A investigadora e professora Rafaela Rosário, da Escola Superior de Enfermagem, culpa a sociedade por ser "promotora de costumes alimentares rápidos, ao mesmo tempo que as crianças são vítimas descreentime, passando horas afins frente à televisão e ao computador".
O estudo teve como objetivo avaliar o efeito do programa de intervenção na antropometria e no consumo alimentar das crianças, com idades entre os 6 e 10 anos, no sentido de evitar principalmente o excesso de peso ou a obesidade, patologias que atingem mais de 30 por cento da população nacional infantil. A investigação, intitulada "Excesso de peso e obesidade em crianças: implementação e avaliação de um programa de intervenção na escola", interpelou precisamente 464 crianças, sendo que apenas 293 foram submetidas a uma intervenção "mais" ativa. As restantes responderam somente a um questionário sobre hábitos alimentares, além de serem monitorizadas antropometricamente, isto é, pesadas e medidas.
"Verificámos um aumento do excesso de peso no grupo que não foi submetido ativamente à experiência", afirma Rafaela Rosário. Os resultados mostraram também que a percentagem das crianças com excesso de peso e obesidade era muito próxima da tendência portuguesa. Ambos os grupos apresentaram hábitos alimentares "desajustados", prevalecendo o consumo excessivo de alimentos com elevada densidade enérgica e baixo valor nutricional, refere a enfermeira.
Formação dos professores acreditada pelo Ministério da Educação
Os professores envolvidos tiveram uma formação acreditada pelo Ministério da Educação. Para além da transmissão de informação sobre os diversos alimentos, os educadores promoveram atividades didáticas e interativas como o Dia da Fruta, o Momento H20, o Dia do Desporto, o Dia Mais - Saltar Mais, Correr Mais e Atirar Mais, o Dia Mundial da Alimentação e o Dia da Confeção do Pão. As crianças mostraram medidas antropométricas "mais adequadas" após a intervenção e uma visão diferente sobre os produtos ditos saudáveis. Rafaela Rosário pensa já na possibilidade de aplicar o estudo a nível nacional: "Se vimos um impacto significativo em termos locais, também poderia acontecer a nível mais global", diz.
Crianças sofrem com a falta de tempo dos pais
A educação transmitida pelos progenitores é o fator com mais influência nos comportamentos e nas opções dos jovens. As sociedades contemporâneas obrigam a uma "correria constante", o que impede uma verdadeira reflexão sobre os hábitos nutricionais. É importante libertar os pais para serem educadores formados no verdadeiro sentido da palavra, reforça a professora, não descartando o papel nefasto da publicidade, da privação do sono e do sedentarismo neste processo. O ambienterewarded, no qual a criança é recompensada ou punida com produtos alimentares, é desaconselhado: "Sublinhar um aspeto positivo ou negativo desta forma pode ter implicações sobre como a própria criança vê os alimentos, fazendo com que aceite ou rejeite determinadas refeições", alerta.
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(Pub. Mai/2012)