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Entrevista.com, 02.01.2018
"Será certamente o meu maior desafio em termos de dimensão e responsabilidade"
UMinho
António Paisana é desde o passado dia 1 de novembro, o novo Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho. Acedendo ao convite do ex-reitor António Cunha, o Professor Paisana, como é comummente tratado estará à frente dos Serviços nos próximos cinco anos, enfrentando aquele que é para si o "maior desafio em termos de dimensão e de responsabilidade".

Como define o novo Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho?

Sou uma pessoa de causas, que procura consensos, mas que assume o papel inerente ao cargo, e que consiste na tomada de decisão. Isto é, acho que sou bom ouvinte, mas aprendi dos muitos mestres que tive, que decidir é igualmente fundamental. Acresce que não gosto de me concentrar numa única área, numa única tarefa. Valorizo a multiplicidade dos conteúdos dos cargos.

Qual o seu trajeto académico e profissional?

Sucintamente, sou graduado em Economia e doutorado em Engª Produção (Engenharia Económica) ambos graus obtidos em Universidades Inglesas. Trabalhei em Inglaterra como Assistente Direção Financeira numa empresa de transportes e regressei a Portugal - neste caso a Braga - tendo estado cerca de 5 anos na Direção da Exploração dos Transportes Urbanos de Braga. Depois, e até recentemente, fui docente da Universidade do Minho incluindo 5 anos como o primeiro Provedor Estudante.  

Como aconteceu esta chegada a Administrador dos SASUM?

Correspondendo a um convite feito pelo Reitor.

Foi uma decisão fácil de tomar?

Após uns dias de reflexão, achei mesmo que gostaria de regressar à indústria - neste caso de serviços, e que este regresso constituiria um prolongar natural de uma missão assumida ao longo da minha carreira na UM, que foi a de servir a Academia em geral, e muito especialmente, os estudantes.

Do seu curriculum consta já uma ampla carreira académica e científica, um vasto leque de projetos e ações. Ser Administrador dos SASUM será o seu maior desafio?

Será certamente um desafio diferente. Será certamente o meu maior desafio em termos de dimensão e de responsabilidade. Mas será certamente uma oportunidade única de poder colocar o meu conhecimento e a minha experiência ao serviço da Academia.

Para si, que papel deve desempenhar o Administrador nas organizações?

Um Administrador é essencialmente alguém que lidera em resultado das suas convicções, alguém que aponta direções estratégicas para a organização e mobiliza recursos para o efeito. E isto requer conhecimento e enquadramento contínuo da realidade específica da organização. Tem ainda que manter dentro de níveis aceitáveis as situações naturais de divergência, que inevitavelmente existem e acontecem entre as pessoas dentro de uma organização. Um administrador é deste modo alguém que desempenha diferentes papéis ao longo de um só dia. Planeia, organiza, argumenta, concilia e executa. Mais especificamente, para além de assegurar a gestão corrente, o administrador tem necessariamente que enquadrar todas as solicitações em termos de decisão num quadro mais geral da missão e das estratégias genéricas da organização.

Quais as competências que considera fundamentais para desempenhar esta nova função?

Para além da competência técnica na área da gestão, é importante ser capaz de acrescentar valor a tudo em que se envolve. Ser capaz de transmitir confiança e sentido de justiça, ser bom ouvinte e sobretudo ser-se genuíno.   

O que podem esperar as pessoas da nova administração?

Genericamente será uma Administração focada no cumprimento da missão, cuidando simultaneamente dos trabalhadores. A estrutura e operacionalização dos Serviços foi sendo construída ao longo dos anos e está por isso consolidada. Vai haver inevitavelmente alterações, mas irá haver sobretudo um estilo de liderança diferente na medida em que haverá uma maior ênfase em determinados princípios. A proximidade, o sentido coletivo das coisas, a delegação e concomitante responsabilização das funções, a importância de acrescentar (e avaliar) valor às atividades, são alguns pontos que relevarei. Será também uma Administração mais próxima de determinadas áreas do saber da Universidade. Acredito que uma maior interligação entre os Serviços e as Unidades Orgânicas de Ensino e de Investigação será benéfica para todos. Existirão muitas coisas que poderemos aprender conjuntamente. Porque estaremos empenhados em questionar para expandir o conhecimento presente. A nível interno, manter-nos-emos atentos aos anseios e às expetativas dos trabalhadores, sabendo que existem fatores exógenos que não controlamos e que por isso mesmo condicionam a nossa ação. Mas procuraremos encontrar soluções.

O que deve ser, para si, a Acção Social no meio universitário?

