Na sexta-feira, dia 11, a Gata morreu e viajou de comboio até Braga, sendo carregada pelos membros da Ordem Profética (OPUM DEI) e pelos Gorkas até ao Largo do Paço. Durante a marcha fúnebre, os falsos clérigos ecoaram cânticos e leram o testamento da Gata - símbolo de todo o mal que aconteceu aos estudantes ao longo do ano. Após o funeral da felina, ao som do Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho (UMinho), dá-se início, oficialmente, ao instante solene que marca o arranque das Monumentais Festas do Enterro da Gata. São momentos únicos para finalistas que se despedem e caloiros em começo de percurso.
A continuação das comemorações deu-se na tradicional cerimónia de Imposição de Insígnias e Missa dos Finalistas, no sábado, dia 12. Quer em Braga, quer em Azurém, os estudantes uniram-se a familiares e amigos para um dos grandes momentos do percurso académico, num misto de sentimentos, lágrimas, sorrisos, saudade e alegria. Afinal, para muitos é um adeus à universidade e o fim de um ciclo de vida. O Coro Académico da UMinho e a Afonsina marcaram o início do evento que contou ainda com a participação do Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro e Nuno Reis, Presidente da AAUM. Na Avenida Central, os finalistas receberam a benção do arcebispo primaz de Braga, Dom Jorge Ortiga e ao final construíram um simbólico “muro” de representação dos finalistas.
Ao fim do dia, os estudantes ansiavam pela primeira noite de festa que tomou de assalto o Gatódromo para dar início à melhor semana académica do país! A festividade minhota trouxe um cartaz ecléctico, com muitos projetos internos nos vários palcos. Para que todos pudessem aproveitar a festa, a Associação investiu na acessibilidade para deficientes físicos e numa programação segmentada, que deu espaço a noites de rock, hip hop, pop, pimba, reggae e eletrónica. “O enterro da Gata é um momento de diversão de grande importância para a comunidade académica, que acaba por celebrar o fim do ano académico. A gata simboliza o insucesso dos estudantes que esperam os últimos recursos para estudar e concluir os seus trabalhos”, transmitiu Nuno Reis, presidente da AAUM.
Bomboémia, grupo de percussão da Universidade do Minho, abriu as festividades com a tradicional arruada. Logo a seguir, a Azeituna (Tuna de Ciências da Universidade do Minho) subiu ao palco para animar a plateia. Fernando Daniel, vencedor do The Voice Portugal, não deixou os estudantes à espera e atuou perante um público bem-disposto. Mantendo o tom romântico, o cantor Agir, cabeça de cartaz desta noite, subiu ao palco para levar os estudantes ao rubro com os temas “Minha Flor”, “Como ela é Bela” e “Vai Madonna”.
A segunda noite no gatódromo foi dedicada aos grupos culturais da Universidade do Minho. A fim de dar a conhecer os grupos culturais minhotos, as tunas académicas e a Ordem Profética subiram ao palco para apresentar o que melhor sabem fazer. Augustuna, Gatuna, Literatuna, Afonsina, Tuna de Medicina da Universidade do Minho, Tuna Universitária do Minho, TunObebes, TunaoMinho e OPUM DEI, entoaram seus temas mais emblemáticos.
A terceira noite foi marcada pelo rock progressivo da banda Needle, vencedores da edição de 2018 do UMplugged (concurso de bandas da Universidade do Minho). Já The Legendary Tigerman, cabeça de cartaz da noite, apresentou o seu novo álbum "Misfit", resultado de uma longa viagem aos Estados Unidos. “Fix of Rock´n´Roll”, “Sleeping Alone”, “Child of Lust” e “Motorcycle Boy” foram alguns dos sucessos que se fizeram ouvir, animando o público minhoto, que apesar do frio se manteve bem-disposto.
