Decorrida no Salão Medieval do Largo do Paço, em Braga, a cerimónia contou ainda com as intervenções do presidente da Associação Académica, Rui Oliveira, do presidente do Conselho Geral, Luís Valente de Oliveira, tendo ainda incluído a atribuição do título de Doutor Honoris Causa a Angel Carracedo, a entrega do Prémio de Mérito Científico a Patrícia Jerónimo, a atribuição de títulos de Professor Emérito a Cecília Leão e José Maia Neves, e ainda a entrega dos diplomas de reconhecimento aos funcionários mais antigos, os prémios escolares e as cartas doutorais.
“Esta é uma comunidade que se encontra em contínua transformação”, destacou o reitor da UMinho, referindo que a Academia atingiu, no final de 2019, “um total de 19 697 estudantes inscritos”, contando atualmente com cerca de 6 600 estudantes de licenciatura, 6 400 de mestrado integrado, 5 000 de mestrado, 1 700 de doutoramento e 2 850 estudantes estrangeiros. “Estes números, em que temos orgulho, exprimem bem a confiança que a sociedade deposita na UMinho como Instituição que pode contribuir para a construção de percursos profissionais e pessoais qualificados”, disse.
Realçando o incentivo ao emprego científico que tem sido levado a cabo, no final de 2019 a UMinho tinha 360 contratos celebrados com investigadores e 610 bolseiros em atividade, número que quase sextuplicou num ano. Sobre esta área, disse ainda que 84% dos 31 centros de investigação da Instituição, representando mais de 91% dos seus investigadores “obtiveram as classificações máximas de excelente e muito bom, o que significou um importante resultado para a UMinho”. Ainda no que toca à investigação, a Academia viu serem aprovados 92 novos projetos de investigação, com um orçamento total de cerca de 37 milhões de euros. Atualmente tem em desenvolvimento 507 projetos de investigação, com um financiamento global de 151 M€. “Uma avaliação recentemente feita pela CCDR-N identifica a UMinho como a Instituição que mais financiamento captou até agora no quadro do Horizonte 2020”, afirmou.
Quando à docência, a Academia Minhota tem 875 docentes de carreira e 153 docentes convidados, reconhecendo Rui Vieira de Castro que esta tem “um corpo docente envelhecido” e enfrenta, por isso, o desafio da “renovação”, afirmando que esta se aproxima “rapidamente de um momento de mudança geracional, que tem que ser feito em condições tais que permita uma adequada transferência dos saberes acumulados”.
Quanto aos trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão cifram-se em 634, garantindo que o Programa de Regularização de Vínculos Precários da Administração Pública está “praticamente fechado”, com a integração de cerca de 110 trabalhadores, um processo que qualificou de “atribulado”.
Indicando que a UMinho tem “uma oferta educativa inovadora e socialmente reconhecida”, revelou que em 2019, foram submetidos para acreditação sete novos cursos de mestrado e doutoramento em áreas como as media arts, a avaliação aplicada à formação nas profissões da saúde ou o fabrico digital direto. Afirmando que o “aumento contínuo da qualidade da educação e da formação dos estudantes da UMinho é uma prioridade da Universidade”.
Rui Vieira de Castro patenteou ainda uma das grandes preocupações da Academia atualmente, o melhoramento dos seus espaços, garantindo que “melhorar os espaços da Universidade e aumentar a qualidade de vida da comunidade académica são objetivos que a UMinho persegue em contínuo”, destacando, neste sentido, a apresentação pública em 2019, do Plano de Desenvolvimento Integrado do Campus de Azurém, e afirmando que “o mesmo acontecerá em 2020 para o Campus de Gualtar”. Além disso, no AvePark iniciou-se a construção do novo edifício da TERM (Tissues Engineering and Regenerative Medicine) Research Hub, denominado Instituto Cidade de Guimarães, e, em estreita articulação com as autarquias de Guimarães e de Vila Nova de Famalicão, passará a dispor em 2020 de novas instalações para o desenvolvimento de projetos pedagógicos, no primeiro caso, e científicos no segundo. Segundo o Reitor, o edificado é uma área “crítica” na Universidade, contestando “a inexistência de programas de financiamento de intervenções de conservação”, o que obriga a Universidade a recorrer às suas receitas próprias para este efeito.
O reitor chamou ainda a atenção para o problema do alojamento estudantil, assinalando que "o alargamento da base social do Ensino Superior requer efetivas medidas do Estado ao nível da ação social e a resposta tem sido frustrante".
Não esquecendo que o ano de 2019 foi particularmente rico para a UMinho no plano desportivo, o responsável máximo da UMinho lembrou alguns factos como, a atribuição à UMinho da Medalha de Honra ao Mérito Desportivo, feita pelo Ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, o reconhecimento da UMinho como a Melhor Universidade Europeia da Década, pela European Universities Sports Association, e, finalmente, a outorga pela Federação Académica do Desporto Universitário do Prémio Prestígio, convocando a Instituição a “prosseguir o caminho que vem fazendo neste domínio”.
