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Academia, 23.02.2022 às 16:19
Escola de Ciências pede atenção ao Governo para o Ensino Superior
A Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) comemorou no passado dia 21 de fevereiro, o seu 47.º aniversário, chamando a atenção do Governo para o Ensino Superior e alertando que não pode deixar de considerar o ensino superior um eixo prioritário para a sustentabilidade económica e social do país. O Reitor, Rui Vieira de Castro, lembrou a necessidade de uma reflexão sobre a oferta de cursos da Academia, alertando para o chamado “inverno demográfico”.

“É escandalosa a escassez de propostas para o ensino superior, ciência e tecnologia em particular”, começou por dizer o presidente da ECUM, José Manuel Méijome. Alertando que o ensino superior atual, assente no “fio da navalha”, não é sustentável “nem responde aos desafios que o país e o mundo tem pela frente”. Pedindo aos governantes “uma visão ao nível da importância que o ensino superior tem em qualquer sociedade do sec. XXI”, e aos representantes das instituições de ensino superior “uma voz mais audível em Lisboa”. 

Sobre o ano 2022, o responsável da ECUM pretende colocar em debate os planos estratégicos que os departamentos elaboraram e que visam o aumento da oferta educativa e da investigação, e o modo como é feita a interação com a comunidade. No âmbito pedagógico, referiu que a Escola pretende pôr em funcionamento a maior parte dos cursos breves, oferecidos no âmbito da "UMinho Education Alliance", diga-se Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), bem como outros cursos conferentes de grau. Desejando ainda “consolidar” o Observatório da Procura, Evolução e Abandono nos cursos conferentes de grau, bem como fomentar uma discussão na procura de ganhos de eficiência na alocação dos serviços letivos; incentivar candidaturas na área de investigação científica a quadros europeus de financiamento; e estimular a identificação de candidaturas competitivas e procurar apoiá-las.

Sobre as instalações da ECUM, o presidente disse encontrar-se em desenvolvimento “um plano de intervenção em diversos espaços que dignifiquem e modernizem as nossas instalações”, assinalando que o caminho faz-se “com um passo firme no presente, atentos aos ensinamentos do passado e com a visão no futuro, na base de um plano bem delineado que nos permita avançar”, concluiu. 

“Devemos sentir-nos orgulhosos do percurso que a Escola foi fazendo ao longo do tempo”, começou por dizer o Reitor da UMinho.

Indicando que a Universidade tem atualmente mais de 230 cursos (licenciatura, mestrado e doutoramento), o responsável pediu uma reflexão “face aquilo que nós sabemos que vai acontecer, o chamado inverno demográfico”, sublinhando que este “está a abater-se sobre a Universidade”, importando saber se se justifica a manutenção de "um número tão elevado de cursos” e se se justificam “face àquilo que é hoje a procura social”, disse.

Foi desta forma que Rui Vieira de Castro defendeu a revisão da oferta educativa conferente de grau, apontando para uma ponderação sobre a “reorientação da Universidade no que diz respeito à sua oferta educativa para outras modalidades e para outros tipos de curso”, indicando a “UMinho Education Alliance” como um projeto “piloto”, de ensaio para algo que provavelmente vai ser parte do futuro da Universidade. “Com muita probabilidade vamos ser cada vez mais confrontados com a necessidade de formações mais curtas, em modalidades mais flexíveis e mais capazes de responder àquilo que são necessidades identificáveis e percebidas na sociedade e na economia”, afirmou. 

Sobre a investigação, assinalou o “número excessivo de unidades de investigação” e apontou no sentido de uma “agregação”, afirmando que uma atitude de abertura à mudança da parte das unidades orgânicas e responsáveis dos centros de investigação “parece-me profundamente saudável”. 

Sobre os investigadores e o seu futuro, o responsável máximo da UMinho garantiu que “temos no meio de nós uma bomba relógio”, relacionada com a aproximação do final de contrato de um número “muito significativo” de investigadores.  Sublinhando que “não é um problema resolvível pela Universidade” e admitindo que “é preciso agência política”, alertou para os danos que o país pode “incorrer de uma não resolução do problema” da contratação dos investigadores, apelando a quem poderá ter mais força para se fazer ouvir. 

Sobre a reforma estatutária que será realizada na UMinho, o Reitor indica como orientação principal “o reforço da autonomia das unidades orgânicas” da Universidade, a qual será lançada no 2.º trimestre deste ano, “é a nossa afirmação organizacional que vai estar em causa”, frisou. 

Durante a sessão comemorativa, os alunos da ECUM anunciaram que será lançada uma revista digital para divulgar ciência e artigos científicos nas áreas da Biologia, Ciências da Terra, Física, Matemática e Química. Com artigos redigidos em inglês, a “JUS - Journal UMinho Science” terá periodicidade semestral.

Texto: Ana Marques 

Fotos: Nuno Gonçalves

 

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