A animação do quarto dia de festa ficou a cargo dos artistas Capitão Fausto e Slow J que trouxeram ao Gatódromo muito pop e rap. O quinteto lisboeta animou o público minhoto com uma mistura única de pop progressivo com laivos psicadélicos. A banda relembrou sucessos do seu mais recente álbum "Capitão Fausto têm os dias contados". Como cabeça de cartaz, Slow J apresentou seu álbum "The Art of Slowing Down". O artista português cantou temas como “beijos”, “Sonhei para Dentro”, “Casa”, “Vida Boa” e “Mun'Dança”. Com suas letras contestadoras correspondeu às expectativas do público que aguardava a sua atuação.
No habitual cortejo académico, na quarta-feira, os finalistas e caloiros da UMinho coloriram as ruas de Braga com mais de 50 carros alegóricos. Francisco Pinheiro, caloiro de Física, não reclamou dos banhos de cerveja que levou dos finalistas: “É muito bom este espírito de união. Aproximar as pessoas em clima de diversão é o que se espera de uma praxe”. Animado com a experiência universitária, o estudante pretende ensinar aos seus futuros caloiros o que aprendeu com estas experiências.
O cortejo de músicas e apresentações que tentavam ao máximo dignificar cada curso durou mais de nove horas, mas o cansaço não abalou o ânimo da comunidade académica. À noite, o Gatódromo estava lotado para receber os concertos do grupo Kalhambeke e Emanuel. Depois de muita expectativa, Emanuel anunciou os vencedores do Cortejo Académico 2018 : Gestão (1º), Música (2º) e Marketing (3º), tendo ainda divulgado a Menção Honrosa que foi este ano para Medicina, Teatro e Criminologia. Gestão saiu vitorioso, arrecadando uma recompensa de 500 euros, pelo terceiro ano consecutivo. O presidente da comissão de festas de Gestão, José Loureiro, atribui o sucesso ao trabalho árduo da equipa: “Foi um ano inteiro de trabalho. Gestão é um curso que tem por hábito lutar por um lugar no pódio. Desde o início do ano começamos a trabalhar todos juntos para obter o tricampeonato no cortejo”.
No dia sequinte, o palco principal do Gatódromo teve no seu penúltimo dia, uma noite dedicada inteiramente ao hip hop com os rappers Kappa Jotta e Mundo Segundo & Sam The Kid, nomes influentes no mundo do Urban Music português. O DJ Mascarilha abriu as apresentações e preparou o público para receber o rapper de Cascais, Kappa Jotta, que atuou ainda em conjunto com o artista Bad Tchiken. Por volta da 1h40 foi a vez do Mundo Segundo & Sam The Kid subirem ao palco do Enterro da Gata. Os rappers, cabeça de cartaz, foram a atração mais aguardada desta quinta-feira e deixaram a Alameda em "brasa" com o novo single do projeto a dois. A dupla pôs o público a saltar e a cantar temas como "Gaia Chelas", "Tu Não Sabes" e "Também Faz Parte", músicas que farão parte do tão aguardado álbum que estão a gravar em conjunto.
A despedida do gatódromo foi feita da melhor maneira, ao som de Tiago Bettencourt que levou a multidão a loucura com “Canção de Engate”, versão da conhecida música de António Variações, e a romântica “Carta”, que recebeu o Globo de Ouro de "Melhor Canção" 2004. Richie Campbell, uma das atrações mais esperados da semana académica, retornou ao Gatódromo depois das apresentações em 2012 e 2016, para fechar as festas minhotas na sexta-feira, 18 de maio.
Apesar de uma redução de cerca de 100 mil euros no orçamento do Enterro da Gata, a animação na Alameda do Estádio Municipal de Braga nos sete dias de festividade confirmou que a Gata não tem hora para voltar a casa e que os estudantes querem mesmo é aproveitar a festa até o último momento.
A semana academica minhota marcou a fase final do ano lectivo, mas trouxe a certeza que em 2019 voltaremos a enterrar a Gata.
Texto: Sandrine Souza & Priscila Rosossi
Fotografia: Nuno Gonçalves