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Academia, 21.02.2018
Universidade do Minho comemorou 44 Primaveras!
UMinho
A UMinho celebrou, no passado dia 17 de fevereiro, 44 Primaveras, mas as comemorações oficiais decorreram apenas no dia 19, com uma sessão solene no Salão Medieval da Reitoria, no Largo do Paço, a qual contou as intervenções do reitor Rui Vieira de Castro, do presidente da Associação Académica (AAUM), Nuno Reis, e do presidente do Conselho Geral, Luís Valente de Oliveira.


O 44º aniversário da UMinho ficou marcado, também, pelo primeiro discurso de Rui Vieira de Castro como reitor da Universidade do Minho (UMinho). Foi perante um salão repleto que foram lançadas críticas ao financiamento e reconhecimento das universidades, enquanto sublinhava o trabalho que vem sendo feito por estas: "As universidades, vêm concretizando, pois, de um modo pleno, a sua missão de alto nível, tornando-se atores poderosos na reconfiguração positiva do país".

O responsável da Academia Minhota censurou a ausência de uma estratégia nacional para a investigação; a não estabilização dos quadros de financiamento do ensino superior, que não têm em conta a qualidade de desempenho; a escassa autonomia das instituições e que prejudica a sua missão; a imprevisibilidade e instabilidade no apoio à investigação científica; a inexistência de apoio regular às unidades de interface entre  a universidade  e outras entidades; e a complexidade e instabilidade dos processos de acreditação dos cursos, problemas, perante os quais, parece existir "uma irresistível tentação para construir quadros legais que impedem  a sua resolução" disse.

Tendo em conta, toda a "qualidade" e "impacto positivo da sua atividade", Rui Vieira de Castro declara que "as universidades são devedoras de um maior cuidado e de maior confiança por parte do poder político", sublinhando que, e falando sobretudo em relação à UMinho: "Não podem, por isso, ser vistas com desconfiança". Dando como exemplo desta desconfiança, o financiamento do ensino superior, para o qual frisa "urge encontrar um modelo estável, reconhecível e transparente".

Sobre a UMinho, o Reitor refere que, apesar das alterações que ocorreram nos últimos tempos, a instituição manteve o seu normal desenvolvimento. No domínio da educação, da investigação onde a Academia "representa hoje cerca de 10% da produção científica nacional", no domínio da interação com a sociedade, "desenvolve uma forte colaboração com o tecido empresarial, contribuindo ativamente para a promoção do desenvolvimento socioeconómico do país e da região", salientando-se aqui, o Projeto Bosch.

Sobre o novos projetos e processos para este quadriénio, Rui Vieira de Castro destacou: a instalação do Instituto de Investigação em Biomateriais, Biomiméticos e Biodegradáveis (já iniciada); o Conselho de Presidentes de Unidades Orgânicas (já iniciou atividade); a aprovação dos nomes do Presidente do Conselho de Ética e do Provedor Institucional; estando para breve, a constituição de uma rede de apoio institucional na área da Gestão de Ciência e Tecnologia; para além disto, o reforço da centralidade das UOEI é também um dos grandes objetivos.

Deixando também algumas "boas-novas", o responsável da UMinho transmitiu que, serão abertos concursos para 100 investigadores, sendo que a Universidade irá, ainda, candidatar-se ao primeiro concurso "Estímulo ao Emprego Científico Institucional" da FCT, que apoiará o financiamento de 400 contratos para investigadores doutorados, "é de esperar que daqui resulte também um significativo reforço da capacidade das nossas unidades de investigação" afirmou. A nível da educação, será criado um Gabinete de Apoio ao Estudante, pretendendo-se ainda o lançamento dos cursos já acreditados de Licenciatura em Artes Visuais e de Proteção Civil e Gestão do Território. Será criada uma "Carta de Princípios para a Interação com a Sociedade", através da criação de uma editora da Universidade e de um Observatório de Políticas Públicas. Está a ser preparada, também, a "Carta de Princípios para o futuro da internacionalização da UMinho".

Já em fase de arranque, a UMinho tem três projetos com enorme potencial, como é o caso do "The Discoveres Centre", o "Centro de Computação Avançada do Minho" e o Laboratório Colaborativo em Transformação Digital.

