Como define o novo Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho?
Sou uma pessoa de causas, que procura consensos, mas que
assume o papel inerente ao cargo, e que consiste na tomada de
decisão. Isto é, acho que sou bom ouvinte, mas aprendi dos muitos
mestres que tive, que decidir é igualmente fundamental. Acresce
que não gosto de me concentrar numa única área, numa única
tarefa. Valorizo a multiplicidade dos conteúdos dos cargos.
Qual o seu trajeto
académico e profissional?
Sucintamente, sou graduado em Economia e doutorado em Engª
Produção (Engenharia Económica) ambos graus obtidos em
Universidades Inglesas. Trabalhei em Inglaterra como Assistente
Direção Financeira numa empresa de transportes e regressei a
Portugal - neste caso a Braga - tendo estado cerca de 5 anos na
Direção da Exploração dos Transportes Urbanos de Braga. Depois, e
até recentemente, fui docente da Universidade do Minho incluindo
5 anos como o primeiro Provedor Estudante.
Como aconteceu
esta chegada a Administrador dos
SASUM?
Correspondendo a um convite feito pelo
Reitor.
Foi uma decisão
fácil de tomar?
Após uns dias de reflexão, achei mesmo que gostaria de
regressar à indústria - neste caso de serviços, e que este
regresso constituiria um prolongar natural de uma missão assumida
ao longo da minha carreira na UM, que foi a de servir a Academia
em geral, e muito especialmente, os estudantes.
Do seu curriculum
consta já uma ampla carreira académica e científica, um vasto
leque de projetos e ações. Ser Administrador dos SASUM será o seu
maior desafio?
Será certamente um desafio diferente. Será certamente o meu
maior desafio em termos de dimensão e de responsabilidade. Mas
será certamente uma oportunidade única de poder colocar o meu
conhecimento e a minha experiência ao serviço da Academia.
Para si, que papel
deve desempenhar o Administrador nas
organizações?
Um Administrador é essencialmente alguém que lidera em
resultado das suas convicções, alguém que aponta direções
estratégicas para a organização e mobiliza recursos para o
efeito. E isto requer conhecimento e enquadramento contínuo da
realidade específica da organização. Tem ainda que manter dentro
de níveis aceitáveis as situações naturais de divergência, que
inevitavelmente existem e acontecem entre as pessoas dentro de
uma organização. Um administrador é deste modo alguém que
desempenha diferentes papéis ao longo de um só dia. Planeia,
organiza, argumenta, concilia e executa. Mais especificamente,
para além de assegurar a gestão corrente, o administrador tem
necessariamente que enquadrar todas as solicitações em termos de
decisão num quadro mais geral da missão e das estratégias
genéricas da organização.
Quais as
competências que considera fundamentais para desempenhar esta
nova função?
Para além da competência técnica na área da gestão, é
importante ser capaz de acrescentar valor a tudo em que se
envolve. Ser capaz de transmitir confiança e sentido de justiça,
ser bom ouvinte e sobretudo ser-se genuíno.
O que podem
esperar as pessoas da nova
administração?
Genericamente será uma Administração focada no cumprimento
da missão, cuidando simultaneamente dos trabalhadores. A
estrutura e operacionalização dos Serviços foi sendo construída
ao longo dos anos e está por isso consolidada. Vai haver
inevitavelmente alterações, mas irá haver sobretudo um estilo de
liderança diferente na medida em que haverá uma maior ênfase em
determinados princípios. A proximidade, o sentido coletivo das
coisas, a delegação e concomitante responsabilização das funções,
a importância de acrescentar (e avaliar) valor às atividades, são
alguns pontos que relevarei. Será também uma Administração mais
próxima de determinadas áreas do saber da Universidade. Acredito
que uma maior interligação entre os Serviços e as Unidades
Orgânicas de Ensino e de Investigação será benéfica para todos.
Existirão muitas coisas que poderemos aprender conjuntamente.
Porque estaremos empenhados em questionar para expandir o
conhecimento presente. A nível interno, manter-nos-emos atentos
aos anseios e às expetativas dos trabalhadores, sabendo que
existem fatores exógenos que não controlamos e que por isso mesmo
condicionam a nossa ação. Mas procuraremos encontrar soluções.
O que deve ser,
para si, a Acção Social no meio
universitário?
A Ação Social tem um sentido de promoção de coesão social ao
apoiar a inclusão de estudantes, direta e indiretamente que, de
outra forma, teriam grande dificuldade ou mesmo impossibilidade,
de acesso à formação superior. Neste contexto, penso que é
fundamental focar na importância de incrementar os apoios (e
tipos de apoio também) que os estudantes necessitam para
frequentar com sucesso o ensino superior. Acresce que a forma
como os apoios são disponibilizados influencia o percurso
académico dos estudantes, e que Portugal está comprometido com a
meta da EU para que 40% da população entre os 30 e 34 anos tenham
um diploma do ES até 2020.
