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Academia, 08.06.2011
Cirurgia pulmonar pode vir a ser feita através da boca
UMinho
Fazer uma cirurgia torácica complexa através da boca, como uma lobectomia pulmonar, pode vir a ser uma prática comum a curto prazo. Este método impede complicações associadas às feridas cutâneas, diminui a dor pós-operatória, os distúrbios fisiológicos e, consequentemente, permite realizar mais cirurgias em regime de ambulatório. Além disso, possibilita retomar a vida activa mais rapidamente


Estas são as conclusões do estudo de João Moreira Pinto, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, que acaba de ser distinguido com o prémio da melhor comunicação oral de 2011, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva e pela Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório.


O procedimento premiado implica uma incisão da parede torácica de apenas 10 milímetros: "Foi introduzido pela boca, e através do esófago, um gastroscópio convencional com um canal de trabalho para a passagem de instrumentos flexíveis. Introduziu-se também um toracoscópio que permite fazer passar instrumentos rígidos e, simultaneamente, visualizar e guiar instrumentos articulados introduzidos pelo esófago", explica o cirurgião, que está a desenvolver o doutoramento na Escola de Ciências da Saúde (ECS) da UMinho.

Procedimento garante mais segurança e eficiência

O seu trabalho "Lobectomia pulmonar superior direita transesofágica - estudo in vivo" tem como objectivo resolver as limitações da cirurgia torácica endoscópica por orifícios naturais nos seres humanos. Foi aplicado em modelos suínos, mas pretende-se prolongar o procedimento ao ser humano. "Os resultados demonstram que a utilização de uma porta transtorácica auxiliar permite efectuar procedimentos endoscópicos transesofágicos mais complexos, proporcionando uma maior segurança e eficiência neste âmbito", reforça.

O investigador mostra-se satisfeito com a distinção que lhe foi atribuída no Congresso de Cirurgia Minimamente Invasiva e de Ambulatório, no Algarve: "A Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva e a Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório são duas entidades científicas reconhecidas a nível nacional e internacional. É, por isso, motivo de grande júbilo para mim, para o ICVS/ECS e para a UMinho". O estudo foi desenvolvido com a colaboração dos professores Carla Rolanda e Jorge Correia-Pinto, do investigador Aníbal Ferreira e da veterinária Alice Ferreira.

João Moreira Pinto licenciou-se em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, tendo também presidido a Associação de Estudantes. Foi depois para Timor fazer voluntariado pela Associação Médica Internacional. Começou a trabalhar no Hospital de Braga e, actualmente, está a completar o internato em Cirurgia Pediátrica, no Centro Hospitalar do Porto, e a realizar o doutoramento em Medicina na UMinho, onde também investiga no grupo de Ciências Cirúrgicas do ICVS. Desde 2010, é assistente convidado e dá aulas de Sistemas Orgânicos e Funcionais na licenciatura de Medicina desta instituição.

Contactos

JoãoMoreira Pinto | E-mail: moreirapinto@ecsaude.uminho.pt

(Pub.Jun/2011)

Arquivo de 2011