O estudo, intitulado "Disfunção Sexual Feminina em idade reprodutiva - prevalência a fatores associados", é um dos primeiros a ser desenvolvido a nível nacional para esta faixa etária. O trabalho pretendeu determinar a prevalência global daquela disfunção e dos seus subtipos em mulheres com idades compreendidas entre os 18 e 57 anos, bem como analisar se existe uma associação com fatores sociodemográficos, método contracetivo ou pré-existência de experiências sexuais negativas. "Esta disfunção traduz-se por uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo) ou ainda por perturbações dolorosas associadas ao ato sexual", contextualiza a autora Bárbara Ribeiro, alertando para o facto de apenas metade destas mulheres encararem a disfunção como um "problema".
"As restantes tendem a desvalorizar os sintomas. Muitas delas ainda não encaram uma vida sexual plena como parte integrante da sua satisfação pessoal, atribuindo mais valor a outros fatores, nomeadamente a vida familiar e a relação com o parceiro. O desconhecimento sobre a respetiva sexualidade faz com que algumas não considerem determinadas disfunções como um problema ou algo fora da normalidade", explica a licenciada em Medicina pela UMinho. Ainda assim, é importante ter em conta a opinião de cada mulher e "não problematizar a sexualidade se esta não afetar a sua qualidade de vida", acrescenta.
Contraceção hormonal diminui desejo
Os resultados mostram ainda que a frequência com a qual estas mulheres têm relações sexuais diminui de 12 para 8 vezes por mês. No que diz respeito à perturbação do orgasmo, esta é uma situação que afeta cerca de 20% das mulheres em todas as faixas etárias. Foram ainda encontradas relações diretas entre a contraceção hormonal/perturbação do desejo e a aversão sexual/experiências sexuais indesejadas. Isto é, 93% das participantes vítimas de violação apresentam disfunção sexual e aquelas que usam contracetivo hormonal têm uma probabilidade 2,6 vezes superior de vir a sofrer de diminuição do desejo sexual, quando comparadas às que recorrem a outro método contracetivo.
As participantes entrevistadas eram utentes de um centro de saúde do distrito de Braga, sendo que a maioria delas era casada (64.2%), com o 12.° ano de escolaridade (23,3%) e empregada (72.6%). A média de idades encontrada foi de 35,6 anos. O grau de escolaridade, a profissão, a média de idade das mulheres e dos respetivos parceiros e o número de filhos ?não são fatores? que afetem a existência da disfunção sexual feminina. A sua prevalência é elevada, situando-se entre os 25 e os 63% a nível mundial, embora os estudos realizados sejam ainda escassos. Num trabalho desenvolvido nos EUA, em 31.581 mulheres entre os 18 e os 102 anos, cerca de 43% apresentavam alguma queixa neste sentido.
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(Pub. Abr/2013)