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Academia, 17.07.2013
Monitorização das alterações climáticas não depende da ONU, mas de cooperação policêntrica
UMinho
Um grupo de investigadores das universidades do Minho, Lisboa e Técnica sugere que a luta contra as alterações climáticas é mais eficaz com múltiplas instituições de fiscalização de pequena dimensão. Tal permite a cooperação estável, o respeito pela maioria dos acordos e um risco de fracasso médio-baixo, refere o estudo português publicado ontem na conceituada revista "Nature Climate Change". Os cientistas propõem claramente a rápida revisão da monitorização baseada numa só instituição - como a Organização das Nações Unidas - para enfrentar um problema tão complexo.


Um grupo de investigadores das universidades do Minho, Lisboa e Técnica sugere que a luta contra as alterações climáticas é mais eficaz com múltiplas instituições de fiscalização de pequena dimensão. Tal permite a cooperação estável, o respeito pela maioria dos acordos e um risco de fracasso médio-baixo, refere o estudo português publicado ontem na conceituada revista "Nature Climate Change". Os cientistas propõem claramente a rápida revisão da monitorização baseada numa só instituição - como a Organização das Nações Unidas - para enfrentar um problema tão complexo.

"O lema 'Pense globalmente, aja localmente' é totalmente apropriado. Uma abordagem 'bottom-up' (de baixo para cima), policêntrica, envolvendo diversas instituições, é a configuração mais eficiente para a cooperação global. Ou seja, se a maioria das causas das alterações climáticas resulta da ação combinada de todos os habitantes, indiciando uma tentativa de resolução global, as soluções podem ser mais facilmente conseguidas a uma escala muito menor", diz Jorge Pacheco, professor catedrático da Escola de Ciências da UMinho, que coordenou o estudo e teve a parceria de Vítor Vasconcelos e Francisco Santos, também ligados ao ATP_group, ligado às três universidades.

No artigo "A bottom-up institutional approach to cooperation in the governance of risky commons", os autores analisaram diferentes tipos de instituições criadas para lidar com aqueles que não contribuem (ou deixam de contribuir) para prevenir as alterações climáticas potencialmente catastróficas e mostraram qual o impacto de diversos tipos de instituições na criação e sustentabilidade de um futuro consenso. Com base em modelos matemáticos e computacionais baseados em teoria de jogos, o grupo definiu o problema como um dilema de bens públicos, no qual a perceção do risco de perdas futuras é tipicamente baixa, em especial para os elementos que ocupam posições chave na decisão, e estudou o efeito da criação de instituições de supervisão locais, numa arquitetura policêntrica, em comparação com o estabelecimento de uma única instituição global (como a ONU).

O modelo teve em conta as interações que os países podem ter uns com os outros em grupos de vários tamanhos e também a criação de instituições menores financiadas por grupos mais pequenos. "Nas cimeiras mundiais, desde Kyoto a Durban, pouco se tem evoluído no controlo dos efeitos humanos no clima. Uma das razões apontadas é a falta de instituições para monitorizar os acordos e punir os países não cumpridores. Cremos que com, este estudo, fizemos avanços claros neste âmbito", sublinha Jorge Pacheco, que na UMinho é docente do Departamento de Matemática e Aplicações e investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental. O ATP_group também investigou recentemente que, sobre as cimeiras mundiais do ambiente, é mais eficaz haver pequenos grupos para resolver objetivos parciais do que uma reunião com todos os agentes para se tentar chegar a um acordo global.

Link para o artigohttp://www.nature.com/nclimate/journal/vaop/ncurrent/full/nclimate1927.html

Fonte: ECUM

(Pub. Jul/2013)


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