O investigador Eduardo Pires de Oliveira, da Biblioteca Pública de Braga/Universidade do Minho, tornou-se esta tarde o primeiro doutorado em História da Arte por currículo relevante em Portugal, ou seja, sem licenciatura prévia. O historiador defendeu na Universidade do Porto uma tese sobre o artista André Soares e o rococó do Minho (1720-69), que considera "o expoente do rococó nacional" e que "merece visibilidade mundial", afirmando assim o turismo cultural e a arte portuguesa no mundo.
"André Soares era excelente quer no ornato como na linha e
tinha várias personalidades, como Fernando Pessoa. É um dos
artistas portugueses mais injustamente ignorados. Quando a sua
obra for devidamente dada a conhecer, será considerada uma das
mais interessantes da Europa e do mundo no período rococó", vinca
Eduardo Pires de Oliveira. Basta ver o contraste entre a fachada
da Igreja dos Congregados (Braga) e o retábulo de Nossa Sra. do
Rosário do Convento S. Domingos (Viana do Castelo). A obra
soaresca elevou Braga a capital nacional do barroco e rococó.
Veja-se por exemplo a capela dos Monges (Congregados), a igreja
da Falperra, os palácios do Raio e D. José de Bragança, o
edifício da Câmara Municipal, o retábulo-mor do mosteiro de
Tibães e várias capelas e fontes no Bom Jesus. Os seus trabalhos
estão em vários distritos do país.
"A obra de André Soares penetrará facilmente nos manuais
internacionais de arte. Se o Governo, o Turismo do Porto e Norte
e as autarquias abordassem uma editora multinacional para lançar
uma sua obra em 10, 12 línguas, talvez se invista um bom
dinheiro, mas o retorno nas visitas de estrangeiros nos anos
seguintes seria muitíssimo compensador", desafia Pires de
Oliveira. Realça que o turismo patrimonial "existe todo o ano" e
que há falta de livros para as massas e para universitários
dirigidos a potenciais mercados, como o de língua inglesa ou o
japonês, sobre o barroco e rococó português. "É curioso ter sido
um americano, Robert Chester Smith, a "descobrir" publicamente
André Soares como um expoente da arte europeia, em 1966", nota o
historiador de arte.
Mais de 150 publicações sobre
património
Eduardo Pires de Oliveira já escreveu mais de 150 livros e
artigos científicos sobre património. Esteve nas origens da
UMinho, integrado na Unidade de Arqueologia, passando desde 1994
para a Biblioteca Pública de Braga. É membro da Associação
Portuguesa de Historiadores de Arte, da Associação dos
Arqueólogos Portugueses e o único bracarense na Academia Nacional
de Belas-Artes, que em 1994 lhe deu o Prémio José de Figueiredo.
Dirigiu escavações, ajudou a salvar as ruínas de Bracara Augusta
da cobiça imobiliária, cofundou a associação ASPA, trabalhou com
personalidades tão diversas como Eduardo Souto Moura e Jorge de
Alarcão, integrou equipas de restauro de monumentos nacionais,
foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian cinco vezes, deu
aulas e interveio em eventos em vários países, tem elaborado
múltiplos pedidos de classificação e pareceres sobre edifícios e
está na direção do Centro de Estudos Lusíadas, da UMinho.
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(Pub. Abr/2012)