Numa cerimónia em que se celebrou os 40 anos de história da Universidade Minhota, Diogo Freitas do Amaral, que fez parte da comissão que fundou a Universidade, foi o primeiro a discursar. Na sua intervenção, o "benjamim da Comissão" fundadora, como o próprio se intitulou, relembrou a história da Universidade, a importância da sua criação e o desafio que esta consistiu. A UMinho foi a "mais difícil de todas", devido às dificuldades de localizar a universidade, em consequência "das rivalidades tradicionais, então ainda muito agudas, entre Braga e Guimarães". Isto porque nenhuma das cidades aceitava ficar atrás da outra, nem mesmo em relação ao nome.
Por isso, foi difícil escolher o nome e, tendo em conta que seria a primeira universidade Portuguesa dividia em dois polos, em duas cidades, a sua estruturação tornou-se difícil. Para que o projeto tivesse sucesso, segundo Diogo Freitas do Amaral, muito contribuiu a "inteligência e habilidade política" do então Ministro da Educação Veiga Simões que "dialogando com as forças vivas e os deputados de ambas as zonas, levou à consumação do que parecia ser um casamento impossível. Assim nasceu a Universidade chamada do Minho" disse.
Apesar de ser um dia
de celebração, em que se comemorou o aniversário da UMinho, a
crise não foi deixada de lado. Freitas do Amaral aconselhou a que
a Universidade não se deixasse afetar pelo "enorme aumento das
dificuldades" que têm assolado as universidades portuguesas. Na
sua perspetiva, "na hora das vacas magras" deve-se idealizar,
pensar projetos e prepará-los para que, "no dia em que começar a
nova fase das vacas gordas, que esta possa ser umas das primeiras
Universidades a trilhar novos caminhos, a apresentar novos
projetos, a bater as asas e voar".
Relativamente a esta
questão, o Reitor António Cunha referiu que este ano continuará a
ser de redução orçamental, neste momento estimada em 6,1%, valor
que o reitor espera ser revisto, em virtude dos compromissos
assumidos com o Governo.
António
Cunha sublinhou, ainda, que este não é
o único corte com que as universidades se têm confrontado, mas
sim uma sequência de cortes que, somados, representam uma
diminuição real de 24%, desde 2010, do financiamento da
Universidade.
O presidente da
Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Carlos
Videira, em relação às dificuldades financeiras que as
universidades têm passado, referiu que "não se garante a
igualdade de oportunidades com valores de propinas que são dos
mais elevados entre os países da OCDE e com uma ação social
injusta e insuficiente". Neste caso, Carlos Videira reforçou que
a UMinho é a universidade com mais bolseiros em Portugal,
relembrando a existência de um Fundo Social de Emergência,
lançado há um ano, que já ajudou 50 estudantes em apenas um
semestre. Ainda em relação às questões financeiras, Emídio Gomes,
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região
Norte, referiu que, do orçamento da comissão, quase 2 milhões de
euros são destinados à investigação.
O reitor afirmou
ainda que a Universidade vive um tempo em que "é desafiada a
reinventar o seu papel na sociedade?, sublinhando que "a
Universidade e o Conhecimento são incompreendidos pelo poder
politico na sua especificidade e no seu alcance". Pensando no
futuro, António Cunha, disse que o Plano Estratégico da
Universidade é continuar a crescer, não só em termos
quantitativos, mas também em qualidade. Para tal, o reitor
referiu que a universidade vai procurar novas oportunidades de
financiamento, apostar na internacionalização e no compromisso de
desenvolvimento regional.
Nesta cerimónia, o
professor da Escola de Psicologia, Armando Machado foi
distinguido com o Prémio de Mérito à Investigação, pelo trabalho
desenvolvido no Laboratório de Aprendizagem e Cognição
Animal
.
Os funcionários não
docentes não foram esquecidos, tendo sido homenageados, assim
como os melhores alunos de cada curso da universidade. Foi também
atribuído o prémio de Professor Emérito a 8 docentes. Como forma
se simbolizar o conhecimento dos anteriores reitores da
Universidade presentes na cerimónia, foi-lhe atribuída uma
estátua, da autoria de Alberto Vieira, com a figura de
Prometeu
.
No âmbito das
comemorações dos 40 anos da Universidade Minhota, foram
inauguradas duas exposições. Uma intitulada "Universidade do Minho 40 anos -
traços de um percurso", que está exposta no Largo do Paço, e
outra intitulada "UMinho 40 Anos", que durante um mês ficará
exposta na Avenida Central e é composta por 12 estruturas, 11
alusivas a cada escola ou instituto da universidade e a outra à
UMinho.
Texto: Ana
Teixeira
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Fev/2014)