o atual modelo de financiamento das universidades? O que critica e que eventuais soluções alternativas se equacionam ou que se lhe afiguram?
Relativamente ao financiamento das universidades, temos uma situação estranha! Há uma legislação aprovada, há uma fórmula de financiamento que está em vigor, mas que não tem sido adequadamente respeitada. Essa não aplicação, regular, da fórmula de financiamento, na sua plenitude, tem-se traduzido no subfinanciamento de algumas instituições, e entre elas, a UMinho, que tem sofrido imenso por causa desse subfinanciamento.
O Orçamento do Estado que foi reprovado em 2021 para 2022, e que o governo em funções tinha apresentado, pela primeira vez, nos últimos 12 anos, reconhecia a necessidade de se fazer uma efetiva aplicação da fórmula de financiamento. Reconhecia essa necessidade e fazia-o, mas de uma forma absolutamente marginal, com muito pouca vantagem para a Universidade. Sem que, do modo como foi entendida a aplicação da fórmula, resultasse ou fosse atendido aquilo que foi o crescimento que a instituição teve. Mas, havia ali uma nota importante, que era esse reconhecimento, de que se devia aplicar a fórmula e que havia universidades que estavam a ser penalizadas na aplicação dessa fórmula. Fundamentalmente, aquilo que reivindicamos é isso, que a fórmula seja aplicada. Não estamos contra a revisão dessa fórmula, se essa revisão vier a acontecer, espero que sejam introduzidos critérios de qualidade para a definição da comparticipação do Estado no orçamento das universidades. Sei que isso dificilmente se fará se não houver um reforço do orçamento para as instituições de ensino superior. Mas, aí, a pergunta que se deve colocar aos responsáveis políticos é: o que é que querem das universidades? As atuais condições não são boas condições, vivemos em contínua pressão, financeira e orçamental, que depois ainda é agravada pelo facto das entidades que nos financiam, designadamente investigação, sistematicamente terem atrasos injustificáveis nos reembolsos devidos à instituição.
Como entende estar a funcionar o Consórcio UNorte.pt? Que vantagens têm sido retiradas da articulação entre as três universidades?
Há poucas semanas houve, na Universidade do Porto, uma reunião que envolveu as três escolas/departamentos que nas três universidades operam na área da psicologia. Houve uma convenção que reuniu todas as estruturas orgânicas das três universidades e que o fizeram, verificando formas de colaboração em que já estavam envolvidos e depois equacionando novas formas, entre as quais está a colaboração mais estreita no domínio da investigação e envolvimento em iniciativas de educação, também conjuntas. Portanto, quando olhamos para este evento recente, percebemos o enorme potencial que a UNorte pode ter. E, quando digo, quando acentuo a questão do potencial, é porque acho que esse potencial não tem sido completamente explorado até agora. Temos na área da investigação, na área da ação social, projetos comuns que partilhamos e que têm sido muito úteis para todos, temos conseguido constituir uma voz única de interação com a CCDR-Norte, que é particularmente importante também, mas há ainda muito caminho a fazer, sobretudo ao nível da oferta educativa, de uma articulação e rentabilização conjunta dos nossos recursos humanos. É um caminho a fazer, não tenho qualquer dúvida sobre a importância que a UNorte pode ter, mas é ainda um projeto com dificuldades. As universidades do Norte são universidades que colaboram muito entre si, mas também são universidades que têm áreas nas quais são competidoras, há aqui um equilíbrio que é necessário garantir entre as vantagens que decorrem da colaboração e a não limitação daquilo que é o espaço próprio de afirmação de cada instituição. Mas é, claramente, um projeto com futuro.
Correm rumores que o novo Governo resultante do recente ato eleitoral irá unificar Educação e o Ensino Superior num único ministério. O que tem a dizer sobre um cenário desta natureza?