A Ação Social tem um sentido de promoção de coesão social ao apoiar a inclusão de estudantes, direta e indiretamente que, de outra forma, teriam grande dificuldade ou mesmo impossibilidade, de acesso à formação superior. Neste contexto, penso que é fundamental focar na importância de incrementar os apoios (e tipos de apoio também) que os estudantes necessitam para frequentar com sucesso o ensino superior. Acresce que a forma como os apoios são disponibilizados influencia o percurso académico dos estudantes, e que Portugal está comprometido com a meta da EU para que 40% da população entre os 30 e 34 anos tenham um diploma do ES até 2020.

Estará à frente dos destinos dos SASUM de 2017-2022. Quais vão ser as suas prioridades durante este período?

A missão e os objetivos dos SASUM que constam dos seus Estatutos são claros: os SASUM foram criados para conceder apoios (contexto da Lei) e prestar serviços, de modo a contribuir para melhores desempenhos académicos aos estudantes. O âmbito destas funções é vasto e compreende, para além da atribuição de bolsas de estudo, a alimentação, o alojamento, o desporto e a saúde. A lógica é simples: estudantes que possuam capacidades financeiras dignas, uma alimentação equilibrada e um alojamento confortável, e que ainda possam praticar desporto e disfrutar de algum apoio na área da saúde, poderão concentrar-se melhor na sua formação académica e apreender outras competências importantes para a sua vida futura. O desafio envolve naturalmente antecipar e produzir aqueles serviços que melhor correspondam às necessidades e expectativas dos utentes nestas áreas, usando recursos de um modo eficiente, obtendo assim custos baixos, de modo a proporcionar aos nossos utentes preços condizentes. Os investimentos que surgirem terão obrigatoriamente que ter este contexto e objetivo. Acresce que estão em curso, e penso que haverá outras a caminho, iniciativas de investimento no âmbito de um programa de financiamento europeu conjunto com os SAS do Porto e da UTAD que contribuirão para o desenvolvimento dos SASUM. 

Consigo trouxe algumas pessoas que o vão apoiar mais diretamente. Quem são?Presentemente acordei integrar um elemento novo no Gabinete do Administrador. Trata-se de Carlos Videira, ex-Presidente da AAUM. Licenciado em Relações Internacionais e Mestrando em Direitos Humanos.

Quais serão as mudanças mais visíveis que veremos nos SASUM a curto/medio prazo?Certamente que haverá mudanças. A nível interno e a nível externo, mas passarão por várias etapas de construção. Além disso e como é sabido, os Serviços de Ação Social são uma Unidade de Serviços da Universidade do Minho e uma das competências do Reitor é superintender os Serviços de Ação Social, pelo que não irei adiantar nada antes de as acordar previamente. Contudo, posso dizer que a área do alojamento é uma preocupação sinalizada.

A proximidade com os estudantes está inerente à atividade dos SASUM. Pretende-se algum reforço nesta proximidade e nas políticas sociais?

Seguramente que sim. É muito importante estar próximo dos nossos utentes e neste caso dos seus representantes máximos. Sempre mantive alguma proximidade informal com a estrutura dirigente da AAUM ? aqueles que efetivamente são os mandatários dos estudantes - e tenciono reforçar a componente mais formal que tive enquanto Provedor do Estudante. A presença do Carlos Videira no meu Gabinete é um sinal forte desta intenção de reforçar esta ligação.

Pensa que terá capacidade de mobilizar as pessoas à sua volta na consecução dos seus projetos?

Não posso pensar nem sentir de outra maneira. Mas isso também não se decreta. Constrói-se. E isso envolve estar próximo das pessoas, ouvi-las, mas principalmente ser capaz de corresponder às suas necessidades. Envolve essencialmente incutir e criar um sentimento de confiança mútua. Foi com este propósito que iniciei um plano de visitas a todas as unidades de serviço e de apoio às mesmas. Um plano que não está terminado, mas que tenciono concluir nos próximos tempos. Um plano que será revisitado periodicamente.

Assistiremos a um reforço da interação entre os SASUM e a Reitoria?

Não vejo como isso possa deixar de acontecer. Compete ao Reitor definir os planos estratégicos da Universidade e muitas decisões deles decorrentes terão implicações para os Serviços como por exemplo o número e a tipologia dos seus (futuros) utentes. E os SASUM deverão saber antecipar potenciais mudanças de modo a satisfazer futuras necessidades dos seus utentes-alvo. E estou a falar de diversas áreas como são a alimentação e o alojamento.

Que mensagem gostaria de deixar à Academia nesta altura?

Gostaria de asseverar o compromisso dos SASUM no apoio e na prestação de serviços de qualidade à Academia em geral, mas principalmente aos estudantes. Os SASUM estarão empenhados em proporcionar condições para que estes consigam atingir o sucesso académico que procuram.


Texto: Ana Marques

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Jan/2018)

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