Atribuído em março de 2018, em Londres, pelo Institution of Engineering and Technology (IET), o reconhecimento é um dos maiores prémios internacionais na área da engenharia e deve-se ao seu notável percurso de investigação e impressionante recorde de publicações na área da engenharia de tecidos e medicina regenerativa. O galardão teve um valor pecuniário de 400 mil euros e será usado para criar modelos inovadores e funcionais de cancro em 3D, que possam ajudar a prever a eficácia de medicamentos, evitando o recurso a diversos testes em animais e alguns ensaios clínicos. “É um grande privilégio ser galardoado com este conceituado prémio, sendo o primeiro cientista cuja carreira foi toda feita num país - Portugal - onde a língua não é a inglesa. Todos os vencedores anteriores trabalhavam no Reino Unido, EUA, Austrália ou Singapura”, declarou Rui L. Reis.
A sessão iniciou pelas 18h45, no salão medieval da Reitoria, com as intervenções do reitor Rui Vieira de Castro, do presidente do Comité de Seleção do Prémio, Sir John O’Reilly, além do ministro Manuel Heitor. Em seguida, Rui L. Reis iniciou sua palestra intitulada “Eng The Cancer”, onde falou sobre como a Engenharia de Tecidos (TE) pode ajudar a resolver o fracasso dos modelos pré-clínicos de cancro. Esses modelos são capazes de prever, de maneira confiável, se um determinado medicamento terá atividade anti cancro e aceitável toxicidade em humanos. “A maioria dos modelos animais não é representativa de situações humanas e, atualmente, mais de 70-80% das pesquisas sobre cancro são baseadas em modelos 2D”, explicou o cientista.
A sua pesquisa visa criar uma plataforma tecnológica única baseada em TE para gerar microambientes 3D, que podem ser usados como modelos funcionais de doenças para o rastreamento de medicamentos contra o cancro que estão em desenvolvimento pela indústria farmacêutica e novas terapias que estão sendo testadas pela comunidade médica. O cientista foi enfático ao afirmar que 8,5 milhões de pessoas morrem de cancro por ano e, em 2030, estima-se que esse número chegue a 12 milhões, tornando-se a terceira causa mais provável de morte em todo o mundo.
Na sequência, seguiu-se uma sessão de perguntas e respostas moderada por John O’Reilly. A iniciativa inseriu-se nas celebrações oficiais do Dia Nacional do Cientista.
Texto: Priscila Rosossi
Fotografia: Nuno Gonçalves