Expondo um cenário de vitalidade e dinamismo, Rui Vieira de Castro apontou a chegada de um elevado número de investigadores à Universidade como sinónimo de um reforço da atividade científica, do qual espera “ganhos significativos” em projetos e volume de financiamento. Também a concretização do Programa de Regularização de Vínculos Precários à Administração Pública prevê a integração de 122 trabalhadores “uma importante oportunidade para uma efetiva reorganização dos serviços e para atender a carências conhecidas”, disse.
A nível da investigação, o reitor afirma que 2018 “foi particularmente positivo para a Universidade”, destacando os quase 260 os projetos de investigação aprovados “que representaram uma captação pela Universidade de financiamentos que ultrapassam os 43,5 milhões”, realçando que em “2018 estiveram em execução na Universidade cerca de 550 projetos, envolvendo um financiamento global acima dos 153 milhões”. Assinalando a instalação do Minho Advanced Computing Centre (MACC), como algo que “assegurará à UMinho uma grande centralidade no projeto estratégico europeu de supercomputação”.
A nível da Educação, o destaque vai para o aumento de cerca de 800 estudantes relativamente ao ano anterior, sendo que a UMinho ultrapassou, pela primeira vez em 2018, os 19 000 estudantes, realçando também a entrada em funcionamento das duas novas licenciaturas, em Artes Visuais e em Proteção Civil e Gestão do Território.
A interação com a sociedade mereceu também especial atenção, ressaltando a parceria UMinho/Bosch que na 2.ª fase do projeto teve um investimento global de 55milhões, envolveu 122 docentes/investigadores da UMinho e 166 membros da Bosch e requereu 267 novas contratações, 173 das quais feitas pela Universidade, afirmando Rui Vieira de Castro que esta “é uma iniciativa exemplar do que podem ser as articulações entre as empresas e as universidades, nas áreas da investigação, do desenvolvimento e da inovação, na perspetiva da geração e emprego científico e de emprego altamente qualificado”. Quanto aos laboratórios colaborativos, das 21 propostas aprovadas em 2018, a Universidade está envolvida em seis, assegurando a coordenação de duas. Para além disso, começaram a ser disponibilizados os serviços da UMinho Editora.
A aposta na internacionalização será para os responsáveis da UMinho, cada vez mais firmada. “A UMinho está comprometida com uma fortíssima aposta na internacionalização com mais estudantes, mais investigadores e mais professores estrangeiros” ao mesmo tempo que se potencia também a ida da comunidade minhota para outros países. A Universidade ultrapassou, pela primeira vez, em 2018, a barreira dos 2000 estudantes estrangeiros inscritos em cursos conferentes de grau.
O problema do alojamento dos estudantes conheceu, segundo o reitor da UMinho “desenvolvimentos positivos” através de acordos firmados entre o governo, autarquias e as universidades.
Mas, para Rui Vieira de Castro, o caminho que tem vindo a feito “confronta-se, porém, com dificuldades e desafios”, sublinhando que “a criação de condições de sustentabilidade financeira da Universidade requer também que sejam encontradas, ao nível da organização e funcionamento da Instituição e dos seus serviços, modos e práticas mais ajustadas”. A nível externo, o reitor expõe que o orçamento da Universidade para 2019 é de 150 milhões, sendo que este “apenas cobre 75% dos compromissos salariais com recursos humanos permanentes”, ou seja, um quarto destes encargos já depende “da capacidade da Universidade gerar receitas próprias”, realçando a este nível que a Universidade já consegue em receitas próprias “praticamente o mesmo peso que as transferências do Estado”, disse.
Traçando alguns cenários de risco, o responsável da UMinho admite “a dependência da execução orçamental de reembolsos das agências de financiamento de I&D”, bem como o facto de não saber “se, quando e como as universidades vão ser compensadas dos efeitos das alterações legislativas”, admitindo que estas incertezas “criam um cenário de enorme instabilidade” nas universidades, e pedindo ao Governo um “compromisso estável e de natureza plurianual com as universidades”.
O presidente da Associação Académica focou o seu discurso nos “compromissos que não têm sido cumpridos”. Recordando e, mais uma vez, a reivindicação por uma nova sede para a AAUM, bem como pela revisão do Regimento Jurídico das Instituições de Ensino Superior. O dirigente associativo chamou ainda a atenção dos responsáveis políticos para a necessidade uma rede de alojamento estudantil eficiente, afirmando que o Estado Português é “o menor investidor na política de ação social direta e investiu praticamente zero na requalificação e construção de infraestruturas de apoio, ao longo dos últimos anos”, uma vez que 68% do valor das bolsas de estudo provém, diretamente, do Fundo Social Europeu.
Sobre a questão da promessa de um Ensino Superior tendencialmente gratuito, Nuno Reis afirma que “já nem a tutela sabe bem o que diz”, pois, “num dia defende a gratuitidade das propinas, no outro já admite ser um disparate”. O responsável dos estudantes minhotos transmite assim que: “Falta assumir compromissos. Falta um compromisso real e efetivo para com as futuras gerações”.
O presidente do Conselho Geral destacou o “alargar horizontes” como um dos maiores feitos da academia, destacando o carácter inovador e moderno da academia, o qual se deve, a seu ver ao “recrutamento de docentes e investigadores jovens, muito deles formados em instituições de ponta”.
Valente de Oliveira transmitiu ainda que a UMinho tem 1526 protocolos ativos com 718 entidades de 78 países, apontando a parceria UMinho/Bosch como o mais relevante dos protocolos celebrados entre a instituição de ensino superior e empresa, cujo terceiro projeto de cooperação, ainda em discussão, rondará os 108 milhões de euros e envolverá 400 pessoas.
O Presidente disse ainda que a sua “avaliação é muito positiva”, mas que é preciso “olhar para o futuro”, pois, “os novos desafios serão maiores e mais complexos do que os do passado”.
Texto: Ana Coimbra
Fotografia: Nuno Gonçalves