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Academia, 22.02.2016
41 anos de ECUM com celebração agridoce
UMinho
A Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) comemorou no passado dia 22 de fevereiro o seu 41º aniversário. Uma celebração marcada por algumas preocupações quanto ao futuro da Escola e onde se navegou pelas ondas gravitacionais com o professor Carlos Herdeiro.

A cerimónia decorrida no Campus de Gualtar contou com as presenças da Presidente da ECUM, Estelita Vaz, do Reitor António Cunha e do convidado especial, o Professor Carlos Herdeiro, do departamento de física da Universidade de Aveiro que elucidou os presentes sobre o tema científico do momento, numa palestra subordinada ao tema, ''Ondas gravitacionais: a verdadeira música celestial''.

Abrindo as hostes, tomou a palavra a Presidente da Escola, onde, em jeito de balanço, não escondeu a preocupação pelas dificuldades de gestão financeira (em seis anos a ECUM perdeu cerca de um milhão de euros de financiamento), cortes nos recursos humanos e problemas de segurança no edifício da Escola registados nos últimos anos. Isto, apesar da ECUM ter crescido em número de alunos, ter aumentado a sua a produtividade científica anual e se ter ''aventurado no ensino à distancia''. Posto isto, a Presidente deixou ainda mensagens de agradecimento, neste final de ciclo, após dois mandatos, com os votos de um futuro mais próspero.

Por seu lado, o Reitor, congratulou a Escola pelo reconhecimento que tem sido alvo e no trabalho levado a cabo na ''divulgação da ciência'', deixando também uma palavra especial para a Presidente e respetiva equipa diretiva pelo que diz ter sido ''um bom esforço de gestão durante um período difícil''. Todavia, António Cunha, não descurou nas críticas e frisou ser importante uma maior coesão da ECUM a fim de funcionar como uma só Escola e não como um conjunto de departamentos, sublinhando ainda o facto menos bom da ECUM só possuir 21% dos estudantes em pós-graduação, o que a coloca numa posição desfavorável face a outras unidades orgânicas. ''O futuro não é risonho, mas ele existe e é necessário enfrentá-lo'' acrescentou o Reitor deixando o mote para uma reação necessária às dificuldades que se atravessam.

Para o final ficou reservada a parte mais científica, a cargo do Professor Carlos Herdeiro que levou a plateia numa travessia pelos mares, atualmente muito navegados das ondas gravitacionais. Tema que começou a ser recentemente badalado devido ao anúncio pelos cientistas da deteção de ondas gravitacionais pelo LIGO (observatório de ondas instalado nos EUA) que levou a que fosse dado mais um importante passo no estudo do Universo.

O Professor Herdeiro transformou a sua palestra numa viagem desde as primeiras análises às ondas gravitacionais por Isaac Newton, passando pelos estudos de Albert Einstein, que ''vê'', agora, comprovada uma previsão por ele efetuada há precisamente 100 anos atrás, dando ênfase à vertente histórica desta cavalgada científica, o professor evidenciou ainda as pedras no caminho encontradas, até ao tratamento das ondas como as conhecemos hoje em dia.

''Até aqui éramos capazes de ver o Universo e agora somos capazes de o ouvir''. Foi assim que o professor portuense caracterizou o resultado de décadas de extraordinários esforços tecnológicos para medir este tipo de ondas que chega agora a bom porto, servindo este de ponto de partida para a próxima etapa em direção à compreensão do Universo que nos envolve.

A cerimónia reservou ainda espaço para a entrega de prémios e distinções, na qual foram agraciados os Presidentes e os Vereadores da Educação dos Municípios de Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães, pelo seu papel ativo na promoção da cultura científica e pelo seu valioso contributo para a interação entre as escolas destes Municípios e a Escola de Ciências da Universidade do Minho, bem como alguns alunos da mesma.

Roberto Correia


(Pub. Fev/2016)

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