fotografia de Patrícia Maciel (à esquerda) e Andreia Castro (à direita), que tem vindo a colaborar também na investigação
O trabalho foi desenvolvido por uma equipa liderada por Patrícia Maciel, da Escola de Ciências da Saúde da UMinho, em colaboração com investigadores norte americanos das universidades de Northwestern (Chicago) e de Utah (Salt Lake City) e acaba de ser publicado na revista "Human Molecular Genetics".
A DMJ é uma doença neurodegenerativa que atinge milhares de pessoas e caracteriza-se principalmente pela descoordenação dos movimentos corporais, obrigando os doentes a usar cadeira de rodas. A equipa de trabalho sugere dois fármacos com elevado potencial terapêutico, que demonstraram ter consequências positivas no fenótipo neurológico de modelos animais, nomeadamente ao nível da locomoção. Esta descoberta vai ter, segundo Patrícia Maciel, uma boa receptividade no mercado farmacêutico: "Estamos a testar compostos que já são usados em humanos para o tratamento de outras doenças. Desta forma, qualquer achado positivo poderá ultrapassar as fases mais morosas de estudo da segurança de utilização, uma vez que já foram validados em modelos animais", explica. "Basta-nos realizar ensaios clínicos para verificar se, de facto, são eficazes contra a doença em questão", acrescenta.
O estudo mostra também que é possível recriar doenças neurodegenerativas graves em organismos simples, nomeadamente o nemátode C. elegans, permitindo testar num curto espaço de tempo milhares de fármacos de modo a identificar a sua eficácia terapêutica. Estes fármacos poderão vir a ser testados em ratinhos e passar, posteriormente, à fase de ensaios terapêuticos no humano. Actualmente, ainda não existe qualquer tratamento que permita bloquear ou abrandar a progressão da DMJ, que foi inicialmente identificada em descendentes de portugueses oriundos dos Açores. Patrícia Maciel, que se dedica a esta questão há anos, mostra-se satisfeita com o trabalho desenvolvido: "A criação deste modelo e a validação da sua utilidade na pesquisa de terapias para a Machado-Joseph são um momento importante para mim, pois fazem-me pensar que a possibilidade de encontrar um tratamento farmacológico para esta doença está cada vez mais próxima", confessa.
Patrícia Maciel realizou a licenciatura em Bioquímica e o doutoramento em Ciências Biomédicas, na Universidade do Porto (UP), embora tenha realizado todo o trabalho experimental na Universidade McGill, no Canadá, onde viveu durante quatro anos. Foi docente no Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte e investigadora no Instituto de Biologia Molecular e Celular da UP. Desde 2002, é professora na Escola de Ciências da Saúde da UMinho e investigadora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da mesma instituição. Tem-se dedicado ao estudo genético de doenças neurodegenerativas, nomeadamente a doença de Machado-Joseph, e, mais recentemente, à genética das doenças do neurodesenvolvimento..
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Prof. Patrícia Maciel
E-mail: pmaciel@ecsaude.uminho.pt
(Pub.Mai/2011)