Decorrida noSalão Medieval da Reitoria, pelas 18h00, a cerimónia de investidura do Reitor da UMinho contou com a presença doministro da Educação e Ciência, Nuno Crato,do Presidente do Conselho Geral da UMinho, Álvaro Laborinho Lúcio, e do Presidente da Associação Académica, Carlos Videira, para além de representantes de outras instituições académicas, membros do Governo e deputados, autarcas da região e várias centenas de convidados que não quiseram deixar de estar presentes na sessão solene que marca o início de mais um ciclo para o qual se pede muito trabalho às universidades e onde as dificuldades continuarão a ser uma realidade.
António Cunha
começou por referir, que face ao programa que trouxe para a
Universidade há quatro anos atrás, e citando Cesare "...a cor do
mundo mudou!", mas chamando a atenção que perante todas as
dificuldades "...temos respondido com grande sentido de
responsabilidade", esperando que os sacrifícios não sejam em vão.
Numa crítica mais
aberta ao Governo, o reitor citou Daniel Innerarity "O futuro tem
maus advogados no presente", referindo-se às reduções das
dotações do Estado com que as universidades têm sido
"sistematicamente" confrontadas.
Antonio Cunha disse ser tempo de o Governo "libertar" as universidades dos "espartilhos" que limitam a sua atividade, realçando que "aqui... no Minho, tudo foi sempre difícil, mas apesar das circunstâncias adversas cumprimos o nosso projeto protagonizando 4 anos de afirmação e crescimento."
António Cunha criticou a proposta do Regime Jurídico das instituições do Ensino Superior (RJIES), que apelidou de "documento remendado", "incoerente e redutor da autonomia universitária", desejando que esta proposta acabe no "arquivo morto" do Ministério da Educação.
Com 2013 a chegar ao
fim, o Reitor da UMinho aproveitou a presença de Nuno Crato para
dizer que "O fecho de 2013 é problemático (...as cativações são
injustas) e o exercício de 2014, nas condições propostas, é
impossível" (...porque alguém, no ministério das contas, não sabe
fazer contas!), referindo-se aqui à "escassez das dotações, à
falta de transparência dos critérios e à ausência de conhecimento
atempado das regras do jogo", aludindo aos cortes que, nos
últimos quatro anos foram de 24%.
Face à proposta de
reorganização do ensino superior, António Cunha realçou que
"importa
resistir à tentação
de uma reorganização feita a compasso e esquadro a partir do
Terreiro do Paço, para realidades regionais muito
diversas".
Para o novo mandato, o reitor empossado afirma que "neste quadro de dificuldades e oportunidades", a UMinho quer atingir em 2020, 25000 estudantes e ser a universidade portuguesa com maior impacto no desenvolvimento socioeconómico. Prosseguindo até 2017 com os objetivos de crescer e diferenciar a oferta educativa, reforçando a investigação, valorizando o conhecimento produzido, modernizando, requalificando e ampliando infraestruturas e serviços, para os quais mobilizarão a Comunidade Académica e os ex-estudantes e diversificando fontes de financiamento, isto a nível regional e internacional.
Na sua resposta, Nuno Crato, tentou "tranquilizar" o Reitor, referindo que "Nós temos bons advogados a tratar do futuro, a universidade tem bons advogados em todos os membros do Governo; mas não bastam advogados para o progresso do país, nós temos todos de trabalhar e as dificuldades têm de ser ultrapassadas", disse. Reiterando ainda que as instituições do ensino superior "fizeram muito, mas sabemos que, sabendo fazer muito, saberão fazer melhor", disse.
Estando a reorganização do ensino superior na ordem do dia, o ministro referiu ainda que "Para melhorar o ensino superior público, é fundamental repensar a oferta efetiva e a rede institucional do Ensino Superior, através da constituição urgente de órgãos regionais de gestão da rede, e repensai o modelo de financiamento, tendo em conta as instituições", não esquecendo o papel de "vanguarda" das universidades na preparação de um "pais competitivo".
Também Laborinho
Lúcio, reclamou mais autonomia para as universidades, requerendo
neste capítulo, uma "eventual revisão da legislação dos RJIES".
Destacando o bom trabalho que tem vindo a ser feito pela UMinho,
mesmo com todas as limitações a têm sido sujeitas as
universidades, o presidente do Conselho Geral da UMinho chama a
atenção para a "ultrapassagem dos limites
razoáveis" seja em relação aos cortes no financiamento, seja em
relação à "imprevisibilidade" sobre as disponibilidades
financeiras, que refere "vêm comprometer, quer no imediato, quer
a prazo, a possibilidade de responder pela qualidade que se
reclama do ensino superior universitário".
Texto: Ana Marques
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub.
Nov/2013)