Não esquecendo as "restrições orçamentais importantes" em que a UMinho e as outras instituições de ensino superior se movem, Rui Vieira de Castro, diz que, mesmo assim, a UMinho deve "procurar criar as melhores condições possíveis  para que os seus estudantes disponham de boas condições de trabalho", para o que será feita uma aposta no reforço das infraestruturas pedagógicas, continuar a apoiar a prática desportiva e cultural dos estudantes, e estará atenta às necessidades de apoio de emergência. Em relação aos trabalhadores não docentes e não investigadores, a Universidade pretende, também, criar melhores condições, anunciando a abertura de "cerca de 40 novos concursos" para lugares até agora ocupados com trabalho precário.

Já Nuno Reis, e como seria de esperar, mostrou-se atento e preocupado com as condições dos estudantes e com o financiamento do ensino superior, sublinhando a este respeito, que os dados da OCDE revelam que "é preciso duplicar o investimento" no sistema de Ensino Superior e Ciência para que se cumpram as normas europeias, realçando que o mesmo aponta a necessidade de uma "nova fórmula de financiamento para as instituições de ensino superior". A ação social é outro dos problemas apontados, reivindicando um maior "investimento" na área.

A par disto, o dirigente associativo chama a atenção para a "falta de alojamento", sublinhando que a lei do Orçamento de Estado para 2018 identifica esse problema, indicando mais financiamento para a "construção de novas residências", referindo sobre esta questão, que a AAUM vai "promover um estudo global sobre o Custo de Vida na Universidade do Minho", dado que o existente é já de 2009.

"A Universidade do Minho tem sabido responder aos desafios que lhe foram postos". Foi desta forma queLuís Valente de Oliveira considerou a Academia Minhota, desafiando-a acontinuar a aproveitar as oportunidades, apontando a importância da constituição de consórcios e parcerias entre a UMinho e empresas da região, e realçando o "potencial da constituição dos laboratórios colaborativos", de forma à concretização de projetos de investigação, emprego e financiamento.

Os presentes na cerimónia comemorativa do 44.º aniversário da UMinho, assistiram, ainda," à conferência de John Martin, professor da University College London, submetida ao tema: ?A Universidade no centro da sociedade", para o qual, as instituições de Ensino Superior não devem ser apenas observadoras, mas devem intervir ativamente em todos os aspetos da vida nas cidades.O docente falou, ainda, do "Brexit", o qual considerou uma "enorme estupidez".


Prémio de Mérito Científico entregue a José González-Méijome

Como de costume, por altura do seu aniversário, a UMinho atribuiu mais uma vez oPrémio de Mérito Científico, que em 2018 foi para José González-Méijome. O investigador, professor catedrático da Escola de Ciências e coordenador do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) recebeu das mãos do Vice-reitor, Rui L. Reis o "galardão" atribuído anualmente a um docente que se tenha destacado pela sua atividade de investigação.

?Sinto-me honrado com este reconhecimento que se deve ao trabalho realizado por uma equipa de elevada qualidade. Será um bom estímulo para prosseguirmos o nosso caminho, que queremos que seja construído de muitos sucessos. A minha grande ambição é contribuir para consolidar na UMinho um centro de excelência em Ciências da Visão. Esta área abarca um conceito muito alargado que vai além da optometria, envolvendo a perceção visual, a instrumentação e outros domínios explorados no Centro de Física da academia. Gostaria muito de ter no futuro tudo isto consolidado num centro de referência a nível internacional?, diz o investigador laureado.

O Prémio de Mérito Científico já foi atribuído a dez professores da UMinho. Foi lançado em 2009, tendo destacado desde então o trabalho de Nuno Peres (Escola de Ciências), Rui L. Reis (Escola de Engenharia), Carlos Mendes de Sousa (Instituto de Letras e Ciências Humanas), Odd Rune Straume (Escola de Economia e Gestão), Nuno Sousa (Escola de Medicina), Armando Machado (Escola de Psicologia), José Teixeira (Escola de Engenharia), Moisés de Lemos Martins (Instituto de Ciências Sociais), Paulo Lourenço (Escola de Engenharia), além de González-Méijome.

Texto: Ana Marques 

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Fev/2018)

Arquivo de 2018