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Academia, 20.03.2013
Portugal promove igualdade de género na educação
UMinho
A educação em Portugal promove a igualdade de género e é um bom exemplo na União Europeia. A conclusão está num estudo financiado pela Comissão Europeia e que avaliou os 27 Estados-membros durante dois anos. Ana Paula Marques, socióloga da Universidade do Minho e coordenadora nacional do projeto, realça que a discrepância entre alunas e alunos portugueses deve-se antes a questões sociais, culturais e económicas, gerando subtilezas na pedagogia e na escolha da profissão. A investigação visou informar Bruxelas sobre a necessidade de criar medidas e leis para prevenir e combater a discriminação sexual na educação, adaptando-as à realidade de cada país.


Para Ana Paula Marques, "a educação é quase um paraíso na igualdade de género em Portugal, ainda que permeado de sinais subtis de discriminação". O aperfeiçoamento, diz, passa pela sensibilização, monitorização e capacidade de procurar soluções e alternativas. "A UE tem alguma dificuldade em legislar neste domínio, pois interfere na soberania, identidade e cultura de cada Estado", refere a investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais da UMinho. "Na UE há um esforço significativo para crescer a participação feminina nos ramos das engenharias, tecnologias, ciências, economia e, até, nas oportunidades de negócio e de empreendedorismo feminino na inovação, I&D e criatividade. Ainda assim, é difícil marcar esta agenda se, a montante, o percurso é marcado pela segmentação científica, com elas ligadas a áreas 'frágeis' e subordinadas em termos sociais, políticos e económicos", salienta.

Escolha "segregada" da profissão

O trabalho "Study on sex discrimination in acess to education: Evaluation of the need for and effectiveness of current measures in the Member States" teve também análise qualitativa, incluindo em Portugal entrevistas aos responsáveis da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Confederação do Desporto de Portugal e União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), entre outros. O objetivo de Ana Paula Marques e da então doutoranda Eva Temudo foi detetar práticas, contextos e pedagogias informais ou camuflados. Há duas grandes conclusões a tirar no estudo nacional. Primeira: a lei rejeita a discriminação por género, como o nº 13 da Constituição e a Lei de Bases do Sistema Educativo. Além disso, em quase 40 anos de democracia a IGEC disse não ter qualquer queixa por ações escolares discriminatórias. Todos os entrevistados realçaram ainda a inclusão no ensino "como prática e enquadramento de referência internacional", realça a docente do Departamento de Sociologia.

A segunda conclusão incide em aspetos subjetivos de casos concretos. Nos manuais escolares "nem sempre se respeita a linguagem neutra e persiste o modelo de ciência androcêntrico (o Homem), que pode limitar os paradigmas da investigação e do pensamento". Na sala de aula, "às vezes é difícil contrariar dinâmicas de grupos que valorizam o porta-voz masculino". A CIG referiu a "discriminação não intencional" dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) no secundário, ao dividir o número de alunos pela oferta: eles preferiram tecnologias e matemáticas, elas dominaram as áreas sociais e da saúde. Encontrou-se também profissionais de orientação vocacional no secundário "por vezes não sensibilizados e treinados" para eliminar os seus pré-conceitos. "De forma não intencional ou inconsciente dão conselhos desadequados a jovens indecisos sobre que área seguir, o que pode ter profundos impactos no seu futuro e no mercado de trabalho", explica Ana Paula Marques, insistindo que esta "escolha segregada" dos jovens é, também, fruto dos estereótipos e papéis sociais que familiares, colegas, organizações e média promovem.

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(Pub. Mar/2013)

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