José Manuel Portugal, Alcides Vieira e José Alberto Carvalho, respetivamente RTP, SIC e TVI foram os oradores convidados da conferência intitulada "UM Futuro - Pensar a Televisão" que foi moderada por Nuno Azinheira da Notícias TV e Felisbela Lopes, professora na Universidade e pró-reitora para a Comunicação da UMinho.
Nesta conferência,
os três diretores concordaram que a informação tem futuro na
televisão, referindo até que as televisões "nunca tiveram tanta
informação como agora". Segundo Alcides Vieira, os três canais
concentram entre as 20h00 e as 21h30, o melhor da informação que
têm, sendo que para este "um jornal com a duração de 1h30 só faz
sentido dependendo da informação que se tem. Contrariando um
pouco esta ideia, José Alberto Carvalho referiu que, se num país
onde vivem 10 milhões de pessoas, e onde há matéria suficiente
para ter três canais de informação minuto a minuto, também haverá
"matéria para um noticiário que dura mais de uma hora" afirmou.
Mas neste aspeto, o diretor da TVI reforçou a ideia dizendo que
para que isso aconteça, esse espaço informativo dos canais
generalistas "têm de ter algo mais, como espaço para o debate,
para refletir, para acrescentar valor ao que se passa nos canais
pagos". Para além desta ideia, o diretor de informação da SIC
afirmou ainda que os jornais "já não são apenas espaços de
notícias, cada um tem agendas criativas" que dão destaque aos
acontecimentos conforme os seus critérios.
Face à importância
da informação nos dias de hoje, que já levou à criação para além
dos momentos informativos dos canais generalistas, à criação de
canais pagos que são apenas noticiosos, apesar de vivermos a
chamada "era da informação", as pessoas "nunca viveram tão
desinformados como agora", opinião partilhada pelos oradores,
este paradoxo foi considerado perigoso pelos três diretores de
informação. Talvez por isso "o futuro do jornalismo passe pela
seleção, pela qualidade, pela diferenciação" e por definir o
público que se quer servir e fornecer-lhe conteúdos de qualidade.
A televisão
portuguesa é vista por muitos como centralizada em Lisboa,
opinião partilhada pelos oradores que a justificaram como
refletindo "a realidade social", uma vez que as sedes do poder
político, económico e jurídico estão na capital. No entanto,
estes responsáveis informativos reforçaram que as televisões vão
buscar aquilo que lhes parece interessante e, se houver um
acontecimento relevante em Braga, é obrigatório estar em lá. No
entanto, os meios de comunicação generalistas não conseguem falar
de tudo o que se passa no país, e talvez por isso, José Alberto
Carvalho tenha referido que "há uma grande oportunidade de
negócio e profissão na imprensa regional".
As novas tecnologias
e as redes sociais estiveram também em foco, relativamente a esta
realidade, Alcides Vieira afirmou que o "digital vai obrigar as
redações a repensar a forma como se faz jornalismo", uma vez que
é necessário adaptar o jornalismo tradicional às novas
plataformas. Apesar dos três diretores de informação concordarem
com a importância de estar nos novos palcos de discussão, ainda é
uma aposta cara, um investimento sem retorno. No entanto, "a
televisão só pode tirar partido da rede, não é inimiga,
complementam-se e enriquecem-se", referiu o diretor de informação
da SIC. Além disso, muitas vezes as discussões que acontecem nas
redes sociais surgem da televisão, dos jornais, de entrevistas e,
por isso, "os agentes políticos preocupam-se mais com o facebook
do que com os jornalistas, utilizam-no para informação e contra
informação", afirmou José Alberto Carvalho.
Esta iniciativa
resultou de uma parceria DN/JN, em que a Notícias TV está a
organizar um ciclo de debates intitulados "Encontros Notícias TV"
que vai percorrer mais universidades.
Texto: Ana
Teixeira
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Mar/2014)