"O enfoque do
conceito de 'envelhecimento ativo' nas atividades socialmente
produtivas do idoso negligencia a dimensão do lazer como forma de
promover a saúde e o bem-estar nas idades avançadas", explica a
docente do Departamento de Sociologia da UMinho, que se tem
dedicado ao estudo do envelhecimento da população.
No âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da
Solidariedade entre Gerações, a socióloga aproveita para deixar
duas dicas importantes: "Recomendo que as prioridades dos
governos não se restrinjam ao cumprimento das metas da Estratégia
2020 para o emprego, incentivando carreiras profissionais mais
longas, nem se limitem a valorizar as redes de proximidade dado o
contexto de crise económico-financeira e de reestruturação do
Estado social, apostando antes em medidas que defendam os
direitos de cidadania dos mais velhos e promovam a sua qualidade
de vida".
Os resultados dos Censos 2011 revelam que Portugal conta com 129
idosos por cada 100 jovens, enquanto em 1960 esta relação era
apenas de 27 indivíduos com idade superior a 65 anos para uma
centena de pessoas com menos de 15 anos. "Vivemos cada vez mais
tempo mas a velhice é um período de grande vulnerabilidade à
solidão", explica Alice Matos. Uma das suas investigações
permitiu ainda perceber que o sentimento de solidão é vivido por
um grande número de idosos sobretudo nos primeiros anos da
velhice. "É um período particularmente crítico de adaptação às
perdas de emprego, de pessoas próximas, da saúde, entre outras",
conta a socióloga, acrescentando que "a solidão é sentida
principalmente por aqueles que não têm laços familiares ou vivem
relações familiares pouco satisfatórias pois, para os idosos
portugueses, a família é mais importante que as relações de
amizade nesta fase da vida".
Docente coordena projeto internacional neste
âmbito
Alice Delerue Matos licenciou-se em Sociologia pelo ISCTE (Lisboa) e doutorou-se em Ciências Sociais - Demografia pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica). É professora do Instituto de Ciências Sociais da UMinho e coordenadora do grupo de investigação "População, Família e Saúde". Participa também em diversos projetos de investigação financiados pela Comissão Europeia, Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e Fundação Francisco Manuel dos Santos. Está atualmente a cocoordenar o projeto internacional "Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe", que conta com a colaboração de 20 países europeus e Israel. As suas áreas de investigação estão principalmente ligadas à sociologia do envelhecimento, ao estudo da pobreza e às desigualdades e exclusão social.
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(Pub. Jan/2012)