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Academia, 05.11.2008
Caminhada AAEUM – Minas das Sombras (Espanha)
Gêres
Em 26 de Outubro, a Associação dos Antigos Estudantes da Universidade do Minho (AAEUM) realizou mais uma das suas actividades de pedestrianismo, desta vez saindo das fronteiras nacionais, com uma rápida incursão pelo Parque Natural Baixa Limia - Serra do Xurés, explorando a face Galega da Serra do Gerês.
Eram 8h00 quando o grupo se começou a reunir no ponto de encontro habitual, a Pastelaria Montalegrense. A esta chamada compareceram 35 caminheiros, constituídos maioritariamente por antigos alunos, a que se juntaram também professores, funcionários, alunos e alguns convidados. As caminhadas da AAEUM são abertas a toda a Comunidade Universitária, porque acreditamos que é esta a nossa dimensão: ser um ponto de encontro entre o passado, o presente e o futuro.
A mudança da hora tinha favorecido os mais ensonados, mas trazia também o inconveniente de anoitecer mais cedo, razão pela qual, após as últimas compras para mochila, o grupo fez-se rapidamente à estrada depois de combinar a partilha de boleias entre os participantes. Na fronteira da Portela do Homem reagrupamo-nos e dirigimos-mos à Ermida da Nosa Señora do Xurés (Vilameá). A ermida é uma pequena capela que a tradição diz ter sido construída há mais de 600 anos após aparições da Virgem e onde anualmente se celebram os dias 15 de Agosto e 8 de Setembro com romarias populares. A construção actual está muito diferente da inicial, mas dela apreciam-se umas fantásticas vistas sobre a Serra de Santa Eufémia e Vale do Rio Caldo que por si só valem uma visita.
Pelas 10h30 o grupo estava pronto a caminhar. O trilho das Sombras é um trilho marcado pelo Parque Natural Baixa Limia - Serra do Xurés e é relativamente fácil de fazer, com uma dificuldade que se pode considerar média. No entanto, não é muito aconselhável em dias quentes de Verão, ainda que o seu nome possa sugerir o contrário. É que não há sombra na maior parte do percurso e, apesar do trilho se desenvolver junto ao Rio da Amoreira, que nos convida a mergulhar nas piscinas que forma ao longo do vale, a caminhada pode tornar-se bastante dura. O trilho é muito fácil de seguir e praticamente não requer navegação.
A ritmos diferentes, o grupo subiu até às Minas das Sombras onde fizemos uma paragem mais demorada para a alimentação principal e investigar o que resta da exploração mineira. As minas são um testemunho de um passado para o qual (como para as minas portuguesas dos Carris) muitos reclamam a musealização. Ambas tiveram o seu período áureo durante a segunda guerra mundial devido ao elevado preço do volfrâmio. Nesta época, foram muitos os que exploraram os diversos filões da serra em condições muito rudimentares e que por lá deixaram espalhados restos de sonhos de riqueza abandonados. E se os Carris e as Sombras foram as explorações mais conhecidas, não foram as únicas e muitos mais foram os locais onde as populações se dedicaram a explorações clandestinas num jogo de gato e rato com as autoridades.
Terminada a refeição, parte do grupo decidiu que ainda tinha pernas para fazer a ligação Sombras-Carris. Um caminho percorrido por gerações de mineiros que agora só caminheiros o mantém aberto. Eram mais dois quilómetros com um grau de dificuldade extra e quase 300 metros de diferença de cota. O grupo dividiu-se então entre os que continuariam e os que fariam a descida mais cedo. Ficando o local de encontro marcado para as famosas piscinas naturais de água quente.
Aos 1508 metros descansamos com as minas portuguesas à vista. Faltavam pouco menos de 15 minutos, mas havia ainda que fazer o trajecto de regresso e nesse dia já seria noite uma hora mais cedo. Descer seria imprudente, já que os mais lentos poderiam chegar aos carros já sem luz. Ficamos, no entanto, alguns minutos a contemplar a paisagem única que se alcança desde o marco geodésico dos Carris: Altar do Cabrões; Pico da Nevosa; Cornos de Candela; Castanheiro; Lamalonga; Borrageiro até às Lagoas do Marinho e restante rendilhado da serra. Mais longe, no horizonte, alcançava-se ainda a Serra da Cabreira, Pitões (destino da próxima caminhada) e Montalegre.
Regressados aos carros fomos ao reencontro dos restantes caminheiros e do merecido banho retemperador sobre um céu estrelado. Na despedida, a vontade de todos era voltar.
Texto: Jorge Louro
jorge.louro@gmail.com
Arquivo de 2008