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Academia, 20.05.2011
Ansiedade e depressões tendem a aumentar nos desempregados com mais de 50 anos
UMinho
Estudo sobre impactos na saúde do desemprego em fim de carreira está a ser desenvolvido por Rita Borges, da Universidade do Minho.


O desemprego nas pessoas com mais de 50 anos pode conduzir a uma perda de poder de compra e condicionar o acesso a cuidados de saúde ou a uma alimentação completa e a estilos de vida saudáveis. Além disso, pode também aumentar a ansiedade e os estados depressivos, associados a doenças cardiovasculares e a demência. Estas são as conclusões preliminares do doutoramento de Rita Borges, do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho, que tem colaboração da Universidade de Oxford, no Reino Unido.





A investigadora explica que a crise económica agrava a situação "Os cortes previstos nos subsídios de desemprego podem vir a ameaçar a subsistência e a estabilidade das populações mais fragilizadas economicamente, nomeadamente aquelas com maior dificuldade em reingressar no mercado de trabalho", sublinha. "Esta geração teve acesso, na sua maioria, a uma escola básica ou preparatória e a trajectos profissionais pautados pelo trabalho manual, pelo que tem dificuldades acrescidas em reconverter as suas competências no sistema de trabalho actual. As ofertas formativas são olhadas com desconfiança e desinteresse, já que nem sempre são ajustadas às suas necessidades e especificidades", acrescenta.

Novas políticas de emprego e fiscalizações para combater discriminação etária

Rita Borges sugere a implementação de políticas de emprego e de apoio ao desemprego que correspondam às necessidades específicas desta camada mais velha de forma a impedir o mal-estar e a deterioração da saúde. "É imprescindível o combate à discriminação etária no mercado de trabalho, através de campanhas educativas destinadas à população em geral e aos empregadores, sensibilizando-os para as vantagens competitivas destes trabalhadores", diz. A socióloga defende ainda que devem existir meios de fiscalização relativamente à gestão etária das empresas e sanções aplicadas no caso de se detectar este tipo de discriminação.

O estudo "Impactos na saúde do desemprego em fim de carreira profissional" tem como objectivo analisar a realidade dos desempregados em fim de carreira profissional para verificar o impacto desta perda involuntária de emprego no bem-estar económico, social, psicológico e físico. A primeira amostra assenta na realidade de antigos funcionários da indústria metalúrgica com idade superior a 50 anos, em Braga. A investigação pretende ser aplicada a nível nacional.

Rita Borges é licenciada em Sociologia e mestre em Sociologia da Saúde, pela UMinho. Colaborou em projectos de investigação na área do envelhecimento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, e na Unidade de Investigação e Formação Avançada em Antropologia e Ciências da Educação, do Instituto Piaget. Foi assistente de investigação no Centro de Investigação em Ciências Sociais da UMinho e professora assistente da Escola Superior de Saúde Jean Piaget. Em 2010 iniciou o seu doutoramento na UM inho, numa colaboração com a Universidade de Oxford e enquanto investigadora associada do Institute of Psyquiatry do Kings College London, no Reino Unido.

Contactos

Rita Borges | E-mail: ritibone@hotmail.com

(Pub.Mai/2011)

Arquivo de 2011