Tradicionalmente, a Educação, em termos de aprendizagens das atitudes e comportamentos, é da responsabilidade da Família, enquanto a Formação, no domínio da educação das aprendizagens inerentes, é função das Escolas. Estes dois vocábulos - Educação e Formação - aparecem em quase todos os diplomas que visam transformar e dar sustentação às economias, tal como acontece com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para Portugal. O mesmo sucede com os outros conceitos, tais como competências, qualificações dos trabalhadores, aprendizagem ao longo da vida e coesão económica, social e territorial. Nesta perspetiva, a educação é assumida como uma placa giratória para o desenvolvimento consistente das economias e das relações sociais sadias. Assim, faço a pergunta: como encaramos, todos nós, a missão da educação, já que o objetivo central da Escola não é formar super-heróis, mas seres humanos encantadores que se conheçam, que tenham consciência das suas fraquezas e dos seus próprios limites e que estejam sensibilizados para, sabiamente, lidarem e gerirem os desafios da realidade quotidiana? Com que sentimento e respeito olha a sociedade, e todos os elementos envolvidos no processo educativo, para a educação como uma variável de autonomia dos humanos e de promoção das democracias? Afinal, o que falta para se transformar o tradicional sistema de ensino-aprendizagem em instrumento de suporte à sustentabilidade económico-social e ao desenvolvimento holístico dos cidadãos? E como se redefine o papel do ensino e a missão das Escolas para que os resultados convirjam para os objetivos da economia de bem-estar? A este propósito, parece-me que só com os olhos da alma se poderá ver a importância estratégica da educação e da formação no desempenho económico-social. Por isso, entendo que, para se operar uma verdadeira reforma nas metodologias ensino-aprendizagem, o sistema educativo necessita de uma profunda transformação. Esta é uma necessidade prioritária porque o mundo está a caminhar para uma sociedade em transformação estrutural, onde se exige que se ouça com o coração, que se sinta com os ouvidos e que se veja com afeto. Para tal, a Escola do séc. XXI deve formar o cidadão como “ser” pessoa completa, mesmo que não perfeita, para a sociedade poder contar com uma massa humana mais sábia, mais humanizada e que seja instrumento de promoção da coesão das democracias e da paz no mundo.