O Teatro Universitário do Minho - TUM promove a realização de uma oficina de dramaturgia pelo encenador/dramaturgo João Negreiros.
No contexto actual da dramaturgia portuguesa torna-se imperativo
a formação na escrita criativa. O Teatro Universitário do
Minho - TUM pretende promover a realização de uma oficina de
dramaturgia pelo encenador/dramaturgo
João Negreiros
.
Objectivos
No final deste curso, os participantes terão uma compreensão
profunda do processo criativo de escrita dramatúrgica (conflito,
acção dramática, construção e caracterização das personagens,
linguagem) em articulação com as exigências colocadas pela
encenação e interpretação dos textos e peças.
Sessões, duração e
horário
- 8 quartas-feiras
- 2 meses : de 7 de NOV a 26 de DEZ - das 20h30 às 23h30
- total 24h
Local
Sala 212, Complexo Pedagógico do Castelo
Rua do Castelo
Braga
Inscrições
Preços
60E -
Externos
50E -
Estudantes da UM
40E -
Sócios do TUM e AAUM
30E -
Bolseiros
Formador
Poeta e dramaturgo,
João Negreiros
nasceu em Matosinhos a 23 de Novembro de 1976. Muito novo,
escrevia já teatro, poesia e prosa poética. Na área do teatro, a
sua obra foi crescendo, sendo hoje bastante extensa. Nela se
incluem algumas peças como "Os Vendilhões do Templo" e "Silêncio"
recentemente levada à cena pelo Teatro Universitário do Minho
(TUM). Os textos de prosa poética, as crónicas e os contos, entre
outros, continuaram também a ser criados, tendo, em Outubro de
2002, sido publicado na Revista QUO o Conto de Ficção Científica
"Capitão Spalding - A Origem". Desde 2004 têm vindo a ser
escritos, numa frequência quase diária, textos de humor
integrados no projecto
www.sentidodeamor.com.
O encenador do TUM é director artístico da companhia de teatro
"..re..petição" e estudou teatro na ESMAE. Elege "A morte de um
caixeiro viajante" como a sua peça de teatro preferida, admira o
trabalho cinematográfico de Werner Herzog, mas escolhe "The
Meaning of Life" como o filme da sua vida. É fã dos Velvet
Undergroud, adora bolo de chocolate com noz e não perde os
episódios dos Simpsons e de South Park.
Obras Publicadas
"Eis uma dramaturgia consciente dos seus poderes cénico-formais e
poéticos, das situações que representa e do que nelas se faz
matéria de questionamento ou ludicidade, emoção, desejo,
compromisso ético. Criando engrenagens interlocutórias e
dinâmicas de palco que levam a linguagem, não raro, a lugares de
tensão e amenidade contrapostas, encontra nas personagens uma
vocação de polifonia que os destinatários mais activos (os
encenadores, desde logo) não deixarão de intuir e peculiarizar,
num trabalho estético cujo relevo importará reconhecer.
Ademais, há nestas peças uma voz em devir. Torna-se curial
acompanhá-la."
José Manuel Mendes
Presidente da Associação Portuguesa de
Escritores
in "Silêncio/Os Vendilhões do
Templo"
"Não é comum esta poesia hoje. Não é vulgar, no panorama de nova
poesia portuguesa ou, se se quiser, na poesia portuguesa dos mais
novos, esta coragem de enfrentar o leitor. Negreiros rasga, fere,
incomoda, impacienta. (...) Os outros são, afinal, o alimento da
sua poesia, ao contrário do culto narcisista da maior parte da
poesia que hoje se faz e se divulga, quase toda já escrita e já
lida, onde cada livro tem dificuldade em inovar, em criar
diferenças. E é por isso que, citando-o, há sempre lugar para
mais um. Mas um que é mais. Um cujo canto é livre em relação a si
mesmo e em relação aos outros, um que sobressai do imenso
Cancioneiro Geral e medíocre daqueles que não aprenderam ainda a
decisiva lição de que se pode cantar com várias vozes na voz com
um timbre único e original."
Joaquim Pessoa
Poeta
in "O cheiro da sombra das
flores"
Metodologia
Na primeira fase do curso serão dadas as noções básicas para
desenvolver com exactidão o conflito que faz mover a história.
Nomeadamente, o conflito que gera a acção, assim como aquele que
interiormente determina a movimentação físico-emocional das
personagens. Os formandos serão levados, através de variados
exercícios colectivos, a chegar a conclusões sobre o conflito e a
necessidade da sua verosimilhança para que se prenda o público a
uma história ou acontecimento.
Depois, serão dadas as coordenadas necessárias para que cada um
defina pessoalmente a sua relação com a acção dramática,
determinando intrinsecamente a sua própria forma de criar o
fenómeno causa-efeito que irá fazer desenrolar o texto dramático
.
Todas as cenas escritas pelos formandos serão constantemente
questionadas, tendo em conta as premissas de causalidade, ou
seja, o que faz as personagens agirem de determinada forma,
evitando o famigerado "porque sim".
Em seguida, será celebrado o momento que encerra a idiossincrasia
da personagem teatral. É preciso caracterizá-la sem a apresentar,
mas deixando que a acção a vá definindo e dando textura e
complexidade, fugindo à unilateralidade e à tipificação.
Na sequência deste processo empírico de identificação serão
tecnicamente abordados os níveis de linguagem, de modo a que o
leitor/actor/encenador não seja sequer obrigado a ler o nome da
personagem para saber que é ela que diz aquela frase ou executa
aquele gesto.
Todo este aglomerar de premissas e construções serão, então,
incluídos num espaço-tempo definido ou indefinido, dependendo da
estética do aluno, dando corpo e coerência à peça de teatro.
Com esta teia montada será altura de a organizar através de uma
arquitectura capaz, sólida e sem falhas, limando as arestas de um
enredo que deverá ser apetecível, complexo, ainda que
paradoxalmente, simples e vibrante em termos sonoros, agradando
às vozes e corpos de actores e ouvidos e corpos do público.
"Estes passos são os que tento sempre dar quando escrevo
por isso, e por não o saber fazer de outra maneira, darei esta
opção de método de escrita para teatro a todos os que me quiserem
ouvir para que ouçam, dialoguem, corrijam, cresçam e me façam
crescer."
João Negreiros
Para mais
informações:
Contacto telefónico: 965530263/964344093