Licenciada em Serviço Social, está no Departamento de Apoio Social (DAS) dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho (SASUM) desde 1986/87.
Qual o seu percurso profissional antes de chegar aos SASUM?
O meu primeiro trabalho, que ocorreu antes do ingresso no Ensino Superior, foi como explicadora; a segunda atividade profissional, que iniciei no ano de conclusão do curso, foi como professora do Ensino Secundário, durante quatro anos letivos. No ano anterior ao ingresso nos SASUM participei num estudo multidisciplinar, na área da Saúde em ambiente hospitalar, sobre a situação socioeconómica das famílias das crianças internadas no Serviço de Pediatria, no sentido de programação do modelo assistencial adequado àquele Serviço.
Nos SASUM esteve sempre ligada ao apoio social?
Sim, desde que iniciei a minha atividade profissional nos SASUM, trabalhei sempre na área da minha formação académica: o Apoio Social a pessoas em situação de carência socioeconómica.
O que mais a motiva no dia a dia no desenvolvimento do seu trabalho?
O sentido de responsabilidade da DB, saber e sentir, diariamente, como é importante o apoio social aos estudantes economicamente carenciados.
A solidariedade e extrema dedicação da equipa da DB em prol de objetivos comuns no interesse da população discente.
Os princípios e valores interiorizados em todas as pessoas que constituem a equipa de trabalho como: proximidade com os estudantes primando por um atendimento personalizado; justiça social e rigor na aplicação das normas legais; transparência nos procedimentos e informações; partilha de conhecimentos; confiança mútua e lealdade recíproca.
A abertura na comunicação, dominante no ambiente de trabalho; o espírito de interajuda, que muito contribui para o bem coletivo.
Por último, mas não menos importante, o alento associado ao facto de integrar a equipa de Qualidade dos SASUM, procurando a constante melhoria de procedimentos e métodos de trabalho, contribuindo para manter uma estrutura segura e confiável, alinhada por um patamar de Excelência.
Como é um dia de trabalho de Ana Paula Machado?
É geralmente longo, não tendo uma dinâmica rotineira, pois diariamente surgem situações novas para resolver, implicando céleres soluções e alterações do plano das tarefas que têm de ser realizadas com frequência diária.
Naturalmente, como responsável da DB, o âmbito das minhas funções é a gestão do processo de atribuição de apoios sociais diretos aos estudantes economicamente carenciados, cujas situações socioeconómica e académica se enquadrem nos requisitos legais vigentes.
É um desafio constante agilizar o processo de atribuição de bolsas de estudo, cujo universo atual inclui 7030 candidaturas e 5500 bolseiros, concomitantemente com a envolvência no apoio social a estudantes economicamente carenciados não elegíveis para bolsa e candidatos ao FAS da UMinho. Obviamente, só é possível dar resposta ao volume de trabalho em causa, mediante o compromisso de toda a equipa de trabalho com o máximo de empenho profissional.
No quotidiano laboral da DB é uma constante o tratamento de diversos casos com caraterísticas especiais, que implicam morosidade na resolução, cujo grau de complexidade e elevado número de elementos a analisar exigem muito tempo de trabalho em equipa, de forma a que a atribuição dos apoios seja consentânea com as reais necessidades económicas dos candidatos e com os percursos académicos, no devido enquadramento legal.
Todos os dias de trabalho têm de ser pautados pelo equilíbrio entre ponderação e celeridade na resolução das diversas solicitações à DB.
Gosta do que faz?
Gosto de trabalhar na área de conhecimento da minha formação académica, com funções direcionadas para a população discente em situação de vulnerabilidade socioeconómica, contribuindo para promover uma efetiva igualdade de oportunidades no que concerne o sucesso escolar entre todos os estudantes.
Agrada-me a sincronia de ações e responsabilidades de todos os que estamos envolvidos no processo de atribuição de apoio social direto.
Considero ser um privilégio a aprendizagem diária de competências e conhecimentos, simultaneamente com a gratificante possibilidade de auxiliar os estudantes economicamente mais carenciados no decurso dos seus estudos, visando o sucesso do projeto educativo.
Como caracteriza o trabalho que é feito no DAS?
No DAS existe uma confluência de responsabilidades atinentes à atribuição dos apoios sociais diretos (bolsas de estudo e complementos) e indiretos (alojamento e apoio clínico) no sentido de garantia do bem-estar dos estudantes na frequência da Universidade, colmatando dificuldades inerentes: à carência económica, ao afastamento da residência do agregado familiar e ao estado de saúde.
Qual a situação ou situações (casos que tratou) que mais a marcaram, seja pela positiva ou pela negativa?
Por norma, tento que as situações não deixem marcas negativas, revertendo-as no sentido de aprendizagem partilhada com a equipa de trabalho, bem como de incremento da resiliência e da perspicácia, para resolvermos qualquer problema, sabendo lidar com as diversas situações e inerentes idiossincrasias.
Tenho tratado mais casos marcantes pela positiva, dos quais destaco a importância do apoio social a estudantes em situação de extrema carência económica, ou àqueles que foram alvo de agravamento da situação socioeconómica, mediante a brusca perda dos pais e a expensas próprias conseguiram ajudar/sustentar os restantes elementos do agregado familiar, conciliando o trabalho e os estudos; marcou-me a imensa força de vontade desses estudantes e o valor que deram ao nosso apoio e à atribuição da bolsa de estudo na prossecução e conclusão dos estudos.
Como olha para o futuro?
Considero que o futuro se constrói com a aprendizagem e conhecimentos que adquirimos diariamente e a experiência que ganhamos do passado. A situação pandémica que vivemos, tem vindo a exigir reforços nos apoios sociais; neste contexto, espero que a urgência de resposta a situações de comprovada vulnerabilidade, contribua para efetivar a simplificação administrativa.
Espero que também traga reflexão em melhores práticas dos direitos humanos e medidas legislativas cada vez mais adequadas à realidade, viabilizando a correção das acentuadas assimetrias socioeconómicas.
Pese embora a atual conjuntura, olho para o futuro com esperança em inovadoras oportunidades de trabalho para os jovens, no desenvolvimento de novos talentos, assim como na valorização da experiência, saber e competências dos mais velhos, fortalecendo a aprendizagem mútua no sentido da evolução profissional, aproveitando as novas tecnologias, sem esquecer o contacto humano.
O que ainda não fez?
Gostaria de promover um convívio entre pessoas dos SAS do Ensino Superior que trabalharam e trabalham ligadas ao apoio social aos estudantes, para partilhar experiências profissionais e conhecimentos, bem como gerar novas ideias.
O que gosta de fazer nos tempos livres?
Praticar Pilates e dança; caminhar na Natureza.
Uma música e/ou um músico?
Desert Rose / Sting
Um lugar?
Uma praia onde, ao pôr do sol, tenho o privilégio de desfrutar de uma melodia natural, composta pelos silêncios, sons do mar e dos pássaros.
A Universidade do Minho?
Uma jovem Universidade que acompanho desde os seus 13 anos e tenho orgulhosamente visto evoluir, a passos largos, em vários domínios, nomeadamente no científico. É também o lugar onde, há 34 anos, tenho vivido grande parte da minha vida.
Texto: Ana Marques