"Os sistemas de financiamento existentes não são suficientes, o que aumenta as dificuldades no que diz respeito à investigação e diminui, simultaneamente, a qualidade de vida dos envolvidos", explica Júlia Tomás. O fator monetário é o que mais motiva os doutorandos/investigadores a sair do país de origem, contudo o inquérito prova que a situação não é muito recorrente. "Estes profissionais deveriam ter mais possibilidades para realizar a investigação a nível europeu, a fim de contribuir ativamente não só para o próprio desenvolvimento pessoal mas, também, para a sociedade do conhecimento em geral", reforça Júlia Tomás, que está a realizar um pós-doutoramento no Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade da UMinho.
Além disso, uma parte relativamente grande dos doutorandos não tem o direito de utilizar as suas próprias conclusões, ao contrário daquilo que está delineado na Carta dos Investigadores Europeus e no Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores. Relativamente à licença de maternidade/paternidade, o estudo ressalta as diferenças existentes entre os países sobre a possibilidade de suspender um contrato ou obter um pagamento durante a licença. A pressão para adiar uma eventual maternidade é mais elevada nos territórios escandinavos.
Resultados comentados por várias entidades
O questionário foi aplicado a cerca de oito mil académicos de doze países da União Europeia (Áustria, Bélgica, Croácia, Finlândia, França, Alemanha, Holanda, Noruega, Portugal, Eslovénia, Espanha e Suécia). O objetivo foi analisar a situação atual dos doutorados e jovens investigadores no que diz respeito ao emprego, aos benefícios sociais e às condições de trabalho, bem como conhecer as diferenças entre os modelos de educação doutoral na Europa. O trabalho aborda várias questões, nomeadamente os requisitos de qualificação, os trajetos de carreira, o financiamento, os modelos de formação e de supervisão, as condições de trabalho, os resultados alcançados e esperados do trabalho científico e a mobilidade.
Desenvolvido em 2008/09, o inquérito pretende, assim, oferecer informações relevantes, que poderão ser utilizadas pelos agentes institucionais envolvidos no processo da carreira científica e pelos representantes políticos. Os resultados serão discutidos por elementos da Academy of European Law, da Espacio Europeo de Educación Superior, da Comissão Europeia, da League of European Research Universities e do Fundo Social Europeu, entre outros. A apresentação do estudo realiza-se no âmbito da Cimeira Europeia para Investigadores em Início de Carreira, que começa já esta quinta-feira, dia 29. Este primeiro dia conta com a participação de membros representando doutorandos e jovens investigadores de vários países europeus que irão discutir um conjunto de propostas, documentos políticos e outros projetos em curso. As pessoas interessadas podem assistir à divulgação do estudo através do site http://www.eurodoc.net/strasbourg/registration .
Júlia Tomás realizou a licenciatura em Estudos Culturais e História, na Universidade de Bath Spa (Reino Unido), e o mestrado em Relações Públicas Internacionais, na Universidade de Cardiff (País de Gales). Mais tarde, foi para Montpellier (França) para desenvolver o segundo mestrado de investigação, em Sociologia. O doutoramento, cuja tese foi defendida em Outubro de 2009 na mesma cidade, dedicou-se totalmente à invisibilidade social. Atualmente está a realizar o pós-doutoramento sobre tráfico de seres humanos, no Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade da UMinho, onde também assume a coordenação do núcleo do Minho da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica.
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(Pub. Set/2011)