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Entrevista.com, 07.10.2021 às 09:16
“Neste momento, o nosso maior sonho (...) é voltarmos a subir a palco em contexto de festival de tunas.”
A Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho comemorou no passado mês de março, 27 anos de existência. Os organizadores do emblemático “Cidade Berço” planeiam já a 16º edição do festival. Feita de uma vontade enorme de marcar todos aqueles que se cruzam no seu caminho, com a sua música e espírito boémio, o grupo de amigos tem como grande objetivo em comum, elevar cada vez mais o nome e o reconhecimento da Afonsina, tanto no meio académico como fora dele.

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo, na pessoa do seu Magister, Igor Fernandes, para saber mais sobre esta Tuna, sobre a sua origem, sobre o seu trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro. 

2- Comemoraram este ano, 27 anos de existência. Como descrevem o vosso trajeto?

Em 1994, no emblemático Café Óscar em Guimarães, um grupo de 24 jovens estudantes da Universidade do Minho, decidiu dar início a esta aventura, a Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho. Olhando para trás, é possível dizer que ao longo destes 27 anos de existência, o nosso trajeto foi marcado por muitas conquistas e alguns insucessos, mas todos eles ultrapassados com a força de vontade que caracterizam um Afonsino. Prova disso, é que em todas as edições do Cidade Berço, os nossos Fundadores, carinhosamente apelidados de “velhinhos”, aparecem e conseguimos ver nos olhos deles o orgulho que têm naquilo que hoje é a Afonsina, por isso, e, apesar de algumas pedras no caminho, o sentimento de dever cumprido está presente.

3- Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente?

Atualmente contamos com 25 gerações de Afonsinos, que contas feitas dá um total de 133 Tunos nas fileiras da Afonsina, alguns deles já aposentados do serviço, mas todos marcaram este grupo com a sua presença. Para além dos Afonsinos ainda podemos somar cerca de 20 Peões e Pioneses, os nossos tão estimados caloiros.

4- Em que se destaca e diferencia a Afonsina dos outros grupos culturais?

Como tuna, e tendo o movimento tuneril em Portugal uma expressão bastante significativa, o que nos une às restantes tunas é a vontade de subir a palco em ambiente de festival e conseguirmos provocar emoções no público através da nossa música, a forma como o fazemos e o reportório que apresentamos, isso sim, é o que nos caracteriza através da ousadia dos arranjos e melodias.  

5- Como caracterizam a vossa música e o que trazem de novo ao panorama musical e cultural da Universidade?

Gostamos de pensar que em termos musicais somos ousados, não temos medo de arriscar no reportório que apresentamos em festivais de tunas, tanto na escolha das músicas, bem como nas partes cénicas que representamos de forma a complementar o espetáculo. Não somos musicalmente tradicionais, mas respeitamos a tradição, simplesmente gostamos de seguir por um caminho diferente, e, prova disso, é o nosso mais recente instrumental “Ars Moriendi” de Mr. Bungle. 

6- O grupo continua a ser atrativo? Como é feita a sua dinamização?

A cada ano que passa, a Afonsina continua a ser cada vez mais atrativa. A dinamização é feita com a entrada de novos elementos e o renovar de gerações onde no passado fica o registo de uma história grandiosa e no futuro permanece a vontade de manter o espírito que caracteriza o nosso grupo, sempre com a visão de fazer ainda mais história. 

7- No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam?

Apesar de um festival de tunas se conseguir resumir a três horas de espetáculo para o público que vai assistir, para nós, um festival é muito mais do que isso. São horas de ensaio nas semanas anteriores, é um fim de semana longe da família, mas perto dos amigos, são inúmeras histórias que ficam para a vida inteira, por isso é fácil de destacar todos os festivais em que participamos como os melhores momentos da Afonsina. 

8- Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

Neste momento podemos dizer que temos dois grandes projetos em curso. A curto prazo, e, o projeto mais importante que temos em mãos, é trazer de volta o “Cidade Berço” aos palcos de Guimarães já no início do próximo ano. Com muita pena nossa não nos foi possível organizar o Cidade Berço este ano, mas já estamos em fase de planeamento para trazer a esta bela cidade a 16.ª edição do festival. A médio prazo, estamos a preparar o lançamento do nosso segundo CD que irá trazer bastantes surpresas, com uma escolha de músicas muito característica da Afonsina e com data de lançamento planeada para 2022. 

9- Qual é maior sonho da Afonsina?

Agora, o nosso maior sonho, e por consequência dos últimos tempos, é voltarmos a subir a palco em contexto de festival de tunas. Se tudo correr bem, ainda este ano vai ser possível cumprir esse sonho, mas a realidade é que apesar de o mundo estar a caminhar para um novo normal, é impossível prever se este desejo será cumprido devido à incerteza associada ao retomar destas atividades. 

10- 2020 foi um ano difícil e 2021 continua a ser. Além disso, este ano não foi possível subir a palco no "Cidade Berço". Como estão a viver este período atípico? Do que mais sentem saudades?

Há alguns meses, a resposta a essa pergunta seria podermos estar todos juntos sempre com o nosso mote de “Bebedeiras, Serenatas e Folia!”, mas como aos poucos temos conseguido voltar ao “normal” diríamos que as verdadeiras saudades estão agora em entrarmos para um autocarro, à sexta-feira ao fim do dia, de traje vestido, mochila às costas e partirmos rumo a um festival de tunas para continuarmos a escrever a história da Afonsina. 

11- Que iniciativas têm sido levadas a cabo pela Afonsina, no sentido de, nestes tempos que vos impedem de estar próximos dos vossos públicos, conseguirem “dizer” que estão cá?

Durante estes tempos foi um pouco difícil dizermos que estamos cá. Longe uns dos outros, sem público e impedidos de fazer aquilo que mais gostamos, tentamos dar a volta por cima através da nossa presença no mundo digital recorrendo ao Facebook, Instagram e YouTube. No decorrer desta pandemia aproveitamos para lançar duas músicas “em casa”, onda cada elemento da Afonsina gravou a sua voz/instrumento durante o período de confinamento. Agora, o foco é voltarmos aos ensaios, algo que já é uma realidade, e preparar os próximos eventos e atuações. 

12- Como vêm o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?
A nível internacional não temos uma visão muito clara do panorama das tunas, mas em Portugal, o movimento tuneril tem uma expressão bastante significativa. Sem conseguirmos precisar um número exato de tunas ativas, mas ultrapassando de certeza a casa da centena, é fácil de perceber que este mundo do qual fazemos parte conta com muita atividade, inúmeros festivais, atuações, ensaios semanais e convívios. 

13- Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?
Na nossa opinião, o papel dos grupos culturais na Universidade e na vida de um universitário é muito importante. Enquanto tuna da Universidade do Minho, é com muito orgulho que levamos o nome da Universidade que representamos aos quatro cantos de Portugal e até mesmo fora dele. Na vida de um universitário, podemos afirmar que a experiência de fazer parte de um grupo cultural é algo que nos enriquece e ajuda a ganhar uma certa bagagem para o futuro, isto porque uma tuna não é apenas música e cerveja, temos que lidar com instituições, realizar atividades, tratar da saúde financeira do grupo, gerir pessoas, e, tudo isto são valências que enquanto universitário, nos fazem crescer. 

14- Uma mensagem à comunidade académica?

A mensagem é simples: Ensaios, terças e quintas, às 21h30, no 1º piso do Bar Académico de Guimarães. Fazer parte de uma tuna é sem dúvida nenhuma a melhor decisão que podem tomar nas vossas vidas enquanto universitários.

Fonte: SASUM 

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