Tem sido muito falada essa possibilidade, têm sido também feitas muitas afirmações públicas nessa matéria. Pelo lado das universidades e pelo lado do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), aquilo que procuramos em reuniões com responsáveis políticos ao mais alto nível foi fazer notar aquilo que é o setor. Quais são os grandes problemas que o setor tem, o ensino superior, a investigação, quais são os grandes problemas com que nos debatemos, apresentando também soluções para esses problemas, esperando que o desenho do Governo que o Senhor Primeiro-Ministro vier a adotar seja sensível ao reconhecimento desta realidade e à busca das soluções que nós entendemos que são as soluções necessárias. Mas, como é evidente, não cabe aos reitores, não cabe ao Conselho de Reitores, estar a dizer qual é que deve ser a orgânica do governo. Exprimimos os nossos pontos de vista, identificamos aquilo que são bloqueios, aquilo que são problemas, sinalizamos caminhos de solução, cabe depois a quem tem a responsabilidade de o que fazer, no caso, será o atual Primeiro-Ministro, encontrar as formas que julgar mais adequadas à ultrapassagem destes problemas com que nos debatemos. Em qualquer caso, penso que o setor beneficiará da existência de uma voz própria no Conselho de Ministros.
A Universidade, através dos SASUM e em cooperação com a AAUM organizará, entre 18 e 24 de julho, o Campeonato Mundial Universitário de Futsal 2022. Quais as perspetivas para este evento?
Acho que foi uma excelente notícia por aquilo que ela significa de reconhecimento, de capacidade organizativa dos nossos Serviços de Acção Social, de reconhecimento, também, do papel que a própria Associação Académica vem tendo nesta matéria. Temos já um portefólio muito expressivo de grandes organizações desportivas internacionais de grande dimensão, e este é, claramente, um deles também pelo elevado número de pessoas que vai envolver. Essa atribuição deve-nos encher de orgulho, mas coloca também sobre nós uma grande responsabilidade. Mais do que uma vez demos provas da nossa capacidade técnica, organizativa, e por isso, estou convencido que será um grande sucesso para a Universidade e para estas entidades.
Como habitualmente e para finalizar, que mensagem gostaria de deixar à Academia?
Gostava que esta minha mensagem relevasse três ou quatro aspetos que me parecem principais como condição para que Universidade do Minho seja, cada vez mais, uma grande Universidade.
A primeira palavra tem de ser de confiança. Confiança na própria Universidade, naquilo que é sua qualidade, e que resulta da qualidade das pessoas que a compõe. Temos excelentes professores, excelentes investigadores, excelentes trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão, conseguimos atrair excelentes estudantes, e, portanto, preenchemos essa condição fundamental para sermos um projeto de sucesso, ter pessoas de grande qualidade e termos confiança na qualidade daquilo que somos.
É bom termos presente que a UMinho é hoje, uma instituição de enorme relevância regional e nacional, é uma força transformadora da nossa região, do nosso país, da nossa sociedade e da nossa economia. Confiem na relevância da Universidade, contribuam permanentemente para a relevância da nossa Instituição.
Depois, gostaria que fossemos ambiciosos, que tivéssemos a ambição de ter uma instituição capaz de, em permanência, contribuir para que as nossas vidas, as vidas dos nossos concidadãos, as vidas das gerações futuras, sejam melhores do que aquelas que são hoje as nossas.
Vivemos tempos difíceis, mas temos que atribuir uma ambição à Universidade, que é a de dar contributos decisivos para a transformação daquilo que são as condições que temos. Para que isto seja materializável, para que esta ambição seja concretizável, para sermos uma instituição relevante, transformadora, é importante que atuemos de uma forma coesa, o que não significa pensarmos todos da mesma maneira. A Universidade é um lugar no qual a tensão e a contradição são absolutamente essenciais, como o é a garantia da sua permanência e a garantia do seu futuro. Mas, que sejamos capazes de convergir em torno dos objetivos essenciais da instituição. E, para isto, há uma coisa que é fundamental, é a de que sejamos participantes ativos a todos os níveis na vida da Universidade. Este apelo à participação de todos, em todos os lugares a que as pessoas são convocadas, é algo que também gostaria de deixar nestas palavras finais.
Fonte: SASUM