A UMinho, ano após ano, tem vindo a destacar-se no panorama nacional pela sua marca de criatividade e inovação. A apresentação do novo campo de golfe no Campus de Azurém, no passado dia 27 de Outubro, é mais uma inegável marca disso.
Criando um espaço desportivo único em Portugal, soube também
aproveitar esta oportunidade para, paralelamente, desenvolver
projectos de investigação científica associados a esta prática
desportiva. A criação de um robot apanha bolas ou do estudo
acerca da trajectória, velocidade e distâncias percorridas pelas
bolas de golfe, são fruto dessa visão, que neste momento coloca a
UMinho como uma instituição na vanguarda do Ensino Superior em
Portugal.
Visto por muitos como um desporto elitista, o golfe é no entanto
uma modalidade com uma forte componente de socialização, e que
está enraizado em culturas que se pautam por ensinos de
referência, como é o caso dos Estados Unidos da América, da
Grã-Bretanha ou do Japão.
Em países como estes, que paralelamente estão na vanguarda do
conhecimento, não é difícil encontrar universidades com campos de
golfe, e onde existe uma forte aposta nesta modalidade. Outro bom
exemplo disso provém do órgão máximo do desporto universitário
mundial: a Federação Internacional do Desporto Universitário
(FISU). Esta entidade é responsável pela organização, por
exemplo, do segundo maior evento multi-desportivo do mundo logo a
seguir aos Jogos Olímpicos: as Universiadas.
Paralelamente às Universiadas, a FISU organiza de dois em dois
anos os Mundiais Universitários (a UMinho vai organizar em 2008 o
próximo Mundial de Badminton), sendo que no caso do Golfe, estes
já vão na sua 12ª edição, que se irá realizar na África do Sul.
Na sua última edição, e muito curiosamente, foram três as nações
que arrecadaram o maior número de medalhas: Estados Unidos,
Grã-Bretanha e Japão.
Cá por Portugal, e apesar de apenas no ano passado se ter
realizado pela primeira vez uma prova universitária, a UMinho
esteve presente como equipa (com docentes e alunos a competir
lado a lado), tendo tido uma boa performance. Um desses alunos
que estiveram em representação da academia minhota, Tiago Freitas
(Eng. de Gestão Industrial) confidenciou ao UMDicas que esta nova
valência desportiva vai-lhe permitir voltar a treinar e conciliar
a prática desportiva com os seus estudos, algo que já não
acontecia há quase dois anos. Segundo o mesmo, "este
projecto é uma mais-valia a todos os níveis para a
UMinho".
Campo de Golfe: como surgiu e objectivos
Em conversa com o Administrador dos SASUM, Carlos Silva, este
revelou-nos que esta era já uma ideia antiga de ajudar a
requalificar o Campus de Azurém e de ao mesmo tempo criar uma
infra-estrutura que permitisse à comunidade interna e externa a
prática deste desporto. Segundo o mesmo "um dos
objectivos principais é potenciar o enquadramento do campo com a
prática desportiva. Foi algo que foi muito bem discutido,
ponderado e avaliado."
Se investigarmos um pouco, constatamos que nas universidades
americanas é normal haver este tipo de infra-estruturas. O golfe
nas terras do Tio Sam
está mais implementado e enraizado
que na Europa, embora deste lado do Atlântico se venha a notar um
crescimento cada vez maior nesta área.
Quando questionado acerca dos estudos feitos sobre este projecto,
Carlos Silva respondeu-nos que: "Antes de avançarmos com
este modelo estudamos outros campos/modelos na Europa. Um campo
parecido com este em termos de estrutura e potencial é o da
Universidade de Navarra, em Espanha. Visitámo-lo, estudámos o seu
modelo de gestão, implementação e procuramos saber o tipo de
procura que tinha. Em Portugal não havia algo do género dentro de
um campus universitário para realizarmos este estudo."
Outro factor curioso que surge associado a este projecto é o da
criação de um robot capaz de apanhar as bolas lançadas para o
campo. Ficámos a saber que o projecto do robot surgiu logo no
início do plano de idealização de como iria funcionar o campo.
Este género de infra-estrutura desportiva, em que os utentes
atiram um elevado número de bolas para o mesmo espaço, tem que
ter alguém responsável pela recolha das mesmas. Para reduzir os
custos de ter mais recursos humanos alocados a esta tarefa
Tayloriana,
surgiu então a ideia de se construir um
robot capaz de desempenhar estas funções. Foi então que foram
contactadas as Licenciaturas em Engenharia Electrónica e Mecânica
e lhes foi lançado o repto da construção de um autómato capaz de
realizar de uma forma independente a tarefa da recolha de bolas
no campo. As ideias foram apresentadas, e o desafio foi aceite,
quer por professores, quer por alunos de ambas as licenciaturas,
que em conjunto trabalharam na consecução deste desafiante
projecto científico.
A associação da investigação científica à prática do golfe surge
então como um dos objectivos delineados à partida para este
projecto. Para além da criação de um robot, foi nos dito também
que o Departamento de Física da UMinho está a realizar um estudo
relativamente à análise das trajectórias, velocidades e
distâncias percorridas pelas bolas.
