O debate teve início com a apresentação dos convidados, pela vice-reitora para a Qualidade, Avaliação e Ética Académica, que começou por lançar algumas questões e desafios aos oradores, tendo terminado com a seguinte pergunta: "Qual o papel da garantia da qualidade no Ensino Superior?"
Alberto Amaral
começou por abordar as quatro tendências que se têm manifestado
nos sistemas de avaliação da qualidade no ensino superior. Em
primeiro, referiu a tendência dos rankings,
um sistema
que produz resultados visíveis e é apoiado pelo poder político.
Em segundo lugar, mencionou a medição do valor acrescentado,
sistema adotado pela OCDE cujos resultados não se revelaram
aceitáveis. De seguida, a retribuição da principal
responsabilidade pelo assegurar da qualidade às próprias
intuições (universidades e politécnicos). Por fim, a tendência da
gestão de risco que surgiu "muito por questões financeiras".
Alberto Amaral fez ainda uma reflexão crítica do momento atual
dos sistemas de avaliação referindo que se tem verificado "uma
perda de confiança".
Licínio Lima,
professor catedrático do Instituto de Educação, interveio de
seguida começando por criticar a possibilidade de um regime de
"avaliocracia" onde "tudo é avaliado mas não significa que tudo
melhore!. O professor entende que a questão da avaliação da
qualidade está "longe de ser um processo institucionalizado",
sendo necessário ter cuidado para não se engendrar em fenómenos
burocráticos. Após uma reflexão sobre a "cultura de qualidade",
Licínio Lima apontou alguns problemas futuros, entre os quais: a
standardização
, a normalização, a menor autonomia
académica e os fenómenos de resistência. Por fim, deixou no ar a
preocupação de que se não houver cuidado "podemos acordar num
inferno 'tecnoburocrático' dentro das instituições".
A última
intervenção, antes de ser passada a palavra à plateia, coube a
Sérgio Machado dos Santos, do conselho de administração da A3ES e
antigo reitor da UM, que dividiu o seu discurso em duas partes.
Na primeira parte, refletiu sobre o impacto da garantia externa
da qualidade no ensino superior que é, antes de mais, uma forma
de "garantir à sociedade que os cursos são acreditados com um
conjunto de requisitos mínimos" mas também de permitir a própria
afirmação das instituições. Na segunda parte, analisou os
impactos do ponto de vista da garantia interna, chamando a
atenção para a necessidade de "procurar induzir uma cultura de
qualidade" equilibrada e transparente por forma a tornar o
trabalho das pessoas mais agradável.
Como espaço de
debate sobre ciência, cultura, tecnologia, arte e educação, esta
quarta sessão dos "encontros UM" terminou com a intervenção do
público que pode interagir diretamente com os convidados.
Texto: Amália
Carvalho
Fotografia: Nuno Gonçalves
(Pub. Fev/2013)