"A procura da nossa Escola no ingresso no ensino superior materializou-se, pelo 3.º ano consecutivo, na classificação mais elevada a nível nacional do último colocado”, começou por dizer a presidente da ESE, Esperança do Gago. Salientando a qualidade da Unidade Orgânica (UO) e realçando a “procura incessante de conhecimento e desenvolvimento de práticas pedagógicas”, o que levou a Escola a obter para 2022-23, a aprovação de quatro projetos submetidos ao Centro Ideia Minho, sendo que estão em submissão dois 2.ºˢ ciclos, e em conceção mais três novos 2.ºˢ ciclos a serem submetidos em 2023.
A nível da investigação, a ESE iniciou outra etapa com a formalização do Centro de Investigação em conjugação com a unidade da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
“A Escola está a percorrer o seu caminho”, disse, contudo, Esperança do Gago lamenta a falta de recursos humanos, docentes e pessoal técnico, administrativo e de gestão. Assinalando o corpo docente envelhecido, “a ESE conta com um corpo docente composto por 27 professores, dos quais 12 têm idades entre os 50 e 60 anos e sete têm mais de 60 anos”, expôs, patenteando que “tem havido aposentações, mas não recrutamento para substituição" nos dois corpos de trabalhadores. A professora invocou ainda o "princípio de justiça" na Universidade, referindo que os docentes da ESE lecionam, em média, 12 horas por semana e os colegas das restantes UO apenas 9 horas. Além disso, referiu que a ESE tem ainda mais semanas de período letivo que as restantes escolas. Perante estes factos, a presidente aproveitou para apelar ao “reforço orçamental” para ultrapassar os diversos constrangimentos.
O reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, felicitou a Escola e realçou a sua qualidade, “feliz é a Escola que tem a qualidade dos estudantes que aqui intervieram”, assinalando a juventude da Escola e o “capital de conhecimento” que transporta.
Posto isto, focou a sua intervenção na questão da possibilidade da atribuição de doutoramentos pelos politécnicos e na alteração da designação destas instituições, considerando que “vão provocar um movimento de indiferenciação do ensino superior e de desvalorização do ensino politécnico”, declarando que as iniciativas legislativas aprovadas pela Assembleia da República poderão levar a uma “estratificação das instituições de ensino superior”.
Com isto, Rui Vieira de Castro teme que, nos próximos anos, o país conte com mais de 30 universidades, instituições que, afirma, “poderão ficar desertas ou ser obrigadas a fusões, visto que a população portuguesa continua a diminuir”.
O responsável máximo da Universidade refere que “devemos ocupar-nos das matérias importantes”, apontando como “desafios” da ESE, a revisão da sua oferta educativa em curso, a inovação pedagógica e capacitação dos docentes, e a formação doutoral que é outra aspiração da Escola, que “não deverá ignorar o contexto institucional”, ou seja, a ligação com outros saberes da Universidade.
Em resposta à falta de docentes da Escola, o Reitor referiu que o recrutamento “não deverá seguir um critério de substituição”, mas ser “estratégico e vinculado ao futuro da Escola”.
Texto: Ana Marques
Fotos: Nuno Gonçalves