Estará à frente
dos destinos dos SASUM de 2017-2022. Quais vão ser as suas
prioridades durante este período?
A missão e os objetivos dos SASUM que constam dos seus
Estatutos são claros: os SASUM foram criados para conceder apoios
(contexto da Lei) e prestar serviços, de modo a contribuir para
melhores desempenhos académicos aos estudantes. O âmbito destas
funções é vasto e compreende, para além da atribuição de bolsas
de estudo, a alimentação, o alojamento, o desporto e a saúde. A
lógica é simples: estudantes que possuam capacidades financeiras
dignas, uma alimentação equilibrada e um alojamento confortável,
e que ainda possam praticar desporto e disfrutar de algum apoio
na área da saúde, poderão concentrar-se melhor na sua formação
académica e apreender outras competências importantes para a sua
vida futura. O desafio envolve naturalmente antecipar e produzir
aqueles serviços que melhor correspondam às necessidades e
expectativas dos utentes nestas áreas, usando recursos de um modo
eficiente, obtendo assim custos baixos, de modo a proporcionar
aos nossos utentes preços condizentes. Os investimentos que
surgirem terão obrigatoriamente que ter este contexto e objetivo.
Acresce que estão em curso, e penso que haverá outras a caminho,
iniciativas de investimento no âmbito de um programa de
financiamento europeu conjunto com os SAS do Porto e da UTAD que
contribuirão para o desenvolvimento dos SASUM.
Consigo trouxe
algumas pessoas que o vão apoiar mais diretamente. Quem
são?Presentemente
acordei integrar um elemento novo no Gabinete do Administrador.
Trata-se de Carlos Videira, ex-Presidente da AAUM. Licenciado em
Relações Internacionais e Mestrando em Direitos Humanos.
Quais serão as
mudanças mais visíveis que veremos nos SASUM a curto/medio
prazo?Certamente que
haverá mudanças. A nível interno e a nível externo, mas passarão
por várias etapas de construção. Além disso e como é sabido, os
Serviços de Ação Social são uma Unidade de Serviços da
Universidade do Minho e uma das competências do Reitor é
superintender os Serviços de Ação Social, pelo que não irei
adiantar nada antes de as acordar previamente. Contudo, posso
dizer que a área do alojamento é uma preocupação
sinalizada.
A proximidade com
os estudantes está inerente à atividade dos SASUM. Pretende-se
algum reforço nesta proximidade e nas políticas sociais?
Seguramente que sim. É muito importante estar próximo dos
nossos utentes e neste caso dos seus representantes máximos.
Sempre mantive alguma proximidade informal com a estrutura
dirigente da AAUM ? aqueles que efetivamente são os mandatários
dos estudantes - e tenciono reforçar a componente mais formal que
tive enquanto Provedor do Estudante. A presença do Carlos Videira
no meu Gabinete é um sinal forte desta intenção de reforçar esta
ligação.
Pensa que terá
capacidade de mobilizar as pessoas à sua volta na consecução dos
seus projetos?
Não posso pensar nem sentir de outra maneira. Mas isso
também não se decreta. Constrói-se. E isso envolve estar próximo
das pessoas, ouvi-las, mas principalmente ser capaz de
corresponder às suas necessidades. Envolve essencialmente incutir
e criar um sentimento de confiança mútua. Foi com este propósito
que iniciei um plano de visitas a todas as unidades de serviço e
de apoio às mesmas. Um plano que não está terminado, mas que
tenciono concluir nos próximos tempos. Um plano que será
revisitado periodicamente.
Assistiremos a um
reforço da interação entre os SASUM e a Reitoria?
Não vejo como isso possa deixar de acontecer. Compete ao
Reitor definir os planos estratégicos da Universidade e muitas
decisões deles decorrentes terão implicações para os Serviços
como por exemplo o número e a tipologia dos seus (futuros)
utentes. E os SASUM deverão saber antecipar potenciais mudanças
de modo a satisfazer futuras necessidades dos seus utentes-alvo.
E estou a falar de diversas áreas como são a alimentação e o
alojamento.
Que mensagem
gostaria de deixar à Academia nesta
altura?
Gostaria de asseverar o compromisso dos SASUM no apoio e na
prestação de serviços de qualidade à Academia em geral, mas
principalmente aos estudantes. Os SASUM estarão empenhados em
proporcionar condições para que estes consigam atingir o sucesso
académico que procuram.
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Jan/2018)