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Academia, 30.01.2012
Substância dada a grávidas pode prejudicar saúde do filho
UMinho
Um estudo da Universidade do Minho revela que a exposição intrauterina a glucocorticóides (GC) sintéticos, substância dada a 10% das grávidas, pode contribuir para que o futuro adulto desenvolva ansiedade excessiva e depressão e, ainda, seja afetado negativamente no comportamento sexual, caso seja do sexo masculino. A investigação acaba de ser publicada na revista internacional Psychopharmacology.

"Estas substâncias são utilizadas para acelerar a maturação pulmonar fetal. Apesar de estudos em animais e humanos apontarem para efeitos adversos a nível do crescimento do cérebro e outros órgãos em desenvolvimento, o recurso a várias doses persiste na prática clínica", explica Mário Oliveira, doutorado da Escola de Ciências da Saúde e investigador do ICVS/3B's Laboratório Associado, ambos da UMinho.O trabalho analisou o impacto da dexametasona (DEX), um tipo de GC sintético frequentemente utilizado neste âmbito, no desenvolvimento do jovem adulto e avaliou as consequências desta exposição pré-natal no comportamento sexual masculino, uma vez que a diferenciação sexual cerebral começa durante a fase final da gravidez.

Além do impacto ao nível da ansiedade, os dados da tese revelam também que a DEX pré-natal altera o comportamento relacionado com o medo na idade adulta. Estes traços comportamentais correlacionam-se com uma desregulação do mecanismo de resposta ao stress e com alterações do volume de áreas cerebrais que são responsáveis pela modulação da ansiedade. "A exposição a stress ou níveis elevados de GC durante etapas cruciais do desenvolvimento contribuem para o aparecimento de distúrbios neuropsiquiátricos, nomeadamente a ansiedade e a depressão. É reconhecido que eventos adversos durante fases precoces da vida podem moldar a saúde física e mental do adulto", esclarece.

Relativamente à repercussão da DEX pré-natal na conduta sexual masculina, verifica-se "um impacto em comportamentos que traduzem uma redução da motivação sexual". O estudo "The bed nucleus of stria terminalis and the amygdala as targets of antenatal glucocorticoids: implications for fear and anxiety responses" mostra ainda que a utilização alternativa de GC naturais parece ter efeitos mais ténues, o que leva a acreditar numa possível "reavaliação" e "uso sensato" destas substâncias na prática clínica, explica Mário Oliveira. A investigação foi desenvolvida por Mário Oliveira, Nuno Sousa, José Miguel Pêgo, Pedro Leão, Diana Cardona e Ana João Rodrigues, todos da UMinho.

Doutorado em Medicina pela UMinho (2011), Mário Oliveira especializou-se em Urologia. Está a trabalhar na Unidade de Oncologia do Serviço de Urologia da Fundació Puigvert, em Barcelona. De 2002 a 2011, foi assistente convidado da Escola de Ciências da Saúde da UMinho. É membro do Quadro Europeu em Urologia e da Associação Europeia de Urologia e Associação Portuguesa de Urologia. Já redigiu vários artigos e comunicações em publicações internacionais e reuniões científicas.

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