Parcerias
Segundo o Administrador dos SASUM, Carlos Silva, "existem
diversos parceiros estratégicos a nível do desenvolvimento
tecnológico e a nível de patrocínios."
Dessas mesmas
parcerias sai o financiamento inicial do campo nesta primeira
fase, baixando assim os custos do projecto. Num futuro próximo,
existe a forte possibilidade de o campo ter o nome de uma
multinacional ou de uma instituição, algo semelhante ao que
acontece no mundo do futebol, como é exemplo o SCBraga.
Por enquanto não podem ser revelados mais pormenores
relativamente a estas parcerias, pois segundo o Administrador dos
SASUM, "ainda se está numa fase de negociações e revelar
agora mais detalhes acerca do assunto pode comprometer os acordos
de cooperação e sponsorização."
Inauguração durante o mês de Novembro... Preços, Tarifas
e Serviços
Os preços a praticar serão cerca de quatro a cinco vezes mais
baratos para a comunidade estudantil da UMinho, do que aqueles
praticados em infra-estruturas deste género. A comunidade docente
terá também tarifas mais reduzidas que a externa, onde a procura
por este serviço é já bastante elevada.
Como é regra no desporto da UMinho, haverá acompanhamento
especializado para o desenvolvimento correcto desta prática
desportiva. Vai estar em funcionamento uma academia e uma escola
de iniciação ao golfe, o que irá potenciar ainda mais a expansão
e divulgação da modalidade.
Golfe - Campo de práticas |
1 euro
|
2 euros
|
Aluguer de Taco (aula)
|
Cesto de 24 bolas
|
0,5 euros
|
1 euro
|
Cesto de 48 bolas
|
1 euro
|
2 euros
|
Aulas - Pacote de 10 aulas para um máximo de 2 alunos
por aula de 30'
|
50 euros
|
120 euros
|
Aulas - Pacote de Iniciação, 5 aulas para um máximo de
5 alunos por aula de 30'
|
15 euros
|
40 euros
|
Aula Individual de 30'
|
7,5 euros
|
15 euros
|
Cartão anual para alunos/funcionários (máximo de 98
bolas/dia)
|
80/160
| |
Cartão de 50 cestos com 48 bolas para Externos
| |
90 euros
|
Cartão de 100 cestos com 48 bolas para Externos
| |
160 euros
|
Cartão de 150 cestos com 48 bolas para Externos
| |
210 euros
|
Cartão anual para Empresas (máximo de 1000 cestos/ano)
| |
500 euros
|
Aluguer do campo para evento com duração de meio dia
(9h00-13h00 ou 14h00-18h00)
|
600 euros
|
Aluguer do campo para evento com duração de um dia
(9h00-18h00)
|
1.000 euros
|
O que diz o Reitor
"É um projecto de valor e que dá também uma imagem de
marca à universidade nesta sua capacidade de pensar diferente, à
frente, de uma forma inovadora e em sintonia com aquilo que é
também uma sua característica: esta é a universidade que tem a
marca da prática regular de desporto pela sua comunidade
académica.
O aproveitar deste contexto para requalificar um espaço e
abrir aqui uma modalidade desportiva que considero ser muito
interessante do ponto de vista da socialização, desmistificando
também algum preconceito sobre o elitismo, o que vem ainda mais
valorizar a Universidade. É um exemplo por mais esta instância em
relação ao resto do País, da capacidade de criação e
inovação...
Relativamente ao financiamento, este é um projecto
auto-sustentado cujo investimento ronda os 80 000 euros e que é
necessário desmistificar em termos de questões orçamentais. Esta
é uma verba que não tem nada a ver com o orçamento da
Universidade. Isto é um investimento para a prática desportiva,
que se não estivesse aqui, estava num dos pavilhões desportivos
que servem a nossa comunidade.
Este financiamento não desviado de sítio nenhum, é um
investimento do desporto. Se quisermos falar em termos de
sub-orçamentação da Universidade para 2008, estaremos a falar na
ordem dos nove milhões de euros, pelo que não são estes 80 000
euros que nos causaram problemas de forma nenhuma. De qualquer
dos modos, do ponto de vista da utilização do campo e da parte
publicitária, este é um investimento que tem retorno, que de uma
forma optimista a um ano e de uma forma pessimista a dois anos,
mas que no máximo ao fim de dois anos é um investimento que está
coberto e passa a ser um inclusive um rendimento para a
Universidade.
Este projecto é uma aposta ganha a todos os níveis, e
estão de parabéns todas as pessoas que há uns anos atrás
admitiram a hipótese de este ser um projecto interessante, por
que será fácil ver dentro de um curto espaço de tempo ver esta
ideia replicada em outras universidades do País, sendo que neste
momento há já diversas universidades interessadas neste conceito
e em implementá-lo. O interessante para nós não é a questão de
ganhar, mas é percebermos que estamos à frente."
Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves
nunog@sas.uminho.pt
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