Boa Música e ''casa'' cheia... o entusiasmo esteve ao rubro
Sábado,07
MESA
Era meia-noite e quinze quando os MESA subiram ao palco para dar
um concerto consistente, que começou com ''Telechuva'' tema que
fará parte do próximo álbum, ''Vitamina'', a sair em Setembro.
Mónica Ferraz contagiou com a sua energia, não houve tempos
mortos e a música saiu com uma cadência electrizante.
Em entrevista depois do concerto, Mónica confidenciou que o
próximo álbum será um pouco mais introspectivo que
''Esquecimento''. Que foi fantástico ler o eco das canções nos
lábios do público de Braga. E que quando entra em palco cria como
que uma curta-metragem objectiva, directa e irreverente. ''Sou
uma rapariga de extremos, sou assim''!
GNR
Foi uma boa noite para os GNR, a ''casa'' estava cheia e o
entusiasmo abundava. Reininho, que já não tem o vigor dos anos
90, foi profissional e não desiludiu, incorporando sobriamente as
personagens que canta. Enfim, são uma máquina bem afinada estes
GNR.
Domingo, 8
BOITEZULEIKA
Apesar da relativa pouca experiência em grandes palcos ao ar
livre, os Boitezuleika preencheram bem o espaço e não se
constiparam, não deixando no entanto de contagiar os presentes
com a sua música feita de muita influência Bossa Nova.
REAMONN
O Gatódromo quase encheu para ''ouver'' os Reamonn. O concerto
foi repleto de interactividade, com um Garvey muito comunicativo
com o público, que era maioritariamente feminino. O alinhamento
teve como base o álbum ''Beautiful Sky'' e ''Raise your hands''
foi a frase comando que a audiência fez questão de cumprir.
No fim da actuação, ao contrário do esperado, não houve contacto
com a imprensa. Cansaço ou vedetismo?
Segunda, 9
LULLA BYE
É verdade que os espectadores atraídos pela sua música, no início
do concerto, não abundavam. E para ''juntar à festa'', a
intempérie que se abateu sobre Braga levou a que só um nicho de
resistentes assistisse à parte final do concerto.
De todos os modos é devido aos Lulla Bye algum reconhecimento
pela infrutífera luta contra as condições climatéricas e pela
fuga em palco à conotação pop
que lhes é dada.
BANDA EVA
A Banda Eva, cujo nome vem da estrada onde o trio eléctrico da
banda passava, a Estrada Velha do Aeroporto, tem origem no início
dos anos noventa na Bahia. É um dos mais famosos grupos de música
axé, com uma forte conotação dançante.
Terça, 10
DEALEMA
Boa prestação dos Dealema, que estiveram bastante interactivos
com o público e continuamente incentivaram a participação deste
no espectáculo.
Fuse, Mundo e companhia transportaram para um grande palco a
actuação que já os vi dar em espaços fechados e mais pequenos.
Sendo certo que tal alinhamento tem como objectivo estabelecer
uma maior proximidade com o público é verdade também que não
resulta inteiramente em espaços como o gatódromo.
DA WEASEL
Foi sem duvida o mais concorrido e explosivo concerto deste
Enterro. Pac e Virgul são os pilotos desta máquina bem afinada
que entra velozmente no ouvido, provoca arrepios nas ''lentas'' e
emoções descontroladas nos temas mais rock.
O concerto decorreu como era esperado e para encanto de um
recinto a rebentar pelas costuras. Os Da Weasel executaram um
alinhamento muito bem estruturado que levou a audiência ao rubro.
Nos ''tempos mortos'' entre temas exploraram sonoridades desde o
Reggae à Bob Marley (I hope you like Da Weasel too) até ao Rock
psicadélico dos White Stripes, suscitando sempre a colaboração do
público, fazendo assim do espectáculo um acto contínuo, do qual
não se desprende a atenção.
Após o concerto, Virgul confidenciou que gostou do público, que
não existe nenhum trabalho novo na calha e que regressarão
brevemente à zona de Braga, provavelmente em princípios de
Agosto.
Quinta, 12
RED BEATING TOYS
Foi a banda que abriu o palco na última noite do Enterro da Gata.
Para desilusão dos elementos desta, a chuva fez questão de estar
presente. Contudo apesar do dilúvio conseguiram cativar com o seu
rock fluido cerca de cento e cinquenta entusiastas.
PLAZA
Nascem em pleno processo criativo dos ex''Turbo Junkie'', os
irmãos Praça, que inicialmente não concordam muito com o rumo
definido por Quico Serrano. Chegam à conclusão que já não são
''Junkies'' e chamam PLAZA ao novo grupo, na realidade os Plaza
nada se assemelham aos Turbo Junkie.
Escolhem ''Meeting Point'' para nome do primeiro trabalho, onde
se podem encontrar influências ''retro'' do pop dos 70 e 80
envoltas em roupagens Drum&Bass e por vezes house. Electro
pop de aplicação directa nas discotecas, psicadélico. É um
trabalho muito ecléctico, com sabor a muitos ingredientes, que
sendo consumido rapidamente corre o risco de ser mal digerido.
THE GIFT
Aparecem em 1994 como projecto paralelo dos Dead Souls. Depressa
se dá o salto de um projecto para o outro na ânsia de
experimentar outras sonoridades. Já com a carruagem em andamento
surge Sónia Tavares, que de forma tímida se foi impondo. Alguns
concertos acontecem, até que em Maio de noventa e sete nasce
''Digital Atmosphere'', sem edição comercial, com o intuito de se
mostrarem aos média e às editoras, o que acaba por não acontecer,
pelo menos como esperavam.
Em Novembro de 1998 dão à luz o filho tão desejado ''Vinyl'' e
finalmente alcançam o reconhecimento tantas vezes esguio e
fugidio. Depois surge ''Film'', álbum que denota uma crescente
maturidade e onde Sónia explana com carisma e sensatez a sua
avassaladora voz.
''AM-FM'', o último álbum, transporta uma boa dose de intensidade
romântica, sendo a voz de Sónia uma vez mais o elemento central
na tela sonora, electrónica e sofisticadamente composta por John
e Nuno Gonçalves.
Recinto quase cheio numa noite muito chuvosa, o que prova que os
Gift são uma banda consolidada da nossa praça. Foi um concerto
intenso, onde Sónia numa postura muito ''na boa'', por vezes
cruamente romântica, comunicou com o público fazendo reflectir o
seu entusiasmo na participação deste.
Comentário aos Concertos / Entrevistas
Por Vasco Enes Domingues