Entrevista ao Administrador dos SASUM, Eng. Carlos Silva.
Quais as funções concretas do administrador dos
SASUM?
De forma genérica, as funções principais dos Administrador são as
de assegurar o funcionamentos dos Serviços, no que diz
respeito à execução do seu plano de actividades e de todas as
deliberações que são emanadas pelos órgãos competentes na
Universidade do Minho.
Isto implica garantir a gestão corrente dos Serviços, no que diz
respeito às vertentes financeiras e de recursos humanos afectos a
esta Unidade, bem como a identificação de projectos que melhor
permitam cumprir a missão dos serviços.
Passados mais de 2 anos de ter assumido o cargo de
administrador dos SASUM, que balanço faz? Quais foram as grandes
mudanças implementadas?
Nos últimos dois anos o balanço do ponto de vista dos serviços é
muito positivo, e esta avaliação é baseada em quem nos procura e
nos avalia sistematicamente em várias vertentes, já que ao longo
deste dois anos tem sido uma preocupação a recolha das opiniões
de toda a comunidade académica, nos vários serviços.
As grande mudanças, iniciais, foram as estruturais, na definição
de uma estrutura orgânica que correspondesse à realidade dos
Serviços, já que numa fase inicial tudo recaía sobre a figura do
Administrador.
Logicamente que esta estrutura teria de ser suportada por quadros
intermédios ajustados à filosofia deste serviços, e este foi sem
dúvida o suporte à implementação das politicas que tornaram estes
serviços mais ágeis e funcionais.
Outro dos aspectos essenciais foi a alteração de toda a filosofia
de gestão que permitiram a introdução de mecanismos de controlo e
responsabilização, necessários ao sucesso deste serviços. Esta
filosofia teve implicações, desde os processos contabilísticos
até aos processos de gestão e controlo diários, em todas as
unidades e é suportado por um ERP
(enterprise resource planning
).
Para além desta vertentes, a mudança física da sede dos SAS
contribui para a melhoria do funcionamento global da estrutura,
mas sem dúvida a melhoria do atendimento e gestão dos processos
relacionados com os alunos foram uma das maiores implicações,
desde a vertente alimentar, desportiva até aos processos das
bolsas. Estas mudanças foram catalizadoras para todos os
departamentos dos SAS, já que a proximidade também é importante
para as equipas que se reúnem e partilham as decisões de gestão.
Quais têm sido as maiores dificuldades no desenvolvimento
do seu trabalho? Que projectos vieram adiar os cortes orçamentais
do governo na área da educação?
Uma das maiores dificuldade é sem dúvida a de proporcionar
melhores condições no que diz respeito ao alojamento dos
estudantes na Universidade do Minho pois, e sem fugir à questão,
é um dos pontos fracos que temos vindo sucessivamente a melhorar.
Desde a primeira hora efectuámos o levantamento de todos os
problemas nesta área. Efectuámos um plano a 10 anos para a
recuperação de toda a infra-estrutura de alojamento dos SAS, e
pelo facto de não termos financiamento para a recuperação total
efectuámos ainda uma candidatura ao POSI, mas infelizmente até à
data ainda não recebemos qualquer resposta a este pedido de
financiamento.
Está é sem dúvida uma das questões que nos tem
prejudicado e que até à data não obteve qualquer financiamento.
Só tenho pena que as politicas de financiamento das
infra-estruturas na área da Acção Social não tenham critérios
claros e transparentes...
Outras das vertentes complicadas tem sido a falta de
financiamento para o pagamento das bolsas de estudo, já que o
financiamento dos SAS não contempla na componente bolsas a
totalidade do dinheiro necessário para o pagamento da bolsas de
estudo na ´´hora´´ em que os alunos precisam dela. Por exemplo,
para este ano a situação é a seguinte:
Situação/Processos | Braga | Guimarães | Enfermagem | Total |
Bolsa
|
3.581
|
1.170
|
87
|
4.838
|
Indeferido
|
402
|
152
|
4
|
558
|
Manual
|
1
|
0
|
0
|
1
|
S/ Informação
|
57
|
9
|
0
|
66
|
Anulado
|
44
|
7
|
0
|
51
|
Entrevista* | 127 | 28 | 0 | 155 |
Em estudo* | 12 | 5 | 0 | 17 |
Incompleto* | 141 | 46 | 0 | 187 |
Suspenso
|
0
|
0
|
0
|
0
|
Total:
|
4.365
|
1.417
|
91
| 5.873 |
* Em avaliação
Esta situação reflecte um aumento substancial de mais de 5% de
bolseiros em relação a 2004/2005, nesta fase, e reflecte sem
dúvida a situação de crise em que nos encontramos, pois cada vez
mais a famílias tem dificuldade em manter os seus filhos a
estudar.
Para complicar esta situação os SAS têm de adiantar verbas para o
pagamento de bolsas, através de receitas próprias, sendo o único
serviço no Pais onde isto acontece, porque o Estado, através das
estruturas competentes, não tem assumido o seu papel em relação
ao pagamento das bolsas de estudo. A Universidade, para não ver
os seus alunos prejudicados, tem vindo a efectuar, há mais de
dois anos, o adiantamento das bolsas de estudo.
