A literatura refere estudos em que os robôs são introduzidos em contexto de sala de aula, ou em contexto familiar, com crianças com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), tendo como principal objetivo apoiar os profissionais e as famílias, na promoção da melhoria das capacidades cognitivas, de interação e de comunicação social dessas crianças.
Esta temática tem merecido a atenção dos investigadores do Projeto Robótica-Autismo do Centro Algoritmi e do Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho. Assim, o objetivo principal do projeto tem sido, desde 2009, desenvolver um ambiente interativo baseado em plataformas robóticas que permita compreender, chamar a atenção e entrar em contacto com crianças/jovens com PEA. As atividades de investigação desenvolvidas neste projeto envolveram, e envolvem, a implementação e teste de ambientes de aprendizagem interativos, com diversas modalidades de interação (auditiva, visual) e com robôs. As atividades de aprendizagem consideradas englobam a exploração de competências motoras sensoriais e a oportunidade de comunicação e expressão de emoções, utilizando a tecnologia como mediador.
Até ao momento, trabalhamos com cerca de 70 crianças de diferentes estabelecimentos de ensino e associações dos distritos de Braga, Porto e Aveiro com idade entre 3 e 16 anos, com diagnóstico de PEA por profissional médico. Paralelamente às experiências, a maioria das crianças recebia intervenção semanal de terapeutas. As sessões ocorreram no ambiente conhecido da criança e em contexto individual, incentivando as relações triádicas entre a criança, o investigador e o robô. Cada teste teve uma duração fixa e foi gravado em vídeo para posterior análise de comportamentos. Os resultados foram quantificados em termos dos indicadores pré-definidos.
O robô pode ser um facilitador/mediador interessante na interação com crianças com PEA, bem como pode ajudar a captar a atenção e manter a concentração na atividade, promovendo interações triádicas e conduzindo a que estas crianças adquiram novas competências. Sempre utilizado em atividades complementares à intervenção tradicional e ajustadas a cada criança.
O que falta? Qual o caminho a seguir?
Diríamos, dotar o robô de um comportamento autónomo e adaptado a cada criança e a cada situação.
Este trabalho é o resultado da colaboração de vários investigadores e profissionais, escolas e associações, e, principalmente, crianças e jovens com PEA (http://robotica-autismo.dei.uminho.pt/).