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Academia, 03.08.2011
Embalagens vão ser mais seguras e comestíveis
UMinho
Inovação chega ao mercado mundial em breve e é realizada por um consórcio internacional, que envolve a UMinho. Imagine uma camada natural finíssima à volta de uma maçã, que aumenta a qualidade, segurança e durabilidade do alimento, que é comestível e que até indica se o produto sofreu alterações.

A inovação, que chega ao mercado a médio prazo, aplica a nanotecnologia às embalagens e está a ser desenvolvida no âmbito do projecto internacional Nanopacksafer, explica José Teixeira, coordenador nacional e investigador do Instituto para a Biotecnologia e Bioengenharia/Centro de Engenharia Biológica (IBB/CEB) da Universidade do Minho.

O projecto pretende desenvolver embalagens alimentares com melhores propriedades antimicrobianas, mecânicas e térmicas, através de nano-revestimentos edíveis (protecção comestível), filmes não-edíveis e nano-partículas. Estes dispositivos permitirão também a monitorização efectiva das propriedades do alimento. Por exemplo, será possivel verificar facilmente a qualidade do peixe, do queijo ou da fruta através de''sinais'' de nanossensores incorporados no próprio revestimento. A camada finíssima poderá também ser comestível sem que ocorram alterações no sabor dos alimentos.

José Teixeira realça que estas embalagens inteligentes funcionais vão aumentar a protecção da comida e prolongar o seu ciclo de vida. Será possível o controlo da atmosfera interna do invólucro, a libertação controlada de moléculas (nanoaditivos bioactivos) com actividade antimicrobiana, antioxidante ou de captura de oxigénio, bem como o uso de nano-hidrogeis poliméricos que libertam determinados ingredientes em resposta às condições ambientais.

Nanotecnologia é decisiva na segurança alimentar

O Nanopacksafer está a ser desenvolvido pelas universidades do Minho (IBB/CEB e Centro de Física), Aveiro,Vigo, País Basco, Complutense de Madrid e Centro de Investigação Valenciano IATA-CSIC. ''A utilização desta tecnologia está em forte expansão e temos recebido interesse de várias empresas e instituições'', vinca o investigador da UMinho. A nanotecnologia aplicada a embalagens na indústria alimentar representou 150 milhões de dólares em 2002 e deve rondar os 20 mil milhões de dólares em 2012.

''A segurança alimentar é um tema da maior importância na sociedade actual'', sublinha José Teixeira, para acrescentar: ''Apesar dos grandes desenvolvimentos na área, os custos materiais e humanos associados continuam muito elevados; além disso, os consumidores querem, cada vez mais, produtos naturais e minimamente processados. A nanotecnologia tornou-se, por isso, fundamental para desenvolver tecnologias/processos e responder aos desafios da indústria e dos cidadãos''.

José Teixeira licenciou-se e doutorou-se pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde foi professor de 1980 a 1993, tendo daí transitado para a UMinho.É professor catedrático desde 2001 e director do Departamento de Engenharia Biológica (DEB) da UMinho. Centra a sua investigação nas áreas da tecnologia da fermentação e tecnologia alimentar.Foi responsável de 21 projectos de investigação, cinco deles europeus, publicou 230 artigos em revistas, vários capítulos e livros e é co-editor dos livros ''Reactores Biológicos-Fundamentos e Aplicações'' e ''Engineering Aspects of Milk and Dairy Products''. Preside a Sociedade Portuguesa de Biotecnologia.

Redacção 

(Pub. Jul/2011)

Arquivo de 2011