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Academia, 20.02.2013
“Um sistema de avaliação ou de acreditação que não produza resultados visíveis está condenado”
UMinho
Alberto Amaral, Presidente da Agência para a Avaliação do Ensino Superior juntou-se, no dia 20 de fevereiro, a Sérgio Machado dos Santos e Licínio Lima na quarta sessão dos "encontros UM", na Reitoria da Universidade do Minho para debater "A Garantia da Qualidade no Ensino Superior. Que Impacto? Que Futuro?", um debate que contou com a moderação de Graciete Dias.


O debate teve início com a apresentação dos convidados, pela vice-reitora para a Qualidade, Avaliação e Ética Académica, que começou por lançar algumas questões e desafios aos oradores, tendo terminado com a seguinte pergunta: "Qual o papel da garantia da qualidade no Ensino Superior?"

Alberto Amaral começou por abordar as quatro tendências que se têm manifestado nos sistemas de avaliação da qualidade no ensino superior. Em primeiro, referiu a tendência dos rankings, um sistema que produz resultados visíveis e é apoiado pelo poder político. Em segundo lugar, mencionou a medição do valor acrescentado, sistema adotado pela OCDE cujos resultados não se revelaram aceitáveis. De seguida, a retribuição da principal responsabilidade pelo assegurar da qualidade às próprias intuições (universidades e politécnicos). Por fim, a tendência da gestão de risco que surgiu "muito por questões financeiras". Alberto Amaral fez ainda uma reflexão crítica do momento atual dos sistemas de avaliação referindo que se tem verificado "uma perda de confiança".

Licínio Lima, professor catedrático do Instituto de Educação, interveio de seguida começando por criticar a possibilidade de um regime de "avaliocracia" onde "tudo é avaliado mas não significa que tudo melhore!. O professor entende que a questão da avaliação da qualidade está "longe de ser um processo institucionalizado", sendo necessário ter cuidado para não se engendrar em fenómenos burocráticos. Após uma reflexão sobre a "cultura de qualidade", Licínio Lima apontou alguns problemas futuros, entre os quais: a standardização , a normalização, a menor autonomia académica e os fenómenos de resistência. Por fim, deixou no ar a preocupação de que se não houver cuidado "podemos acordar num inferno 'tecnoburocrático' dentro das instituições".


A última intervenção, antes de ser passada a palavra à plateia, coube a Sérgio Machado dos Santos, do conselho de administração da A3ES e antigo reitor da UM, que dividiu o seu discurso em duas partes. Na primeira parte, refletiu sobre o impacto da garantia externa da qualidade no ensino superior que é, antes de mais, uma forma de "garantir à sociedade que os cursos são acreditados com um conjunto de requisitos mínimos" mas também de permitir a própria afirmação das instituições. Na segunda parte, analisou os impactos do ponto de vista da garantia interna, chamando a atenção para a necessidade de "procurar induzir uma cultura de qualidade" equilibrada e transparente por forma a tornar o trabalho das pessoas mais agradável.

Como espaço de debate sobre ciência, cultura, tecnologia, arte e educação, esta quarta sessão dos "encontros UM" terminou com a intervenção do público que pode interagir diretamente com os convidados.

Texto: Amália Carvalho

Fotografia: Nuno Gonçalves


(Pub. Fev/2013)

Arquivo de 2013