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Academia, 21.02.2013
UMinho celebra 39 anos com esperança no futuro
UMinho
A Universidade do Minho celebrou no passado dia 20 de fevereiro o seu 39º aniversário, com uma sessão solene no salão medieval da Reitoria, no Largo do Paço, em Braga. A cerimónia começou às 11h00 com o tradicional cortejo académico, ao qual se seguiram as intervenções do reitor António Cunha, e do presidente da Associação Académica, Carlos Videira. Dois líderes e duas vozes que afirmaram que apesar da conjuntura, a UMinho e a sua comunidade tudo vão fazer para ultrapassar as dificuldades e com grande esperança no futuro, a Universidade quer continuar a crescer a todos os níveis.

Na sua intervenção, António Cunha fez um balanço dos últimos três anos de mandato e de vida da UMinho referenciando como grandes conquistas em 2012, a aprovação do plano estratégico da UMinho 2020, o Código de conduta Ética da Universidade, a integração da Academia na listas das 400 melhores universidades do mundo e a certificação do Sistema de Garantia de Qualidade da UMinho.

Em relação ao quadriénio 2009-13, o qual corresponde também ao mandato desta equipa reitoral que termina no próximo mês de outubro, o reitor destacou a nível da investigação os 1.800.000 downloads anuais a partir do repositórioUM e a captação de verbas FCT pelos grupos de investigação, a Advanced Grant do European Research Council (ERC) atribuída a Rui Reis, a coordenação da participação portuguesa no consórcio europeu Graphene Flagship. Neste domínio foi ainda atribuído a Nuno Peres o Prémio Gulbenkian Ciência em 2011 e mais de 100 prémios científicos internacionais de referência recebidos por investigadores da UMinho. Mas, como referiu Antonio Cunha "Inexplicavelmente, esta capacidade e competência não é percecionada pela FCT, que continua a excluir os investigadores da UMinho dos seus conselhos científicos".

No plano da valorização da oferta educativa na busca de um espaço de educação integral "continuámos a crescer". A UMinho ultrapassou os 18.800 alunos, racionalizou e alargou a sua oferta educativa, em 2012 iniciou três novos cursos, consolidou a oferta pós-laboral que envolve 1.305 estudantes de 15 cursos e pretende iniciar em setembro próximo o mestrado integrado em Engenharia Física, em colaboração com o INL. A UMinho abriu ainda o curso de piloto de aviação comercial no âmbito do projeto UMASA.

Numa altura de dificuldades económicas e sociais, o reitor garantiu que a Universidade está preocupada pois é a que tem mais bolseiros, mas garantiu que "A UMinho procurará que nenhum estudante com aproveitamento deixe de estudar por razões monetárias", para isso estão a ser estudadas várias ações, tais como: a redução do valor dos pacotes de senhas de refeições; a revisão do regulamento para enquadrar remunerações de atividades esporádicas a estudantes; a operacionalização do Fundo de Emergência Social.

Como referiu António Cunha, a interação com a sociedade é "Marca distintiva da UMinho desde a sua fundação", nessa área a Academia desenvolveu e aprofundou diversasparcerias, ganhou vários prémios, estendendo-seessa interação à atividade cultural e desportiva, vivencias que para o reitor "cruzam a educação integral e a interação com a envolvente de proximidade". O responsável afirmou ainda que "ao longo de 2012,e perdoem a imodéstia, fizemos muito e bem" desde a descentralização e as práticas de gestão, esforços que segundo este "são dificultados pelo quadro de incerteza e de grande escassez de recursos com que temos vindo a ser confrontados". Antonio Cunha disse ainda que a Universidade tem conseguido manter os níveis de qualidade, apesar dos cortes do Orçamento de Estado (OE), mas lembrou que em 2013, o corte será de 3,4%, ou seja um corte de 24,7% nos últimos três anos, 14,5 milhões de euros. "Tudo temos feito e tudo faremos para que a qualidade do nosso ensino e da nossa investigação no seja afetada", mas diz não compreender "a crescente teia burocrático-jurídica imposta às universidades, inaceitavelmente limitadora da sua autonomia, uma vez que nada contribuiu para a despesa pública e apenas reduz a nossa capacidade de competir nacional e internacionalmente".

Sobre osobjetivos do Programa Quadro EU2020, que fixam metas como a formação superior para 40% da população, com idades entre os 30 e os 34 anos e o investimento de 3% do PIB da UE em Investigação e Desenvolvimento. Antonio Cunha referiu sobre isto que é"muito relevante pela centralidade que atribui à educação e à investigação", chamando a atenção que "enquanto país tardamos em posicionar-nos nestes processos", por isso Portugal tem de definir como atingir essas metas. Sobre isto "a Universidade do Minho fez o trabalho de casa, discutindo e aprovando o Plano Estratégico UMinho 2020", objetivando atingir 25.000 estudantes em regime presencial, concretizar uma aposta no ensino a distância, aumentar a visibilidade internacional na investigação, ser a universidade portuguesa com maior impacto no desenvolvimento socioeconómico, ser uma das 3 primeiras universidades portuguesas na grande maioria dos indicadores. Sobre a rede nacional de ensino superior, Antonio Cunha refere que "importa que Portugal defina claramente uma articulação entre o desenvolvimento regional e o ensino superior, como condição critica para enquadrar a tomada de posição sobre a rede".


Do lado dos estudantes, o presidente da AAUM, Carlos Videira, afirmou a AAUM como parte integrante do modelo e identidade de sucesso da UMinho. Destacando o seu papel na promoção do ensino e da investigação, na preservação das memórias coletivas e tradições, no desporto universitário, no empreendedorismo, na interação com a comunidade envolvente, na prestação de serviços aos estudantes e ainda com mais importância face ao momento atual, o seu papel na área da solidariedade e da responsabilidade social "uma prioridade central" segundo Videira para onde a AAUM tem virado as suas atenções e preocupações, criando recentemente, os packs de senhas a preço mais reduzido para transportes e alimentação, mas "é preciso continuar" seguindo o caminho reivindicativo, mas construtivo". Assim o dirigente associativo prometeu contestação às alterações do valor das propinas e reivindicar a alteração à lei do financiamento do ensino superior, que retirem a atual sobrecarga exigida aos estudantes na sustentabilidade das instituições. Carlos Videira defendeu ainda que o Fundo de Emergência Social que funcionará a partir de 1 de março deve ser apenas para auxiliar estudantes que "de uma forma súbita e inesperada, enfrentem situações que dificultem ou impeçam a sua continuidade na Universidade" sendo que deve ser aplicado por "tempo limitado".

Videira terminou apelando ainda e, face a tudo o que as universidades estão a sofrer que "Portugal não pode abandonar as suas universidades nem o que elas fazem pelo nosso país. Portugal não pode admitir que estudantes abandonem o Ensino Superior por falta de condições financeiras. Portugal não pode oferecer aos seus jovens a emigração como única solução para o seu futuro...".


Prémio de Mérito à Investigação

No decorrer da cerimónia foi ainda atribuído a Nuno Sousa, o Prémio de Mérito à Investigação da UMinho.Estereconhecido cientistade 44 anos, exerce medicina e continua professor na Escola de Ciências da Saúde (ECS) da UMinho, na qual é também vice-presidente e diretor do curso de Medicina. É ainda coordenador do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas.

Texto: Ana Marques 

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Fev/2013)

Arquivo de 2013