Já Rui Oliveira direcionou o seu discurso para a cooperação institucional, assinalando que a Associação Académica partilha das estratégias e áreas de ação definidas como importantes pela Reitoria, entre elas, a promoção de estratégias de internacionalização, de qualidade institucional, de inovação pedagógica, da qualidade de vida nos campi e da sustentabilidade, áreas que a própria Associação “chamou também para si, mostrando a sua atitude cooperante e atenta para com o desenvolvimento da Universidade como um todo”, disse.
Sendo que o principal foco do seu discurso foi, novamente, e pelo "terceiro ano consecutivo", como frisou “o drama vivido pelos estudantes relativamente ao alojamento estudantil”. Lembrando que a Universidade do Minho e o Governo Português apontam estratégias conjuntas que contrariam a capacidade instalada pelo atual sistema e rede de ação social escolar. Questionando sobre: “Como é que vamos aumentar progressivamente o número de estudantes no Ensino Superior se não temos onde os alojar?”; “Onde está a prometida rede de alojamento?”; e “Porque é que continuamos com uma taxa de cobertura da ação social abaixo da média europeia?”. Afirmando que a AAUM “está totalmente concordante” com o Contrato para a Legislatura, assinado recentemente entre o Governo e as instituições de ensino superior, mas que é preciso garantir “a universalidade do acesso a todos os graus de Ensino que só é possível se conseguirmos criar condições de equidade para todo e qualquer estudante, independentemente da sua condição socioeconómica”, afirmou.
Apontando, ainda, que a Academia Minhota “precisa de acelerar a implementação das suas estratégias de inclusão. O crescimento e a diversidade implicam a criação de condições para que os estudantes procurem os campi para viver, ao invés de os visitarem apenas para as atividades letivas”, concluiu.
Angel Carracedo foi distinguido com o título de Doutor Honoris Causa
O destacado académico galego, Angel Carracedo foi reconhecido não só pelo seu trabalho com impacto nos domínios da genética forense, clínica e de populações, mas também na aplicação dos seus estudos para benefício da sociedade, com importantes contributos na área da farmacogenética. Destacam-se ainda os seus enormes contributos para a cultura Galega, sendo um impulsionador fervoroso da literacia científica na difusão de valores científicos e humanos.
Patrícia Jerónimo premiada com o Prémio de Mérito Científico
Patrícia Jerónimo, diretora do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov), foi premiada com o Prémio de Mérito Científico 2020. Esta distinção é atribuída anualmente a um docente que se tenha destacado pela sua atividade de investigação.
Patrícia Jerónimo nasceu em Leiria há 47 anos e é investigadora e professora associada da Escola de Direito da UMinho (EDUM), onde leciona desde 1995, o mesmo ano em que se formou na Universidade de Coimbra. Fez o doutoramento no Instituto Universitário Europeu, em Florença (Itália), investigou na Universidade de Nova Iorque (EUA) e tem colaborado como docente em universidades de Timor-Leste, Angola e Moçambique. Além de migrações e cidadania, os seus principais interesses de investigação são os direitos humanos, o pluralismo jurídico e os direitos das minorias. Possui uma experiência vasta no Direito Comparado, com várias publicações envolvendo os sistemas jurídicos dos países de língua portuguesa.
Atualmente, dirige o mestrado em Direitos Humanos, o Departamento de Ciências Jurídicas Gerais da EDUM e o JusGov, onde também é investigadora principal no projeto “Igualdade e Diferença Cultural na prática judicial portuguesa” (InclusiveCourts), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. É ainda especialista no Observatório GLOBALCIT do Instituto Universitário Europeu e coordenadora nacional, para Timor-Leste, do projeto “Variedades de Democracia”, liderado pela Universidade de Gotemburgo (Suécia).
O Prémio de Mérito Científico já foi atribuído a 12 professores da UMinho. Foi lançado em 2009, tendo destacado desde então o trabalho de Nuno Peres (Escola de Ciências), Rui L. Reis (Escola de Engenharia), Carlos Mendes de Sousa (Instituto de Letras e Ciências Humanas), Odd Rune Straume (Escola de Economia e Gestão), Nuno Sousa (Escola de Medicina), Armando Machado (Escola de Psicologia), José Teixeira (Escola de Engenharia), Moisés de Lemos Martins (Instituto de Ciências Sociais), Paulo Lourenço (Escola de Engenharia), José González-Méijome (Escola de Ciências) e Leandro Almeida (Instituto da Educação), além de Patrícia Jerónimo.
Ainda durante a cerimónia, Maria José Carrilho, presidente do Lions Club de Braga, entregou à UMinho um cheque de 50 mil euros para apoiar bolsas de estudo para estudantes carenciados.
Ana Marques