A consciencialização de uma Era da globalização nunca foi tão marcante quanto o momento em que todos assistimos ao “despertar” de uma pandemia. Na cidade de Wuhan, na República Popular da China, foi divulgado em dezembro de 2019 que um vírus da estirpe do coronavírus estaria a infetar a população local e a propagar-se de forma galopante. A sua letalidade rapidamente espalhou o terror pelas imagens, ao minuto, que todos conseguimos acompanhar nos diferentes países.
A rápida disseminação da doença à escala mundial compreende-se ao analisarmos os dados divulgados no site flightradar24 onde, em 2019, foram registados cerca de 125 mil voos comerciais num total de 4,5 mil milhões de passageiros embarcados no mesmo ano, o que aponta para uma intensa interconexão entre países. Por outro lado, os altos fluxos migratórios a que se tem assistido nas populações provenientes de zonas de conflitos armados, potencializaram a veloz disseminação do vírus.
O Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu, em conferência de imprensa, a 11 de março de 2020, que a epidemia por covid-19 atingiu o nível de uma pandemia devido ao registo de mais de 118 mil casos de infeção em 114 países e um registo de 4.291 mortes. Nas suas declarações históricas ressalvou que os “países podem ainda mudar o curso desta pandemia se detetarem, testarem, tratarem, isolarem, rastrearem e mobilizarem as pessoas na resposta”.
Nunca uma pandemia foi “controlada” num tão curto espaço de tempo. Recorde-se a gripe espanhola, 1918-1919, na qual se estima que tenha sido infetada cerca de um terço da população mundial (aproximadamente 500 milhões de habitantes) e que tenham ocorrido 50 milhões de óbitos, segundo os dados do Centers for Disease Control and Prevention (USA). No entanto, não houve conhecimento de “novas variantes” do vírus, uma vez que nessa época, não haveria a deslocação em massa das populações, tal como hoje assistimos.
O mundo, à escala global, mobilizou-se utilizando a oferta tecnológica e digital - marca inegável da Era em que vivemos - o que permitiu aumentar a rapidez de contato entre distantes países no globo. Tal facto, permitiu poder ler in time os resultados produzidos pelas investigações desenvolvidas e, partilhar a informação e o conhecimento. Formaram-se grupos de investigação e associaram-se cientistas nos diferentes países. Construíram-se sinergias a nível político e económico. Convocaram-se as populações para participarem e tomarem decisões sobre comportamentos de saúde, a nível individual e coletivo. Grandes DESAFIOS, grande MOBILIZAÇÃO, PARTICIPAÇÃO e RESPONSABILIZAÇÃO individual e coletiva.
Foi a este desafio que a Universidade do Minho se juntou e, em particular, a Escola Superior de Enfermagem. Como Unidade Orgânica (UO), responsável pela formação de estudantes na área da saúde, trabalhou com os seus estudantes para agirem em conformidade com as orientações da Direção Geral da Saúde (DGS), na resposta célere junto das populações.
Durante a pandemia por covid-19, os estudantes e professores, para além das múltiplas atividades que desenvolveram, também se associaram ao Centro de Medicina Digital P5, em parceria com a Escola de Medicina da Universidade, no sentido de monitorizar e esclarecer dúvidas à população sobre a covid-19, no sentido de melhorar a saúde das populações, complementando a rede de cuidados de saúde primários e hospitalares. Mais um desafio colocado, aceite e alvo de resposta, reforçando o alicerce do desenvolvimento pessoal e profissional dos futuros enfermeiros com competências capazes de responder ao mais alto desígnio o de contribuir para uma sociedade com melhores cuidados de saúde, onde impere a promoção de mudanças positivas no mundo do futuro.
Quando olhamos para trás percebemos que da inevitabilidade da pandemia surge a OPORTUNIDADE de um futuro melhor. A OPORTUNIDADE para se desenvolver um mundo mais coeso e solidário. A OPORTUNIDADE para se promoverem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU no sentido de se criarem mudanças positivas no mundo do futuro. Esses objetivos representam planos que todos os Estados-membros da ONU devem seguir. Dentre eles destacam-se: a erradicação da pobreza, a promoção da prosperidade e bem-estar geral, a proteção do meio ambiente e a mitigação das mudanças climáticas. Sejamos agentes de saúde e de mudança num mundo cada vez mais desafiador.