Como administrador, estar mais perto dos alunos é
indispensável para fazer um bom trabalho?
É importante estar perto dos alunos, para os compreender e para
dar a resposta adequada aos seus problemas. Sem dúvida que a
distância complica em parte a resolução dos problemas.
Também a relação próxima com a Associação Académica tem sido
muito importante para a resolução dos problemas dos alunos.
Penso que a dinâmica dos SASUM é bem visível a todos os
níveis (alimentação, alojamento, apoio clínico, bolsas, desporto
e cultura), o que mais tem contribuído para isso?
Sem dúvida que são os seus recursos humanos que mais têm
contribuídos para isso, pois são eles que têm conduzido os
projectos, com maior incidência para todos os responsáveis de
Departamento, mas de uma forma geral para todos os que, sem
excepção, têm colaborado.
A imagem destes serviços é a dos seus principais responsáveis,
jovens, dinâmicos, com novas filosofias de comunicação e gestão e
que os catalizadores desta dinâmica, o que tornam o trabalho
diário fácil e motivante.
Qual o projecto que mais o gostou ou gostaria de ver
desenvolvido nos SASUM?
Gostaria sem dúvida alguma ver concluído o sistema de informação
dos SAS, pois é um dos pilares necessários a uma boa gestão e a
qualquer mudança sólida. Nos dias de hoje é impossível uma
adequada tomada de decisão sem a necessária informação, e é vital
que a informação de suporte esteja à distância de um
click
.
Outro dos projectos relevantes foi o facto de podermos contribuir
para o projecto educativo da Universidade do Minho. Neste caso
especifico através do apoio às opções culturais, nas disciplina
de Desporto I, e II, na formação em Engenharia.
Gostaria ainda de ver melhorada a qualidade das infra-estruturas
das Residências da Universidade do Minho, mas infelizmente este
projecto só pode ser desenvolvido com o apoio do Ministério...
Sente-se recompensado pelo trabalho desenvolvido nos
SASUM?
Do ponto de vista humanos tem sido gratificante, pois até à data
tem sido uma experiência única a todos os níveis, todos os dias
nas relações com os outros aprendemos coisas novas.
No entanto o aspecto mais importante no cumprimento da nossa
missão tem sido o facto de poder proporcionar melhores condições
de estudo aos estudantes desta Universidade que visam o sucesso
escolar, e esta é sem dúvida a maior recompensa.
Quais as melhorias em termos de serviço que veio trazer a
nova sede dos SASUM?
O novo edifico da sede dos SAS veio permitir a introdução dos
novos paradigmas de mudança e, como já referi anteriormente, foi
um dos catalizadores da mudança interna e que veio proporcionar
uma melhor qualidade de atendimento aos estudantes da
Universidade do Minho.
Também veio encurtar a distância entre os SAS e os alunos, já que
agora nos encontramos no centro de toda a actividade ou seja no
Campus
da Universidade.
Quais são os projectos a realizar a curto prazo?
Um dos grandes desafios para 2006 é a certificação global dos
serviços, já que esta nos vai ajudar a consolidar toda a
estrutura dos SAS em todas as vertentes.
No entanto a nossa preocupação são os estudantes e a melhoria dos
serviços em várias vertentes, constituindo uma prioridade para
2006. Uma delas é a melhoria do apoio médico, criado de raiz um
serviço de apoio com várias especialidades e que possa servir
toda a comunidade, envolvendo parcerias público-privadas.
Outro dos aspectos importantes é encontrar novas formas de
financiamento para as bolsas, de modo a poder ajudar as famílias
no apoio directo ao aluno que, por razões que a lei não prevê, se
vêm impedidos de frequentar o ensino superior, o que tem
acontecido com alguma frequência,
Qual a sua opinião acerca do aumento das propinas, não
pensa ser um fardo muito grande sobre os estudantes?
Infelizmente a questão das propinas tem tido implicações graves
no funcionamento do Ensino Superior, pois existem milhares de
alunos que têm desistido de estudar por não terem capacidade
financeira. Aliás, o aumento do número de bolseiros na
Universidade do Minho, na região onde a Universidade se encontra
inserida (com o pib
mais baixo do País), é sem dúvida o
reflexo natural deste aumento.
No entanto as Universidades, por razões de imperativo legal, têm
que recorrer ao orçamento das receitas provenientes das propinas
e não podem ser vistas como o bode expiatório nesta questão.
Felizmente na Universidade do Minho as propinas são aplicadas em
programas de qualidade que visam a melhoria das condições de
ensino/aprendizagem dos nossos estudantes.
Qual a mensagem que quer deixar à comunidade
UMinho?
Apelar à participação de todos no sentido de recolher as opiniões
sobre os nossos serviços através dos vários canais, desde a
participação nos inquéritos, nos programas de recolha de
sugestões, através do envio de mensagens expressando opiniões e
sugestões para os serviços, pois estas são importantes para a
melhoria dos nossos serviços, e para quem pretende adequar os
serviços a todos os que os procuram.
Os Serviços de Acção Social da Universidade do Minho são um
projecto aberto à participação de todos aqueles que se revejam na
nossa missão.
Ana Marques
Anac@sas.uminho.pt