Trata-se da maior investigação de sempre neste âmbito e com os diversos sistemas construtivos existentes em madeira. Os dados obtidos poderão ajudar a redefinir escalas de segurança na lei europeia. Os sismos matam 80.000 pessoas por ano no mundo devido ao colapso de casas. Os custos com desastres naturais e provocados pelo ser humano aumentaram dez vezes nos últimos 50 anos.
A pesquisa "Seismic performance of multi-storey timber buildings" durou um ano e meio e teve apoio do 7º Programa-Quadro da UE, no âmbito dos projetos SERIES. Na mesa sísmica do LNEC, em Lisboa, foram avaliadas à escala real quatro casas de três pisos, cada uma com o seu tipo de construção: troncos maciços (caso português); painéis de tábuas cruzadas (caso finlandês) e barrotes verticais, em duas derivações (casos italiano/alemão e austríaco). "Nunca se tinha feito testes sísmicos para madeira com tantas variantes e tanta profundidade", refere Jorge Branco, professor do Departamento de Engenharia Civil e investigador do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas (ISISE), ambos sediados no polo de Guimarães da UMinho.
"Verificámos nos testes que não houve absolutamente qualquer dano das estruturas antes e durante a aceleração máxima da mesa sísmica", realça. Esta notável performance face a terramotos não tem, porém, reflexo na lei europeia. "O eurocódigo é muito conservador, há um receio generalizado do comportamento da madeira", vinca Jorge Branco. O investigador defende a sua utilização por considerar que se trata de "um material natural, sustentável, resistente, de fácil obtenção e esteticamente apelativo, com múltiplos tons, formatos, derivados e casando com materiais diversos como vidro e pedra".
Terramoto pode matar 25 mil portugueses de repente
Portugal pode sofrer a qualquer momento um grande terramoto, cujo impacto direto equivale a mais de 25 mil mortos, 15 mil feridos e um quinto da riqueza nacional (PIB), dizem especialistas. O grande problema está na falta de resistência da maioria dos edifícios e de políticas concretas. Algarve, Alentejo litoral, Grande Lisboa e Açores serão gravemente afetados e a costa inundada. Só na capital há 330 mil residências em risco e 25 mil colapsarão, além de a rede de água, luz e esgotos ficar inoperacional. É a maior ameaça natural que paira sobre a economia e vida dos portugueses. A Proteção Civil e a sociedade estarão preparadas para agir e socorrer em pouco tempo?
Em julho de 2010, o Parlamento recomendou por unanimidade ao Governo a criação urgente do plano nacional para reforço do controlo da qualidade dos edifícios novos e a obrigatoriedade de segurança estrutural antissísmica nos programas de reabilitação urbana. Meses depois, foi "apenas" proposto um modelo de seguros para indemnizar os prejuízos materiais dos sismos. A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica considerou "ineficiente, eticamente condenável, não salvaguarda a vida humana" e remete à possível negligência e responsabilidade criminal do Estado.
Contrariamente a alguns países do Norte da Europa, é "quase impensavel" viver num imovel de madeira em Portugal, sobretudo em zonas propensas a terramotos. A sociedade portuguesa "é muito desconfiada"deste tipo de construção e "tem uma ideia errada" da sua performance, avança o professor da UMinho. "A madeira em geral tem bom comportamento ao fogo, é resistente e segura q.b. para que toda a estrutura seja evacuada a tempo. Por exemplo, sob efeito de incêndio, enquanto o aço derrete e deforma, a viga de madeira vai perdendo dimensões, mas o seu interior mantém todas as propriedades", justifica. A madeira arde a 0.7 milímetros por segundo, pelo que é fácil calcular para que resista 30, 60 ou 90 minutos ao fogo.
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(Pub. Nov/2013)