O subfinanciamento crónico, a falta de reconhecimento, a falta de docentes, a escassez de receitas, a exigência anual, pelo Estado, de um equilíbrio orçamental, são alguns dos problemas elencados pelo Presidente da EPsi e que vêm lesando a Escola no seu presente e colocando em causa o seu futuro, apesar disso, o responsável aponta o desejo de “fazer da EPsi uma Escola de excelência e tudo o isto implica”.
Segundo Miguel Gonçalves, o subfinanciamento tem afetado a aposta da instituição nos seus projetos de investigação, “principalmente na falta de liquidez para executar projetos de investigação”, disse. Questionando sobre “qual o impacto do financiamento nacional do Orçamento do Estado (OE) aumentar à medida que se perdem estudantes e diminuir à medida que se tem mais estudantes?”, lembrando que “bastava que a lei do OE fosse atualizada para isto se resolver”, indicou.
Além deste obstáculo, o presidente afirmou que “a psicologia tem um problema, uma relativa invisibilidade social”, assinalado que tanto a psicologia como e EPsi tem “dificuldade em mostrar a evidência científica que vai emergindo da nossa investigação”, realçando que a ordem dos psicólogos portugueses tem feito um trabalho “meritório na divulgação da informação científica”, mas existe dificuldade na apresentação da informação científica, “existindo falta de transparência e publicitação dos dados dos tratamentos psicológicos”. “Comunicar melhor a ciência que fazemos, bem como a prática que decorre desta, é um imperativo social”, afirmou.
Em representação do Reitor da UMinho, o vice-reitor para a Inovação e Investigação, Eugénio Ferreira, realçou a “qualidade” do trabalho feito pela EPsi nas suas diversas áreas, educação, investigação e interação com a sociedade, afirmando que está neste momento em consulta pública “a criação da carreira de gestor de ciência e tecnologia”, que na UMinho irá enquadrar muitos dos investigadores que estão em contratos prestes a terminar, e dessa forma poderão prosseguir a sua atividade.
Explanando algumas das agendas que estão em curso na UMinho, desde a transformação na educação, reforço da qualidade da investigação e da inovação, promoção da cultura, interação e desenvolvimento do território, reforço da internacionalização, aposta na qualidade institucional e simplificação administrativa e reforma institucional, afirmou “tudo isto num quadro em que procuramos melhorar e garantir a estabilidade e autonomia financeira”.
Sobre o contexto político nacional, expôs que estão em curso novos processos que “vão afetar a vida das Instituições de Ensino Superior”, tais como, a alteração da forma de acesso ao ensino superior, um novo modelo de financiamento das universidades, a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), do estatuto da carreira docente universitária, do estatuto da carreira de investigação, da lei de graus e diplomas, “todo este contexto político vai certamente impactar, nos próximos tempos, a vivência da UMinho e das Instituições de Ensino Superior em Portugal” declarou.
O programa de comemorações estendeu-se pelo dia todo, com duas palestras, a “Diversidade, incerteza e risco – os uns e os outros”, por Laborinho Lúcio e “Contributos da Psicologia para um ponto final à pobreza”, por Tiago Pereira, da direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Houve ainda lugar para entrega de prémios e reconhecimentos e uma breve atuação musical de alunos do mestrado em Psicologia Clínica e Psicoterapia de Adultos.
Nascida em 2009, a EPsi tem 674 alunos inscritos em 13 cursos, 29 docentes, 26 investigadores e sete trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão.
Texto: Ana Marques
Fotos: Nuno Gonçalves