Nilson (1)
Entrevista.com, 13.11.2018 às 17:13
"No desporto sou muito ambicioso, tento trazer isto para o meu quotidiano, não no sentido material, mas no de aprender coisas novas diariamente."
Nilson Miguel é um jovem lisboeta de 26 anos a viver em Braga há 4. Atual­mente a jogar no Braga/AAUM, o atleta já soma na sua carreira o título de Campeão Europeu pela seleção A e um título de Vice-Campeão Europeu Universitário pela Universidade do Minho. A par do futsal, Nilson trabalha nos Serviços de Acção Social (SASUM), afirmando que “sempre soube que tinha de estar preparado para o pós-futsal”.

Como foi o teu trajeto desportivo até che­gares ao SC Braga/AAUM?

Comecei a jogar aos 12 anos, no clube da minha área de residência - Grupo Socio Cultural Novos Talentos. Aos 16 anos fui para o Sporting Clube de Portugal, onde fiquei até acabar a formação. No primeiro ano de sénior fui para AM Portela, onde fiquei dois anos e meio. Em janeiro de 2014 tive o convite para vir para o Braga/ AAUM.

Chegaste ao SC Braga/AAUM numa altura em que o clube se afirmava no panorama desportivo nacional de futsal da divisão principal. Como foi a adaptação?

Apesar da grande responsabilidade que é jogar no SC Braga/AAUM, a minha ad­aptação foi fácil. Fui recebido muito bem. Felizmente sempre houve um excelente ambiente no balneário, o que ajuda muito para quem é novo. A parte menos boa é a distância da família e amigos.

Já em Braga, decidiste fazer uma pós-graduação em Recursos Humanos na UMinho. O que é que te motivou a continuar a estudar?

Como digo sempre, a vida de desportista na melhor das hipóteses dura até aos 35 anos, no meu caso quero parar mais cedo. Dito isto, sempre soube que tinha de es­tar preparado para o pós-futsal.

Tem sido difícil conciliar o desporto com os estudos?

Na UMinho temos muitos casos de atle­tas federados, não falo apenas do futsal, que conciliam os estudos com o desporto. Não é fácil, mas com uma boa gestão do tempo é possível. No Braga/AAUM temos vários estudantes universitários, existem alturas mais com­plicadas por causa dos exames, mas como a vertente universitária é tão importante como a parte desportiva, a nossa equipa técnica permite que se falte a treinos caso seja necessário.

Neste momento, e após teres terminado o teu curso, estás a trabalhar nos SASUM. Quais são as tuas funções e como concil­ias trabalho e desporto?

Estou a gostar muito de trabalhar nos SA­SUM. Estou a trabalhar na minha área de formação, no Setor de Recursos Humanos. Há alturas em que o cansaço fala mais alto, pois os treinos e jogos são muito exigentes a nível físico, mas é possível conciliar.

Depois de teres representado a seleção nacional universitária, chegaste a inter­nacional A. Qual foi a sensação?

Passei pela seleção de Sub 21 e seleção universitária até chegar à principal. Quando comecei a jogar tinha alguns objetivos bem delineados, a seleção era um dos principais. Sou um felizardo pois tenho conseguido alcançar os objetivos que tinha traçado, ainda faltam alguns, mas acho que estou no bom caminho. A primeira vez que fui chamado para os tra­balhos da seleção, aliás, sempre que sou convocado é especial, mas da primeira vez foi mais, foi uma festa em casa.

Em fevereiro entraste para a história do futsal nacional ao ajudares Portugal a conquistar o seu primeiro titulo europeu de seleções nesta modalidade! Foi o mo­mento mais alto da tua carreira?

Sem dúvida, até hoje, o título de Campeão Europeu é o momento mais marcante da minha carreira. Espero conseguir al­cançar mais títulos desta dimensão, mas o fazer parte do um grupo de jogadores campeões europeus de futsal por Portugal foi fantástico. É muito gratificante ver o nosso esforço recompensado.

Foste vice-campeão europeu universi­tário com as cores da AAUM/UMinho em Coimbra, em julho. O que faltou para chegar ao lugar mais alto do pódio?

Quem acompanha os campeonatos uni­versitários sabe que todos os anos de­frontamos equipas muito competitivas. O ser vice-campeão europeu só demonstra a nossa qualidade, a equipa espanhola foi uma justa vencedora, mas se fossemos nós, o titulo também estaria bem en­tregue. Faltou-nos um pouco de sorte nos penaltis, eles foram mais competentes. A medalha de ouro é sempre melhor, mas não posso ficar totalmente desiludido pois pela primeira vez desde que estou na UMinho chegamos a uma final.

Tens algum jogador/atleta como modelo?

Não posso dizer que tenha grandes referências, mas o Pedro Cary é uma delas. É seguramente dos melhores jog­adores do nosso campeonato há mais de 10 anos. Não o tenho como referência só pela qualidade enquanto grande jogador, mas sim pela forma de estar, é um Senhor. Todos os atletas, principalmente os mais novos, deveriam tê-lo como exemplo, é provavelmente dos jogadores a nível na­cional com mais títulos e nunca o vi ser indelicado ou a faltar ao respeito a um colega de profissão, treinador, árbitro, a qualquer agente da nossa modalidade, sempre muito leal e correto em tudo. No desporto, como é obvio todos quere­mos ganhar, mas devemos saber perder e mais importante, saber ganhar. Não acho aceitável (é o meu ponto de vista), não deve valer tudo para alcançar a vitória. Hoje em dia, muitos de nós somos referências para os mais novos, e se te­mos comportamentos não muito corre­tos, é sinal que não estamos a passar a mensagem indicada para a nova geração.

Quais são as tuas maiores ambições e sonhos no que toca ao futsal?

O meu próximo objetivo é conseguir al­cançar um título com o Braga/AAUM, te­mos boas condições de trabalho, pessoas competentes a trabalhar connosco, acho que está na hora. Quero muito ganhar algo com o símbolo do Braga/AAUM ao peito, os nossos adeptos merecem.

Em que medida é que o futsal e o desporto contribuíram para o teu desenvolvimento enquanto individuo?

No desporto aprendemos a trabalhar em equipa, dá-nos valências muito impor­tantes para o nosso dia a dia. No desporto sou muito ambicioso, tento trazer isto para o meu quotidiano, não no sentido material, mas no de aprender coisas no­vas diariamente.

 

Texto: Ana Coimbra

Arquivo de 2018