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Academia, 01.07.2011
Estudo da UMinho conclui que 82% das grávidas mudam comportamentos face aos mitos e crenças
UMinho
A professora Maria Fátima Martins, da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, foi distinguida recentemente pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses com o prémio da melhor comunicação livre, que foi apresentada num congresso internacional em Malta.

O seu estudo "A Educação para a saúde e as tradições durante a gravidez" conclui que 82% das mulheres entrevistadas modificaram os seus comportamentos durante a gravidez em função do estabelecido por determinados mitos e crenças.

A investigação teve como objectivo analisar os comportamentos expressos pelas grávidas dependentes de tradições e conhecer a importância que os enfermeiros atribuem às mesmas. "Os resultados podem induzir que os mitos e as crenças são percebidos como elementos de segurança, de protecção, de conservação, de fé e de tradição que é necessário manter. Verificou-se que os enfermeiros, durante as consultas de vigilância pré-natal, raramente abordam a temática dos mitos, das crenças ou das tradições. Esta omissão leva a que as mulheres vivam a sua gravidez num clima permanente de ansiedade, de medo ou mesmo de insegurança", explica a investigadora. O trabalho originou o livro "Mitos e Crenças na Gravidez - Sabedoria e Segredos Tradicionais das Mulheres de Seis Concelhos do Distrito de Braga", de 340 páginas, editado pela Colibri.

Não comer polvo e evitar fios, cintos ou funerais são alguns dos mitos adoptados

Alguns exemplos de mitos e crenças identificados pelas grávidas foram: evitar fios ou cintos para a criança não nascer "esganada" com o cordão umbilical; não usar chaves nem beber por copos rachados, pois o bebé pode nascer com lábio cortado; não comer polvo, porque pode provocar aborto ou manchas no bebé; coser roupa vestida ou usar alfinetes pode trazer complicações à criança; evitar funerais pois o bebé pode morrer, ficar amarelo, mudo, com espírito do falecido; barriga empinada é rapaz, redonda é rapariga; cara com sardas é menino, cara limpa é menina; subir a escada com pé direito é sexo masculino, pé esquerdo é feminino; ser proibido cheirar flores, senão o bebé pode nascer com uma flor no corpo, marcas ou manchas; se a grávida não comer o que deseja, a criança pode nascer com a boca aberta ou com o cabelo "espetado"; uma mulher grávida recusar ser madrinha, pois pode provocar a morte do bebé que está na barriga ou do que vai ser baptizado; se ao amamentar deitar restos de comida ao lixo e um animal fêmea prenha os comer, a mãe pode ficar sem leite; entre outros.

Maria Fátima Silva Vieira Martins, de 47 anos, é natural de Amares e professora na Escola Superior de Enfermagem (ESE) da UMinho. Licenciou-se em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica pela Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian em Braga, tirou o mestrado em Sociologia da Saúde e é doutoranda em Sociologia, também pela UMinho. Participou e apresentou comunicações/posters em diversos congressos nacionais e internacionais da sua área, publicou vários artigos científicos e um livro. Esta distinção valeu-lhe a participação na comitiva da Ordem dos Enfermeiros que se deslocou a Malta para a conferência do Conselho Internacional de Enfermeiros - International Council of Nurses (ICN).

Contactos

Prof. Maria de Fátima Martins | Tel.: 253601310; 919192104 | E-mail: fmartins@ese.uminho.pt

(Pub.Jul/2011)

Arquivo de 2011