Os tumores cerebrais são a principal causa de morte por cancro em crianças, sendo também um dos responsáveis pela diminuição de anos de vida em doentes oncológicos: "O tratamento dos tumores pediátricos baseia-se em protocolos terapêuticos aplicados em adultos, quando existem diferenças consideráveis na sua génese. Esta distinção molecular pode vir a ajudar na concepção de fármacos mais eficientes", explica a especialista.
Um dos focos da investigação aponta para a possibilidade de a proteína EGFR ser um alvo terapêutico promissor devido à presença de alterações genéticas específicas em tumores cerebrais: "Isto faz com que os pacientes possam responder positivamente aos medicamentos direccionados especialmente a esta proteína", afirma Marta Pereira."São medicamentos concebidos para inibir o EGFR e, por conseguinte, travar o crescimento do tumor", acrescenta. Estas conclusões foram validadas em cerca de 55 adultos e 90 crianças portuguesas.
A tese de doutoramento "Genética Molecular de Tumores Cerebrais Pediátricos versus Adultos" centrou-se principalmente na hipótese de os tumores cerebrais pediátricos e adultos serem molecularmente diferentes: "São histologicamente semelhantes, contudo apresentam diferenças fundamentais a nível clínico e molecular consoante a idade", reforça. A dor de cabeça, a falta de equilíbrio e de coordenação, a visão dupla, as náuseas, os vómitos, a febre intermitente e a frequência respiratória anormal são alguns dos sintomas decorrentes da doença.
Investigadora publica estudo em revista internacional
Marta Pereira acaba de publicar na revista "PLos ONE" o estudo "Microsatellite Instability in Pediatric High Grade Glioma is Associated with Genomic Profile and Differential Target Gene Inactivation". Desenvolvido com a colaboração de especialistas portugueses, ingleses e brasileiros, o trabalho assenta no impacto de um tipo de instabilidade genética em gliomas, tumores cerebrais mais recorrentes.
A investigadora é licenciada em Biologia Aplicada pela Universidade do Minho, tendo realizado o seu estágio na área da biologia do desenvolvimento no Institute of Biology Leiden da Universidade de Leiden, na Holanda. Em 2006, foi integrada no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da UMinho, onde iniciou o seu doutoramento. Após ter desenvolvido parte da investigação no Institute of Cancer Research (Reino Unido), voltou, em 2010, para o ICVS. Actualmente, está a realizar pós-doutoramento, no mesmo grupo, sob a supervisão do professor Rui Manuel Reis.
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Marta Sofia Pereira | E-mail: martapereira@ecsaude.uminho.pt
(Pub.Jun/2011)