A organização deste 1º Congresso do Brinquedo Português coube ao Museu dos Biscainhos/DRCN, que possui a principal coleção de brinquedo português afeta ao Estado, e à ADOL, sendo objetivos, para além da divulgação, a acessibilidade pública da coleção.
O Museu dos Biscainhos é o detentor e proprietário da maior coleção de brinquedos portugueses, a qual se pretende que fique agora acessível ao publico em geral com a sua disponibilização em vários espaços da Rede Nacional de Museus. Quem o disse foi Isabel Silva, diretora do Museu dos Biscainhos, referindo que "A coleção está parcialmente visível na casa do brinquedo e da brincadeira em Vila Verde (cerca de 500 exemplares) no âmbito de uma parceria com a ADOL e estará brevemente disponível nos museus de Portugal".
Segundo a mesma "este congresso é o culminar de um imenso trabalho, na perspetiva da divulgação pura e da acessibilidade pública em geral a esta coleção". Esta coleção de brinquedos pertencia ao Museu de Etnografia do Porto, a qual o Museu dos Biscainhos herdou e requalificou "a nossa preocupação foi dotar esta coleção de toda a informação, trazê-la para o domínio da investigação, no sentido de lhe conferir qualidade, acessibilidade e de a integrar na universalidade do homem, do brincar e da brincadeira, ou seja, conferir-lhe toda a visão antropológica, sociológica, cultural e histórica em torno do brinquedo". Daí esta parceria com o Centro Interpretativo do Brinquedo (ADOL), com a UMinho e com os investigadores que têm produzido uma série de contributos que que têm vindo a requalificar este legado histórico e patrimonial.
Durante este congresso, que teve a sua sessão de abertura no Instituto de Educação da Universidade do Minho no dia 26 de outubro e que se prolongou pelos dias 27 e 28 na Casa do Conhecimento de Vila Verde, pretendeu-se, sobretudo, refletir sobre as várias facetas do brinquedo, como os achados lúdicos de Bracara Augusta, os jogos setecentistas da Grande Lisboa, os brinquedos medievais muçulmanos, as casas de bonecas, as bonecas de trapos, os divertimentos de barro ou as marionetas e outras formas animadas, mas também sobre os trajetos intergeracionais do brinquedo, a forma como o brinquedo tem vindo a mudar, espaços próprios para brincar, tempos próprios para brincar, pelo uso de uma atual parafernália incrível de brinquedos. Como referiu, diz o investigador da UMinho e também presidente da ADOL, Alberto Nídio Silva, "faz falta o tempo do uso discricionário das crianças, o tal tempo ocupado livremente e não o tempo livre ocupado, o que não é tempo livre".
A ATAHCA foi outros dos parceiros neste congresso, salientando o seu presidente José António da Mota Alves a vertente do brinquedo enquanto elemento de "criatividade" não o brinquedo industrializado que compramos hoje em dia, mas o brinquedo que é contruído pelas crianças, sublinhando que deve ser promovida essa vertente "um brinquedo que promova crianças mais criativas e por isso pessoas mais criativas no futuro".
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Out/2017)