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Academia, 23.07.2012
Investigadora da UMinho explica como o atleta de elite mantém a performance
UMinho
O que é preciso para um desportista atingir e, sobretudo, manter desempenhos de alto nível? Ser completo. Mais do que ter qualidades físicas excecionais e gerir o stress, o "passaporte para o sucesso" inclui, com igual peso, os campos pessoal, social, contextual e de prática. A conclusão é de Daniela Matos, recém-doutorada em Psicologia na Universidade do Minho. A sua tese foi o primeiro estudo nacional a usar "diários semanais" de atletas de topo que mantiveram as suas performances, isto é, com pelo menos dois desempenhos de elevado nível. Em breve sai o livro.


A investigação "Excelência no desporto: Para uma compreensão da "arquitetura" psicológica dos atletas de eliteportugueses" decorreu de 2007 a 2011, com 18 atletas de modalidades individuais e coletivas, e teve apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. "Não há um fator-chave para o atleta de elite manter as performances, todos os fatores são importantes e interrelacionam-se em contínuo, um todo organizado em que cada um cumpre a sua função", declara Daniela Matos, do Centro de Investigação em Psicologia (CiPsi) da UMinho.

Ao nível da personalidade, os desportistas entrevistados salientam o espírito de sacrifício. "Implica abdicar da vida familiar e social, adiar projetos pessoais como ter um filho ou um curso", elenca a investigadora. Outros aspetos prendem-se com a persistência, motivação, autoconfiança e "perfecionismo saudável". O atleta experiencia um "número elevadíssimo" de emoções antes, durante e depois da competição, o que o leva a ter "imensas estratégias" face às adversidades. "Lida bem com as imperfeições, que são alvo inicial de "irritação", mas são sobretudo um patamar para alcançar o sonho, ser cada vez melhor", continua a psicóloga bracarense de 33 anos.

Em termos sociais e contextuais, a maioria dos atletas contactados admitiu ter tido experiências marcantes na vida, que serviram de estímulo, e destacou especialmente a sua rede de suporte, como o treinador, os pais, outros familiares, amigos e ex-atletas. "A rede é muito positiva, desde a boleia para o treino ou a compra do equipamento até, mais tarde, aos conselhos e ao amor incondicional dos que, quer se perca ou ganhe, estão sempre para o que for preciso". contextualiza a investigadora da UMinho.

?Se trouxermos duas, três medalhas olímpicas será excecional?

Os atletas de topo preocupam-se também com os papéis sociais: "Querem dar o exemplo. Em geral são excelentes pessoas, têm boas relações; é errada a ideia de que são frios, orgulhosos". A gestão do tempo deles "é exímia". Por exemplo, dizem compensar as ausências nas aulas da universidade com a extrema organização no estudo; por outro lado, tendem a não sair à noite, mas mantêm atividades sociais com amigos. Outro aspeto fulcral na análise é o treino e a prática. Aqueles desportistas salientam a necessidade clara de trabalhar continuamente para se aperfeiçoarem. "A quantidade de tempo e qualidade do treino são exigentes em termos de esforço e concentração, mas apesar disso dão prazer. Muitos dizem: eu treino para competir", evidencia Daniela Matos.

Sobre a participação de Portugal nos XXX Jogos Olímpicos, a ocorrer de 25 de julho a 12 de agosto em Londres, a psicóloga é ponderada. "Se trouxermos duas, três medalhas será um desempenho excecional", afirma. Aspetos contextuais, como as infraestruturas e os apoios financeiros, "acabam por influenciar" as condições dos atletas lusos face a países desportivamente afirmados como os EUA. A reduzida comitiva nacional "também torna difícil" alcançar muitas medalhas.

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(Pub. Jul/2012)

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