Rosa Monteiro esteve na sessão de abertura do evento, juntamente com a vice-reitora para a Educação da UMinho, Laurinda Leite, a vice-presidente do Instituto de Educação (IE), Natália Fernandes e a coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas (ObCig), Maria José Casa-Nova, as quais deram início aquilo que foram dois dias de partilha e reflexão em volta da temática.
Segundo a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, para haver mudança de mentalidades, para haver mobilização política “é preciso fundamentação científica”, só dessa forma o Governo poderá empreender mudanças no sentido de promoção de uma maior integração das comunidades ciganas, destacando o trabalho que vem sendo feito pela UMinho e pelo IE em particular, sobre as comunidades ciganas, as suas vivências e seus costumes, investigação que tem como figura principal, a professora Maria José Casa-Nova, que desde o início do ano assumiu a coordenação do Observatório das Comunidades Ciganas, responsável pelo estudo e o acompanhamento estratégico e científico da população cigana em Portugal e o apoio ao Alto Comissariado para as Migrações (ACM), sobretudo na produção de recomendações para a conceção de políticas públicas.
Rosa Monteiro apresentou algumas das estratégias do Governo que visam a Integração das Comunidades Ciganas, e tendo em conta que, tal como disse “10% apenas da população cigana frequenta o ensino secundário”, em 2019 a Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas prevê a atribuição de bolsas de estudo para os que queiram frequentar esta fase de estudos, para além da criação de Equipas Municipais de Mediação Intercultural que incluam mediadores ciganos. “Queremos combater o abandono escolar, e com estas bolsas, incentivar o prosseguimento de estudos que depois permitam a estes alunos ir para o ensino superior e aí beneficiar dos incentivos que são as bolsas do programa OPRE -Programa Operacional de Promoção da Educação”, frisou.
Em Portugal existem neste momento 32 estudantes das comunidades ciganas a frequentarem o Ensino Superior, um deles na UMinho.
Laurinda Leite defendeu que “é preciso investigar para conhecer não só as comunidades ciganas, mas também como os outros grupos se relacionam com esses grupos”, alertando que “as diferenças existem, mas têm que ser respeitadas”, disse. A vice-reitora afirmou ainda que a UMinho tem um estudante de etnia cigana, mas “espera aumentar esse número a curto/médio prazo”.
Este seminário enquadrou-se numa lógica de empoderamento pessoal e social, dando voz a professores e alunos universitários ciganos, pessoas ciganas e não ciganas, entre outros atores sociais e organizações da sociedade civil que trabalham em articulação e em diálogo com aquela população, no sentido de construir uma sociedade inter/multicultural, potenciadora de mais oportunidades e, consequentemente, de menos desigualdades.
A iniciativa serviu ainda para chamar a atenção dos decisores políticos e de outros atores sociais para a importância da produção de conhecimento académico sobre a população cigana e a sua centralidade para a produção de mudanças sociais para a população cigana e para a sociedade no seu todo.
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves