"Este é o primeiro estudo que demonstra que, embora aquelas crianças bilingues tenham que enfrentar muitos desafios linguísticos, também revelam pontos fortes nas competências cognitivas nãorelacionadas com a língua, mas cruciais para a aprendizagem", afirma a equipa de investigação, que a nível nacional está a ser coordenada por Anabela Cruz-Santos, professora do Instituto de Educação da UMinho.
Participaram na investigação 80 alunos do segundo ano de escolaridade provenientes de famílias com baixo rendimento. Metade das crianças era da primeira ou segunda geração de imigrantes no Luxemburgo, originalmente do Norte de Portugal, e falava luxemburguês e português diariamente. As restantes viviam no Norte de Portugal e só falava português. O objetivo foi analisar de que forma o domínio de duas línguas pode influenciar as funções mentais destes grupos.
Em primeiro lugar, os investigadores testaram o vocabulário das crianças, pedindo-lhes que nomeassem objetos ou ações apresentados em imagens. Ambos os grupos completaram a tarefa em português e, no caso das crianças bilingues, também em luxemburguês. Para avaliar de que forma as crianças representavam o conhecimento na memória, os académicos deram-lhes a tarefa de encontrar uma peça em falta para completar uma determinada forma geométrica. Os alunos envolvidos tiveram ainda que participar em atividades que permitiam examinar a capacidade de direcionar e centrar a sua atenção, mesmo com distrações.Apesar deconhecerem menos palavras e apresentarem resultados inferiores nas tarefas ligadas à memória, os bilingues conseguiram um melhor desempenho no teste de controle, cuja finalidade era direcionar e centrar a sua atenção em contextos mais agitados.
Resultados podem ajudar a diminuir as disparidades entre as crianças
A aprendizagem de uma língua estrangeira aumenta os horizontes linguísticos e culturais das crianças, promovendo o desenvolvimento saudável do sistema de comando do cérebro, importante para o planeamento e a resolução de problemas, reforçam os autores do estudo, intitulado "Bilingualism enriches the poor: Enhanced cognitive control in low-income minority children".
As crianças que vivem em famílias com baixo rendimento representam um grupo populacional vulnerável: "Estudar os processos cognitivos deste grupo é de grande importância social e representa um avanço significativo na nossa perceção do desenvolvimento infantil", alerta a coordenadora principal Pascale Engel de Abreu, da Universidade do Luxemburgo, acrescentando que estes resultados podem ajudar a diminuir as disparidades entre as crianças de diferentes classes sociais.
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(Pub. Set/2012)