Os discursos de elogio foram feitos por Licínio Lima e Moisés Martins, professores catedráticos do Instituto de Educação e do Instituto de Ciências Sociais, respetivamente.
A cerimónia decorreu no Salão Medieval da Reitoria da Universidade, onde o Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça, Álvaro Laborinho Lúcio recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Ciências da Educação, enquanto o frade dominicano, Frei Bento Domingues recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Estudos Culturais.
Para o seu “padrinho” Licínio Lima, Laborinho Lúcio foi “o mais interno dos membros externos do Conselho Geral da Universidade do Minho”, caracterizando-o de “personalidade multifacetada”. Segundo este, o também ex-presidente do Conselho Geral contribuiu para a “construção de um espaço de liberdade e de diálogo permanente, em fidelidade aos seus ideais” no interior da Universidade. Salientando que o título agora atribuído pela UMinho é uma “homenagem à sua intervenção esclarecida e à sua dedicação singular à causa da Educação”.
Denominando-se, tal como se reconhece Frei Bento Domingues, como “um homem das ciências moles”, Laborinho Lúcio afirma que é “nelas que assenta grande parte do respaldo que me permite discorrer sobre educação e escola”. O Juiz Conselheiro diz ainda ser “urgente” o debate em torno da educação e da escola, “nomeadamente da educação enquanto bem essencialmente público”, sublinhando que “aí se joga, seja pela ação, seja pela inação, o destino próximo da humanidade” e, afirmando ainda que “o desafio de pensar a educação e a escola se institui como verdadeiro dever cívico irrecusável”.
Para Moisés Martins, “padrinho” do doutoramento de Frei Bento Domingues, o título atribuído é uma homenagem a um pensamento social humanista singular, destacando o frade dominicano como “arauto da doutrina conciliar”, afirmando que o seu combate tem sido “eminentemente cultural e de cidadania”. Caracterizando-o como “teólogo do espaço público, aliás, o maior dos teólogos portugueses”, disse ainda ser “uma das personalidades mais fascinantes da cultura portuguesa, dos anos sessenta do século XX até aos nossos dias”.
Na sua intervenção, Frei Bento Domingues afirmou ser “um artesão sem estatuto preciso”, movendo-o “o trabalho ainda a fazer, enquanto não chega a noite”. Chamando a atenção para que “depois de tantas décadas de desconstrução do humanismo, importa abrir-lhe novos horizontes, dentro e fora da Igreja, capaz de apoiar a unidade da família dos povos, nas presentes condições políticas e culturais”, algo que deverá implicar “as universidades, como instituições da investigação e da partilha do saber, mas também as pessoas que frequentam a universidade da vida quotidiana, das suas ansiedades e de esperança”.
Segundo o reitor da UMinho, a atribuição destes títulos “é uma forma maior de valorizar o mérito de alguém, de lhe testemunhar reconhecimento, de o representar como autor de um percurso de vida, de um trajeto intelectual e cívico em que a Universidade se revê e que propõe como exemplo a seguir”. Asseverando como características dos novos doutores da UMinho “vozes livres, espíritos criativos, pensadores do mundo e, nele, do humano, pessoas comprometidas com a ação”, as quais a Universidade valoriza e assume como inspiradoras para a comunidade universitária e para o país.
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves