silicolife-team--1-570
Academia, 10.01.2014
SilicoLife - Computational Biology Solutions for the Life Sciences
UMinho
A SilicoLife é uma spin-off da Universidade do Minho dedicada ao desenvolvimento de soluções de biologia computacional para as ciências da vida, em especial para o sector da biotecnologia industrial. Comparando os seus serviços a um GPS que ajudam a definir um guia racional para maximizar a produção de um determinado composto. O UMdicas esteve à conversa com os seus fundadores, para saber mais pormenores sobre o projeto, seu desenvolvimento e perspetivas para o futuro


O que é a SilicoLife?

A SilicoLife é uma empresa dedicada ao desenvolvimento de soluções de biologia computacional para as ciências da vida, em especial para o sector da biotecnologia industrial.

Esta industria está por detrás de uma "bio-revolução" invisível mas que toca diferentes aspectos do nosso dia-a-dia, desde a parte alimentar aos biofármacos e biocombustíveis.

Muitos destes produtos começam a ser produzidos industrialmente combinando recursos renováveis com microrganismos que funcionam como "fábricas celulares" optimizadas para estes fins. É neste processo que a SilicoLife participa ajudando a desenhar estes microrganismos optimizados, usando modelos que combinados com os nossos algoritmos permitem definir as melhores condições e alterações para obter uma produção máxima. Gostamos de dizer que o que fazemos é como um GPS: os nossos mapas são os modelos dos microrganismos e recorrendo aos nossos algoritmos, em vez de definirmos o melhor caminho para um determinado destino, ajudamos a definir um guia racional para, por exemplo, maximizar a produção de um determinado composto.

Como surgiu a empresa e quais foram os objetivos da sua criação? Quem foram os seus fundadores e qual a sua proveniência (curso)?

A SilicoLife partiu do grupo de investigação em bioinformática e biologia de sistemas da Universidade do Minho que reúne pessoas do Departamento de Engenharia Biológica e do Departamento de Informática. No resultado de vários anos de trabalho em colaboração com algumas empresas percebemos que existia uma oportunidade para a prestação deste tipo de serviços a um mercado em forte expansão e que procura soluções profissionais. Este tipo de metodologias vêm acelerar o seu processo de investigação e desenvolvimento com um guia racional de desenvolvimento em vez de tentativa-erro, diminuindo assim o risco e os custos na parte laboratorial.A empresa tem nos seus fundadores professores da Universidade do Minho, Prof. Miguel Rocha do DI e a Prof. Isabel Rocha do DEB, e também antigos alunos do mestrado de bioinformática. Temos também apostado em contratações de pessoas formadas pela Universidade do Minho pelo tipo e qualidade da sua formação.

Quais os projetos já concretizados pela empresa?

Contámos com trabalhos desenvolvidos para algumas das principais empresas do sector químico, materiais e biologia sintética.  Um bom exemplo é a colaboração com a Invista, um dos maiores produtores integrados de intermediários químicos, polímeros e fibras do mundo, com quem trabalhámos no desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizem bioprocessos para a produção de produtos químicos industriais.

Outro dos projetos que ilustra bem a nossa atividade é o BRIGIT, um projeto europeu em que estamos a desenhar, em colaboração com vários parceiros, novos bioprocessos para a produção de bioplásticos a partir de resíduos da indústria papeleira.

Quais os projetos da SilicoLife para o futuro?

Para além desta linha de prestação de serviços e colaboração no desenvolvimento de novos bioprocessos com os nossos clientes, estamos também a apostar em projetos internos para a criação de métodos inovadores e sustentáveis para a produção de compostos de interesse industrial.

ASilicoLifeé uma empresa de abrangência apenas nacional ou já se internacionalizou?

Desde a nossa génese que trabalhámos quase exclusivamente para fora de Portugal, sempre pensámos a nossa estratégia com uma visãoglobal. Temos trabalhado a partir de Portugal para clientes espalhados pela Europa e pelo mundo. Temos também vontade de desenvolver projetos em Portugal e ser um catalisador para a biotecnologia industrial no país. Alguns clientes nacionais recorrem às nossas capacidades de bioinformática e biologia de sistemas para o tratamento de dados de origem biológica e gestão deste tipo de informação.

Qual o segredo do vosso sucesso?

O segredo, como em quase todos os projetos passa pelas pessoas, ter uma boa equipa é essencial. Conseguimos reunir um grupo heterogéneo de pessoas mas que partilha de uma mesma visão e ambição. Temos procurado ser ambiciosos e ao mesmo tempo manter os pés bem assentes na terra e apostar num crescimento sustentado.

Na sua opinião o que é preciso para se ser empreendedor, para se criar uma empresa de sucesso?

É importante estarmos cientes dos desafios pessoais e profissionais que uma empresa trás e também uma dose de paixão pelo projeto. A criação é só o primeiro passo de um caminho longo mas também muito recompensador. Rodearmo-nos das melhores pessoas, não termos medo de partilhar e traçarmos objectivos concretos são passos importantes.

É fácil ser empreendedor em Portugal? O país apoia o empreendedorismo e a inovação?

Neste ponto, tal como noutros, Portugal é um país excessivamente burocrático mas é inegável que uma nova geração de empresas tem sido impulsionada e beneficiado de apoios ao empreendedorismo e inovação, que devem ser sempre um meio para o crescimento da empresa e não um fim. Portugal fez uma forte aposta em ciência e na formação de recursos altamente qualificados nas últimas décadas que é uma oportunidade para novos tipos de negócios impulsionados por estes recursos e com uma vertente essencialmente exportadora.

Qual o apoio que a UMinho dá às suas spin-offs e start ups, tanto na sua formação como no seu desenvolvimento?

As Universidades têm apostado cada vez mais em instrumentos para fomentar este tipo de iniciativas, no arranque da SilicoLife tivemos a oportunidade de interagir com o LiftOff (Gabinete de Apoio ao Empreendedorismo da AAUM) que foi um parceiro valioso nessa primeira fase. Como uma startup que partiu da UMinho temos uma ligação muito forte à Universidade, com diversos projetos em comum. Posso destacar o projeto PEM (Plataforma de suporte à engenharia metabólica), um projeto QREN em co promoção com a UMinho e liderado pela SilicoLife para o desenvolvimento de novos bioprocessos. Estamos sediados no SpinPark, a incubadora de empresas da U Minho localizada no AvePark.

Que mensagem deixariam a quem quer ser empreendedor?

As universidades são locais de excelência para a experimentação e para idealizar uma nova geração de negócios baseados em conhecimento e na excelência da ciência que estas instituições têm desenvolvido.  Muitas destas ideias podem resultar em negócios viáveis, no entanto o primeiro passo passa por as colocar em papel e sujeitá-las a alguns desafios, falar com outros e perceber se é isto (ou não) que o mercado procura, para as refinar até que atinjam o estado de maturação que permita avaliar com mais certezas o potencial de negócio.


Texto: Ana Coimbra

Foto: SILICOLIFE


(Pub. Jan/2014) 

Arquivo de 2014