Marcada para as 18h00, a cerimónia de tomada de posse da nova direção da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) começou atrasada como é tradição. Os atrasos nunca são bons, mas neste caso particular temos de o encarar de uma forma positiva, pois é o reflexo da tradicional confraternização no Bananeiro, onde estudantes, professores, antigos estudantes e forças vivas locais se reúnem antes do solene ato.
Com a "marcha" a
arrancar rumo à Reitoria, coube então a realização da protocolar
cerimónia onde um a um, assinatura após assinatura, os estudantes
da Lista A (a letra A deve ser a que mais eleições venceu)
entraram desta forma para a história da AAUM.
Posto este solene
momento, coube a vez dos tradicionais discursos, quer por parte
do novo Presidente, Bruno Alcaide, quer por parte do Reitor,
António Cunha.
Alcaide foi então o
primeiro a discursar e não foi nada meigo no seu discurso,
assumindo nas suas palavras uma outra postura relativamente ao
seu anterior mandato. Uma postura mais agressiva, mais
interventiva? mais à Presidente!
Apontando o dedo às
autarquias, sobretudo à de Braga, devido aos constantes atrasos e
mudanças de plano no que toca à construção daquela que será a
nova sede da AAUM, o novo líder dos estudantes minhotas exigiu
"compromissos sérios relativos a matérias que não poderão
conhecer mais adiamentos". Nas suas palavras, este projeto "caiu
por terra, não conhecendo qualquer avanço ou vontade politica
para concretizar novas alternativas".
Mas as criticas não
ficaram por ai. O Presidente da AAUM "bateu" também no governo ao
exigir a este "uma ação cada vez mais interventiva e
intransigente na pedagogia e política educativa". Alcaide
continuou o seu assertivo discurso ao reivindicar às entidades
que tutelam a ciência, tecnologia e ensino superior "uma atuação
mais preocupada e atenta a certas problemáticas, designadamente
no que diz respeito à organização, funcionamento e financiamento
do ensino superior, bem como ao sistema de apoios sociais para a
sua frequência".
Continuando a
colocar o dedo na ferida, as suas palavras tocaram o flagelo do
abandono escolar, que segundo este "atinge níveis preocupantes,
faltando vontade de aplicação de estratégias claras e objetivos
quantificáveis para atacar o problema".
Já noutro tom, e a
terminar a sua intervenção, Bruno Alcaide deixou a seguinte
mensagem:
"Queremos que a
Associação Académica seja sempre e a cada momento o ponto de
partida e de chegada dos estudantes da Universidade do Minho.
Ver, ouvir, antecipar, alargar latitudes e longitudes na forma de
olhar a academia, de a ver, de a sentir, ainda e sempre
irrequietos, ainda e sempre inconformados, outra vez lutando,
outra vez vencendo o desafio. Sempre feitas da luta contra os
condicionalismos da vontade de superação, da vitória contra as
adversidades, sem desânimo ou desalento, ou assombrações que
tolhem raciocínios tão simples como o pensamento".
Posto isto, e após
uma enorme ovação, coube a vez do Reitor tomar a palavra. Após os
tradicionais cumprimentos e saudações às individualidades
presentes, António Cunha afirmou que ao longo dos seus dois
mandatos "aprendeu de algum modo a respeitar e admirar a postura
e o modo de agir da Associação Académica". "A Universidade
orgulha-se desta Associação", sublinhou.
Continuando o seu
discurso, o Reitor elogiou a "parceria" da AAUM e da UMinho,
destacando a forma como esta sente esta a Universidade na
primeira pessoa. Cunha abordou também a questão das agendas da
Associação, ao nível pedagógico, cultural, desportivo, do
empreendedorismo e emprego e da solidariedade, fazendo uma
avaliação positiva das mesmas.
A terminar a
sua intervenção, o Reitor voltou ao tema onde Bruno Alcaide foi
tão incisivo nas suas críticas: a sede da AAUM. Numa nota
positiva, o líder máximo da UMinho afirmou que estavam a ser
tomadas diligências de modo a que um espaço junto ao campus de
Gualtar passe para a UMinho e ai possa ser então finalmente
construída a tão almejada sede!
Após as tradicionais
fotos de família e cumprimentos ao novo Presidente, a festa
continuou com o tradicional jantar no Restaurante Panorâmico do
Campus de Gualtar.
Texto e Fotografia:
Nuno Gonçalves
(Pub.
Jan/2017)